“E a Palavra se fez
carne” (Jo 1, 14)
A figura central do
Natal é essa: O Verbo se faz carne. A Palavra que era pronunciada no tempo
desde o início do mundo é plenificada em Jesus Cristo. O Verbo de Deus se faz
Homem e refaz uma humanidade que se encanta com outras e múltiplas palavras.
As luzes do Natal
tendem a esconder essa outra grande Luz que é acesa para nós. “Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a
todos ilumina” (Jo 1, 9). Jesus é luz que dá sentido a nossa realidade, nos faz
enxergar o mundo segundo à sua força. A iluminação que dele provém, nos ajuda a
compreender a realidade que nos envolve. Tudo ganha um novo sentido a partir
dessa nova Luz.
João aponta essa luz, “não era ele a luz, mas veio para dar testemunho
da luz” (Jo 1, 8). Em uma cultura de muitas palavras, João é voz que grita,
fala do deserto. De lá ele fala por que é sinal de um encontro com Deus que se
dá de forma diferente daquela que estamos acostumados. Um encontro pessoal, do
nada de nossas qualidades, da multiplicidade de nossas deficiências. Um
encontro que nos torna instrumentos da Palavra e da Luz.
“Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram” (Jo 1, 11).
Essa luz não foi reconhecida por que ainda queremos luzes e palavras que sejam
criadas e pronunciadas por nós. Não queremos ver a realidade que se abre para
os nossos olhos. Que realidade é essa? A Palavra se faz homem. Ela assume o seu
efeito desejado.
Aquela que deveria formar e levar a humanidade a um processo de salvação
faz-se humana. Ou seja, mostra, em si mesma e de forma objetiva a vontade de
Deus Pai. Por isso dizemos que é a sua Palavra pronunciada no tempo. De fato,
não podemos “ver” Deus, isso porque ele sempre foge aos nossos sentidos e
possibilidades de raciocínio. Podemos, porém, compreender o seu infinito amor
refletido no seu Verbo.
Olhemos para Maria, ela nos ensina a acolher essa Palavra definitiva do
Pai. Essa, não precisa ser argumentada, justificada ou esclarecida. Por ser Palavra
Viva e Eterna pronunciado no tempo, basta-se a si mesma. A sua compreensão não
é fácil, mas aquele “faça-se” é uma abertura a o mistério que sempre ultrapassa
as nossas categorias.
Assumamos em nossa vida essa dinâmica do Natal do Senhor. Sim, o Verbo
se faz carne, se faz homem, refaz o homem. Entra na história e apresenta para
ela a Palavra de Vida Eterna, palavra que ilumina a humanidade, esclarece o
caminho e aponta a o fim último de nossa existência: a comunhão eterna com Deus
Pai.
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