segunda-feira, 11 de junho de 2012

O novo pacto


“Tomai, isto é meu corpo” (Mc 14, 22)

Celebrar a Festa do Corpo do Senhor é renovar a promessa de uma aliança realizada entre Deus e os homens. Promessa iniciada pelos sacrifícios da antiga aliança e cumprida definitivamente pelo sacrifício de Cristo, entregue por nós. Esse sangue nos une a Deus e nos torna participantes de sua divindade, por meio de Cristo, sumo e eterno sacerdote.
“Esse é o Sangue da aliança que o Senhor fez conosco, através de todas essas palavras” (Ex 24, 8). Moisés conclui a aliança entre Deus e o homem com a aspersão do sangue sobre o povo e a lei. Sangue significa vida. Esse, derramado sobre o povo, implica a união vital que há entre Deus e os homens. A nossa fidelidade à Ele é princípio de vida, vida eterna. Implica-nos nesse pacto, gera em nós uma resposta necessária ao autor de nossa história.
O vínculo dessa aliança é a lei, a Palavra que gera no homem uma postura de escuta confiante em Deus. Temos uma dívida, uma vida que, por si mesma, não se sustenta, mas que precisa de uma fonte, um norte, um alimento. A Palavra de Deus torna-se, nesse sentido, sustento e fonte de Vida, luz para a nossa caminhada.
Cristo é a plenitude dessa aliança por que realiza, ao mesmo tempo, o novo e eterno pacto entre Deus e os homens. A novidade é que ele é a Lei e o Cordeiro, é dele o sangue que jorra e define o novo princípio de vida para os homens. Ele é, nas Palavras de Paulo, o “Sumo e eterno Sacerdote” (Hb 9, 12). Ele é “mediador de uma nova aliança”. Nova e eterna: Nova por que resgata e aperfeiçoa a antiga, eterna, porque única, plena e divina.
Hoje, é Jesus quem nos pergunta: “Onde está a sala em que posso comer a ceia pascal com os meus discípulos?” (Mc 14, 14). Estamos abertos à esse novo banquete que tem Cristo alimento definitivo de nossas vidas? A Eucaristia, memorial eterno de sua aliança com os homens, abre-nos novamente ao caminho rumo aos céus.
Ela é alimento de vida eterna porque sustenta o homem, o sustenta por que dá sentido, gera no homem o desejo de conformar-se à Cristo, Filho de Deus.

Tomemos posse dessa nova e eterna aliança. Participemos desse pão que nos implica também no compromisso de nos fazer pão. Fazendo-se alimento, somos chamados a nos partir, a ser fonte de vida para que outros a tenham. Vivamos esse novo e definitivo pacto de vida, não mais com sangue alheio, mas com a implicação de nossa própria existência e favor uma humanidade que, constantemente, se fere e perde o sangue por não ter o Pão da Vida.

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