“Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é
necessário orar sempre
sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc18,1)
O
início da parábola proposta por Lucas já apresenta a chave de leitura para
compreender tudo o que segue. Nesse espaço textual vemos a necessidade da
oração como uma atividade contínua do homem que espera a justiça de Deus. Essa
esperança se realiza à luz da fé, que é a confiança de que Ele age no tempo
certo.
Somos
tão marcados por uma mentalidade consumista do mundo que corremos o risco de
transformar a nossa oração somente em momento de pedidos daquilo que nos falta.
Acabamos por esquecer que Deus age sempre além de nossas categorias e
inteligência. Ele atua no seu tempo e ao seu modo.
Por
outro lado, a oração como confiança em Deus, não nos faz seres passivos diante
da vida. Aquilo que está a nossa disposição deve ser buscado e aquilo que não,
pedido e entregue em suas mãos.
A
oração não funciona na lógica de estímulo-resposta, sim ou não, pedido-produto.
Mas é dinâmica de diálogo, é colocar-se diante de Deus e tentar compreender, à
luz de sua Providência, aquilo que se busca. Ao insistirmos em um pedido, o
compreendemos cada vez melhor, purificamos cada vez mais a nossa intenção. O
tempo nos ajuda a ser pacientes.
Devemos,
porém, estar certos de duas coisas: Deus sabe o que temos necessidade, mas nós
nem sempre conhecemos o que precisamos realmente, ou seja, aquilo que é
essencial para a nossa vida. É aqui que se confirma o poder medicinal da
oração, desde o primeiro pedido ela já se realiza. Ela nos ensina a paciência e
a esperança.
“Quando vier o Filho do Homem, acaso encontrará fé
sobre a terra?” (Lc 18,8). A resposta? Não. Não haverá mais fé sobre a terra
porque toda a esperança se realiza em Cristo. Ele é a concretização de tudo
aquilo que buscamos. Nele se cumpre a plenitude de nossa humanidade.
A própria oração, com ele, torna-se objetiva. Ela
não é instrumento para convencer Deus a realizar algo, mas é um colocar-se
diante dele para descobrir o que temos necessidade. E agir com nossas próprias
forças, caminhar com nossas próprias pernas, animado por nossa própria vontade.
A única diferença é que esse caminho é indicado por ele, iluminado nele e
converge para ele.
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