segunda-feira, 8 de junho de 2009

Deus é Pai

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Dentro de uma cultura pós-moderna, onde conceitos como subjetividade, individualidade e liberdade, em todos os seus aspectos, são valores cada vez mais confirmados pela sociedade, estão sendo perdidos outros essenciais que dão sentido e norte para as nossas vidas. Dentro desse ambiente, valores como a tradição, disciplina, ordem e regras são postos de lado em vista de um autoconhecimento, autovaloração e outras séries de práticas que tem em vista colocar o homem como centro de si mesmo. Ele torna-se senhor de sua própria vida.


O filósofo alemão chamado Friedrich Nietzsche (1844-1900), disse a espantosa frase de que “Deus morreu”. Todavia, não foi Nietzsche quem matou Deus, mas nós. O homem mata Deus toda vez que se acha conhecedor do bem e do mal, deixando-o de lado, negando-o. Se eu sou o senhor de minha vida, tenho todas as capacidades emocionais e cognitivas para administrá-la e tenho as habilidades de julgar tudo, não precisarei de ninguém que me ponha normas ou caminho para seguir. Eu sou Deus.


Ninguém melhor do que a própria história para nos lembrar dos grandes erros sociais que se deram em nome da razão e do desenvolvimento científico. Não podemos esquecer também das barbáries que aconteceram – e ainda acontecem – em nome de uma fé e de um deus, que podem ser tudo, menos Amor, Caridade, Justiça e Sabedoria. Tudo isso nos mostra que precisamos de referências para a nossa vida, de modelos e regras que nos apontem caminhos para as nossas ações.


Aos nos dar o Espírito Santo e Santificador, Deus nos chama para estarmos próximos dele. Como acrescenta São Paulo na carta aos romanos: “Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (8, 14). Ter Deus como Pai é saber que temos uma autoridade para obedecer, não como escravos, mas filhos e nas palavras do próprio Cristo, “amigos” (Jo 15, 15). É saber que suas palavras, não são regras opressoras, mas “espírito e vida” (Jo 6, 63). É o próprio Javé quem pede que guardemos suas leis e mandamentos “para que sejas feliz, tu e teus filhos depois de ti, e vivas longos anos sobre a terra” (Dt 4, 40).


Seguir, portanto, os mandamentos e caminhos de Deus é a garantia da vida feliz, que ele mesmo nos prometeu enviando, para isso, seu Espírito. É esse mesmo Espírito Santo que nos impele a ir anunciar (missão) o exemplo da Pessoa de Cristo, chamando todos à esse modelo de vida (discipulado), seguindo-o. É o Senhor mesmo quem nos convoca a unir todas as pessoas em volta dele (batismo) “ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28, 20). Jesus sim, é o mandamento, o modelo, o caminho vivo proposto pelo nosso Pai Supremo.


Vejamos o caminho dos santos. Eles que, sem facilidades e muito sacrifício, buscaram seguir os mandamentos do Senhor em sua diversidade de carismas e habilidades, tendo sempre o Cristo como maior modelo e via para se chegar ao Pai. Saibamos resgatar valores que levaram muitos à uma vida feliz, simples, mas santa. Consideremos a disciplina, normas e limites que existem em nossas comunidades, não como aquilo que barram a nossa liberdade, mas como propostas que nos dão luzes para o nosso caminhar, tão cheio de trevas pela nossa prepotência em querer saber e julgar tudo. Possamos com autoridade e coerência dizer: “Abbá, Pai!” (Rm 8, 17) e seguir, sob suas propostas e no seu Espírito, em direção ao Deus que é Suprema Perfeição.


[Artigo Publicado no Jornal "A Folha", da Diocese de Caicó, ANO XXI, Nº 159, 06/06/2009]

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