“Se
alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo,
tome cada dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9,23)
Vemos gerar no Brasil uma
dinâmica por uma nova nação. Uma ação que poderíamos comparar ao movimento “Cara
pintada”, evidentemente com um diverso contexto político e cultural. Uma
verdadeira revolução por parte do povo em busca direitos fundamentais que lhe são
negados e, não suportando, vai à procura do que é seu.
Entretanto, vemos surgir
um choque entre Povo e Estado. De um
lado vemos alguns que, não sabendo pelo que lutam, lutam contra tudo e, não
sabendo como lutar, agem como se não pensassem. De outro vemos um Estado que, não
acostumado a ser questionado, mas com o dever de zelar pela ordem pública se
faz “povo” e entra em uma batalha linear. Nesse momento desaparece a luta por
direito e surge uma guerra de interesses.
Mas o que realmente o
povo busca? “Direitos”, “Educação”, “Justiça”, “Paz”... Palavras que dizem
tudo, mas ao menos tempo correm o risco de não significarem nada porque perdem
a sua profundidade e esvaziando-se de sentido quando não concretizadas.
Os que buscam uma
educação de qualidade correspondem às mínimas exigências que lhes são
oferecidas em seu ambiente de estudo? Os que lutam respeito são tolerantes com
aqueles que não pensam e não agem da mesma forma que eles? Os que pedem justiça
procuram pensar e escolher homens sábios preocupados com o bem público e os
direitos humanos? No caso afirmativo, já iniciamos a revolução que temos
necessidade.
Logo após que Jesus
apresenta a sua vitória sobre o mal, sobre a injustiça e sobre a morte ele
acrescenta: “Se alguém quer vir após
mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me”
(Lc 9,23). Ou seja, nenhuma vitória é gratuita, se realiza com o “mínimo necessário”.
Ela precisa ser abraçada, concretizada, construída com a nossa vida, com a
nossa luta, com os nossos sacrifícios cotidianos.
Sim, precisamos de uma
revolução, mas como iniciar esse caminho? “É necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas, seja rejeitado
pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas. É necessário
que seja levado à morte e que ressuscite ao terceiro dia”
(Lc 9,22). É necessário aprender a lutar de uma forma muito mais concreta e
efetiva, com a entrega cotidiana nossa vida.
Essa entrega se
concretiza no esforço por uma educação de qualidade, no respeito àquele que está
ao meu lado e não pensa ou não age igual a mim. Na reflexão e eleição de homens
que lutam pelos verdadeiros direitos humanos e pela efetiva justiça social.
Nesse sentido, podemos
acompanhar o raciocínio de São Paulo: “Já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher”,
não há governo ou cidadão, estudante ou professor, polícia ou manifestante... “pois todos vós sois um em Cristo Jesus”
(Gl 3,28). Todos nós, mesmo inconsciente, buscamos a mesma felicidade de vida,
só que em funções diversas. Mas essa se constrói da mesma forma para todos. É nos
pequenos sacrifícios cotidiano de nossas vidas que se concretiza a grande
revolução...
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