quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O arriscar-se divino



O arriscar-se divino

“E o Verbo se fez carne...” (Jo 1,14)
 
Contemplemos o presépio. Vejamos nele não o simples o fato que Deus nasce em uma situação de simplicidade ou pobreza, mas que esse menino, colocado em uma manjedoura, é Deus. Ele é projeto de uma vida nova, de uma esperança viva e de um amor pleno.
Mesmo se fossemos capazes de dar todas as nossas riquezas para que aquela criança nascesse em uma situação humanamente digna o fato não mudaria: Ela é Deus. E é diante desse mistério que devemos nos curvar.
O projeto de Salvação da humanidade assume uma via de risco quando se inicia em um pequeno embrião e assume todo o percurso de construção de uma vida. Deus ousa quando se faz presente em na fragilidade de um feto e passa pelos perigos de um nascimento.
Todo amor comporta risco. Imaginemos a situação de Maria e José. Os dois, de forma diversa, assumiram um risco diante do projeto que estava diante deles. Eles assumiram esse perigo porque confiaram na Promessa. Eles ousaram acreditar na Aliança que Deus tinha realizado àqueles que os antecederam.
Deus mesmo arrisca a sua divindade quando decide cumprir o seu plano de salvação fazendo-se ele mesmo homem. A redenção humana inicia-se quando Ele toca essa realidade e a transforma. Ele revela o seu amor quando se doa, quando entrega-se e arrisca-se.
Essa ousadia aumenta quando tudo isso é colocado diante de um homem livre que pode dizer um simples e destruidor “não”. Essa é a grandeza, a riqueza e a complexidade do amor que realizou Deus ao assumir a nossa carne. Um risco não só essencial, mas também o humano de não ser aceito, de não ser correspondido, sendo rejeitado ou negado.
Como não corresponder a esse amor? Como não colocar-se diante dessa criança e adorá-la? Como não ver nela o germe de uma redenção, a potencialidade de uma nova vida, a eficácia de uma esperança que transforma o nosso modo de ver e agir sobre o mundo?
Dentro de cada um de nós nasce essa criança. Ela, como todas as outras, assume um risco. A sua vida está dependente de nossos cuidados, de como a alimentamos e a protegemos. Dentro dela é presente o projeto de uma vida nova que se revela como mistério de amor. Amor que ousa diante do outro e aguarda o seu sim livre e integral.


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