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o essencial
“Tudo será destruído” (Lc 21,6)
Diante dessa catástrofe
nas Filipinas que estamos acompanhando, dos seus inúmeros mortos e das consequências
devastadoras que um fenômeno como esse porta consigo, não há quem não faça uma
pergunta basilar: “Porque?”
Mais do que buscar responsabilizar
alguém por um evento como esse, ao lado de tantos outros fenômenos naturais,
históricos, políticos, econômicos e religiosos que também geram destruições e
mortes, devemos olhar para nós mesmos e considerar o quanto é frágil a nossa
vida e o quanto são limitadas as nossas ações.
Por mais que nossas
medidas de proteção, investimentos, prevenções nos deem alguma segurança, nada
se sustenta diante da dinâmica da vida e da história. Por mais que busquemos,
nunca poderemos dominar essa realidade, sendo um mistério, sempre fugirá das
nossas tentativas de controle.
Jesus, com um simples
gesto daqueles que admiravam a beleza do tempo, fez um grande e profundo discurso
sobre esse nosso defeito tão antigo quanto constante: colocamos muita confiança
naquilo que é humano, mais do que o necessário. Diante disso, a mensagem é
clara: “não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído”
(Lc 21,6).
Não podemos colocar a nossa alegria ou esperança em coisas que são passíveis
de destruição, que mais cedo ou mais tarde se corrompem. Do contrário, viveremos
sempre em uma contínua insatisfação. E, no fim de tudo, veremos que nossa existência
foi um contínuo gastar-se sem frutos, uma vida frustrada. Devemos aprender a
buscar o fundamental.
Por incrível que pareça,
nem mesmo esse caminho é fácil de ser perseguido. A começar por nossa própria
humanidade, que tende sempre a buscar aquilo que é mais fácil e prazeroso, que
recusa todo sacrifício e esforço. Seguido por um mundo que “objetiva” o mundo e
a vida e tenta nos vender tudo isso a um preço muito baixo.
É diante disso que
Jesus nos dá forças. Não precisaremos impor essa nossa opção. Por ser
fundamental, por si mesma ela, mais cedo ou mais tarde, se manifestará.
“Com a vossa
perseverança sereis salvos” (Lc 21,19). Somente quando optamos por aquilo que é
essencial, tudo se torna relativo, até mesmo a nossa própria vida. É somente nessa
constância de passo que podemos caminhar de forma firme, olhos fixos no fim que
buscamos, sem se deixar escandalizar por tudo o que acontece em nosso tempo.