quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

É preciso renascer

“Uma virgem conceberá e dará à luz um filho”

Diante de um novo ano que se inicia, que promessas estamos fazendo? As mesmas ou outras? Estamos refazendo aquelas velhas propostas ou já as superamos e buscamos outras que nos fazem crescer? Estamos olhando para o novo ano como ano de possibilidades ou mais um que se inicia?
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Todo reinício nos dá a possibilidade de uma nova postura, de desenvolver um novo olhar, de renovar a si mesmo para viver melhor. Não é a repetição de um mesmo conjunto de ações, mas a abertura ao mistério do novo, ao mistério que a novidade traz em si
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A imagem da encarnação do menino Deus que é gerado no seio de uma virgem nos lança para a compreensão de que nem todos os atos podem corresponder às nossas expectativas. O nosso modo de ver e entender o mundo não pode ser permanentemente o mesmo: é preciso mudar.
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Isaías já prenuncia: “Saibam que Javé lhes dará um sinal: A jovem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará pelo nome de Emanuel” (Is 7, 14). Deus é realidade dinâmica e está em constante manifestação. Ele não entra em nossas categorias ou sistematizações, nas nossas imagens de mundo ou tentativas de explicação, mas sempre está nascer onde menos esperamos. Sim, uma virgem conceberá.
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Nesse sentido, não é o homem que gera Deus e o cria à sua imagem e semelhança. Deus gera-se a si mesmo e manifesta aos homens o mistério de sua novidade: todo nascimento é possibilidade de crescimento e, portanto, transformação.
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Mesmo não gerando, o homem é chamado a dar nome a essa nova realidade (cf. Mt 1, 21), e o nome dela é caminho de salvação, Deus está conosco e nos quer juntos de si. Ele quer que o homem se afaste de todos os vícios e de suas conseqüências e busque o bem.
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A figura da criança divina que nasce em nossa humanidade, nos faz ter a esperança em um novo mundo. Deus se faz presente e mostra ao homem que sua humanidade é possível de salvação. Para isso, basta que ele olhe para essa criança com abertura, disposto a acolher a novidade que ela traz consigo.
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Não podemos continuar as nossas antigas práticas de categorização das pessoas e das coisas, ou seja, de pré-definição do que é certo ou errado, bom ou ruim, válido ou inválido, moral ou imoral. É preciso abrir-se à realidade de que todo novo é mistério a ser desvendado, descoberto gradativamente, mas não pré-definido ou pré-conceituado.
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José apresenta para nós a idéia do homem que soube abrir-se a essa novidade trazida por Deus. Como indivíduo de seu tempo, ele poderia justamente condenar Maria por adultério. Mas ele soube ouvir a voz de Deus que demonstrava que aquele fato era a manifestação do seu Espírito que tinha planos de salvação para a humanidade, e tais planos não poderia partir dos homens.
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Maria também soube estar disponível ao mistério da providência divina. Ela só pôde ser via perfeita para a encarnação de Jesus por que “não conhecia homem algum” (Lc 1, 34), por que sabia, em seu íntimo, que nenhum homem poderia fazer tal prodígio.
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Que nós também, a exemplo da família de Nazaré, possamos estar dispostos a renascer para uma nova proposta de salvação que encontra no menino Jesus a sua plenitude. Ao nascer em um local simples e de forma inusitada nos é apresentado um caminho de abertura a toda novidade que vem até nós, que nasce à nossa frente.
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Essa novidade nos ensina a dinamicidade de um Deus que se faz presente e quer que nos abramos ao seu projeto de salvação. Esse se concretiza no mistério do novo que, constantemente, nasce, cresce e ilumina nossa humanidade. Com isso, passamos a olhar, não para o que deixamos de fazer, mas para as nossas esperanças, para o menino que estamos gerando a cada sonho e a cada novo modo de ver o mundo.

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