“Tomai,
isto é meu corpo” (Mc 14, 22)
Celebrar a Festa do
Corpo do Senhor é renovar a promessa de uma aliança realizada entre Deus e os
homens. Promessa iniciada pelos sacrifícios da antiga aliança e cumprida
definitivamente pelo sacrifício de Cristo, entregue por nós. Esse sangue nos
une a Deus e nos torna participantes de sua divindade, por meio de Cristo, sumo
e eterno sacerdote.
“Esse é o Sangue da
aliança que o Senhor fez conosco, através de todas essas palavras” (Ex 24, 8). Moisés
conclui a aliança entre Deus e o homem com a aspersão do sangue sobre o povo e
a lei. Sangue significa vida. Esse, derramado sobre o povo, implica a união
vital que há entre Deus e os homens. A nossa fidelidade à Ele é princípio de
vida, vida eterna. Implica-nos nesse pacto, gera em nós uma resposta necessária
ao autor de nossa história.
O vínculo dessa aliança
é a lei, a Palavra que gera no homem uma postura de escuta confiante em Deus.
Temos uma dívida, uma vida que, por si mesma, não se sustenta, mas que precisa
de uma fonte, um norte, um alimento. A Palavra de Deus torna-se, nesse sentido,
sustento e fonte de Vida, luz para a nossa caminhada.
Cristo é a plenitude
dessa aliança por que realiza, ao mesmo tempo, o novo e eterno pacto entre Deus
e os homens. A novidade é que ele é a Lei e o Cordeiro, é dele o sangue que
jorra e define o novo princípio de vida para os homens. Ele é, nas Palavras de
Paulo, o “Sumo e eterno Sacerdote” (Hb 9, 12). Ele é “mediador de uma nova
aliança”. Nova e eterna: Nova por que resgata e aperfeiçoa a antiga, eterna,
porque única, plena e divina.
Hoje, é Jesus quem nos
pergunta: “Onde está a sala em que posso comer a ceia pascal com os meus
discípulos?” (Mc 14, 14). Estamos abertos à esse novo banquete que tem Cristo
alimento definitivo de nossas vidas? A Eucaristia, memorial eterno de sua
aliança com os homens, abre-nos novamente ao caminho rumo aos céus.
Ela é alimento de vida
eterna porque sustenta o homem, o sustenta por que dá sentido, gera no homem o
desejo de conformar-se à Cristo, Filho de Deus.
Tomemos posse dessa
nova e eterna aliança. Participemos desse pão que nos implica também no
compromisso de nos fazer pão. Fazendo-se alimento, somos chamados a nos partir,
a ser fonte de vida para que outros a tenham. Vivamos esse novo e definitivo
pacto de vida, não mais com sangue alheio, mas com a implicação de nossa
própria existência e favor uma humanidade que, constantemente, se fere e perde
o sangue por não ter o Pão da Vida.
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