Em uma cultura de tanta injustiça, corrupções variadas, violências e múltiplos desastres naturais, podemos fazer a justa pergunta: onde está o nosso Deus? Pessoas morrem de fome, enquanto poucos se beneficiam com a opressão desses, milhares morrem com uma desigual corrida pela riqueza. O que fazer diante de tudo isso?
A festa de Pentecostes é a memória de um Deus que se faz presente em nosso meio. Ele morre, mas deixa o seu Espírito para que todos também sigam os seus passos. A humildade, o serviço, a entrega, a morte e a glória da ressurreição são passos necessários para quem quer se conformar ao Espírito do Cristo Jesus.
Diante de vários sopros que o mundo lança: de morte, de injustiça, de violência, Cristo entra nessas realidades e apresenta o seu Espírito. Os discípulos temiam aquelas realidades e, mais do que isso, não sabiam mais o que fazer (cf. Jo 20, 19). Estavam fechados diante daqueles fatos.
Jesus Ressuscitado aparece mais uma vez aos seus amigos e mostra-lhes “a mão e o lado” (Jo 20, 20). Só podemos compreender o mistério da ressurreição quando sentimos essas realidades. A mão e o lado apresentam a realidade da cruz que se mostra como caminho necessário para compreender o Espírito do Deus Palavra.
É nessa mesma dinâmica que podemos compreender o Espírito “soprado” pelo Cristo glorificado: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20, 21). Fazer a vontade do Pai é o caminho para aqueles que querem assumir a Palavra de Deus.
Porém, esse caminho não é feito de qualquer forma, ele é assumido na dinamicidade do Espírito Santo de Deus. E a imagem compreendida pelo Apóstolo é a do Corpo que, apesar de múltiplo é apenas um. Afirma São Paulo: “[...] todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo” (1 Cor 12, 12).
Se queremos paz em nosso meio devemos construí-la por meio da comunhão apresentada pelo Espírito. Comunhão que se manifesta quando, apesar de nossas diversidades, nos pomos à serviço do outro com nossos dons pois “há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1 Cor 12, 4).
É este mesmo Espírito que nos faz compreender um mundo dinâmico, cheio de diversidades, mas possível de perfeição. Aprendendo com o que é positivo, mas também com o que é negativo, nós nos pomos à caminho e nos conformamos com aquele que soube construir a sua plenitude em um corpo múltiplo, material, biológico e social.
Aprendamos com Maria à conformar o nosso corpo à vontade do Pai. Ela, presente no cenáculo também recebera o Espírito Santo de Deus e, mais uma vez, deu um sim à presença de Jesus ressuscitado. Não houve mistério, Maria, mulher da Palavra soube, mais uma vez, ouvir, sentir, aceitar e atualizar o Verbo de Deus.
Com ela, nós aprendemos a compreender a realidade do Espírito que nos une nas diversidades e aponta para a perfeição que só se constrói olhando para a proposta da Cruz.
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