Revestir-se
de luz
“Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá
o Senhor”
(Mt 24,42)
“Estai também vós preparados porque o Filho do
Homem virá numa hora em que menos pensardes” (Mt 24,44). Essa vinda iminente de
Jesus Cristo nos coloca em um estado de tensão contínua. Não uma tensão
negativa, de medo ou fuga diante daquele que vem, mas de uma esperança alegre
por saber que ele é a nossa paz.
Surge
aqui a imagem da sentinela. Ele não age somente na situação de perigo, mas a
antecipa, a previne. Ele evita que o momento esperado lhe pegue de surpresa.
Quando vê que determinada situação está prestes a acontecer, ele se prepara.
Mesmo com uma visão não tão clara do que está distante, sabe que tudo é motivo
de atenção.
“Já é hora de despertardes do sono” (Rm 13,11). A primeira
condição necessária para que ele vigie é que esteja acordado. Ele não pode
acomodar-se nos momentos de paz, é preciso acumular forças para o momento que essas
sejam exigidas, mesmo que no momento esse acúmulo pareça inútil ou vazio.
“Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos
das armas da luz” (Rm 13,12). Para estar acordado e em constante atenção é
preciso luz. É preciso ser prudente, sabendo analisar tudo o que nos rodeia,
não deixando nada às escuras. Revestir-se de luz significa ser capaz de
iluminar e enxergar todas as coisas com uma claridade que nasce de nossa
transparência e clareza de ser e agir, do contrário, em alguma parte haverá
sombra.
“Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,14).
Essa luz, mesmo nascendo em nós, não nos pertence como causa, porque não a
criamos. Ela é reflexo de uma conformação de vida a alguém que é, em sua origem
e fundamento, Luz dos Homens. Ele ilumina toda a nossa humanidade porque nos
mostra o fim de nossa existência para o qual fomos criados.
“Casa de Jacó, vinde, caminhemos à luz do Senhor”
(Is 2,5). Caminhar em direção a Cristo é
seguir conforme a sua vida. Ele como luz, ilumina tudo o que está ao seu redor. Suas obras não são
egoístas, feitas na escuridão, como para si mesmo. Elas manifestam o projeto de
um Deus que busca a felicidade do homem, não a sua negação.
Viver, portanto, o Advento do Senhor, significa
antes de tudo esperar a sua chegada. Essa não significa um simples olhar ideal
para o futuro, mas se realiza no hoje de nossas ações. Esse presente contínuo
nos faz viver a alegria de uma vida clara e transparente, sem medos ou
angústias por um futuro que é sempre mistério, mas que no hoje recebe o seu
fundamento.
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