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Estamos, a cada dia, sendo marcados por um progresso científico, tecnológico e político-social. Esse desenvolvimento, porém, parece esquecer que seu fim está na melhoria da vida humana. É dado, muitas vezes, mais excelência aos meios, aperfeiçoando-os progressivamente e esquecido o bem do homem como fim de toda ação social e científica.
O sociólogo alemão Max Weber afirmou que: “As sociedades modernas caminham no sentido de uma crescente racionalização e burocratização”. Isto é, complicamos o nosso modo de ser e agir e esquecemos nosso fim último que é a busca do bem próprio e comum.
Antes de subir aos céus, Jesus nos deixa uma ordem: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura!” (Mc 16, 15). Porém, após a sua ascensão, os discípulos que permanecem a olhar para o céu parecem esquecer do imperativo de Cristo de também não se apegar aos “tempos ou momentos” determinados pela Providência Divina. Queremos, quase sempre, delimitar e denominar realidades que sempre estão além de nossas capacidades.
Em nossas ações pastorais também nos apegamos a muitas coisas e esquecemos-nos do essencial que, nas palavras de Saint-Exupéry, “é invisível aos olhos”. Planejamos e desenvolvemos muitas atividades e esquecemos-nos do principal que é seguir e imitar Cristo.
Apegamos-nos a regras e esquecemos que elas são feitas para nos dar um caminho em direção à uma santidade, à Perfeição. Atrelamo-nos e discutimos excessivamente as doutrinas e perdemos o sinal de que elas nos direcionam para uma verdade muito maior. Quando assumo certas práticas e esqueço que elas devem somente manifestar um sentimento interior, estou desvirtuando-as, tornando-me como os fariseus.
Agimos e pensamos muitas coisas e esquecemos de que elas são somente meios relativos que nos levarão ao imperativo categórico, isto é, a ordem universal e necessária dada por Cristo do amor por Deus que se manifesta e é concretizado no amor-caridade ao próximo.
Buscamos muitas vezes conceituar idéias, delimitar ações e emitir julgamentos, esquecendo de uma humildade necessária para aquele que deseja seguir Jesus e, achando-se conhecedores do bem e do mal, deixamos de lado o próprio Deus, supremo e único Juiz que é justo, mas também misericordioso e amoroso.
Parece que esquecemos que somente Deus, como Suprema Perfeição, relativiza todas as coisas, Ele que “pôs tudo debaixo de seus pés e O constituiu [Cristo] acima de tudo” (Ef 1, 22). Somente Deus, em Jesus, é absoluto e primeiro, o resto é relativo e secundário. Segui-lo, portanto, é o que há de mais necessário e essencial em nossas vidas. Também, tudo que nos leva à Deus, em Jesus, também é essencial e necessário.
A promessa de que receberíamos o Espírito Santo e seríamos testemunhas do Cristo esclarece bem de que modo será a missão proposta pelo Senhor. Ser testemunhas da humildade, anúncio, sofrimento, morte e ressurreição de Jesus é segui-lo e imitá-lo, fazendo com que Ele esteja presente todos os dias em nossas vidas, “até a consumação dos séculos” (Mt 28, 20).
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[Artigo Publicado no Jornal "A Folha", da Diocese de Caicó, ANO XXI, Nº 157, 23/05/2009]
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