“E
eis que estarei com vocês até o fim do mundo” (Mt 28, 20)
Celebrar a festa da
Santíssima Trindade é professar um dado fundamental de nossa fé: nosso Deus é
vivo, dinâmico, presente em nossa vida, constante em nossa história. “O Senhor
é Deus lá nos céus e aqui sobre a terra: não há outro” (Dt 4, 39), já
preanuncia Moisés, sem nem mesmo conhecer plenamente a Trindade.
Essa mesma lei que
Moisés pregava ao povo é o primeiro sinal de uma aliança que Deus faz com os
homens, um pacto de amor que desde a criação define a sua fidelidade. Esse
amor, que é sempre presente na humanidade, na plenitude dos tempos faz-se
carne. A palavra de Deus que sustentava a criação, pela qual pela qual foi
criada todas as coisas, assume a nossa humanidade.
Jesus Cristo, Verbo
Eterno de Deus, gerado eternamente no seio do Pai, reflete a dinâmica de um
Deus que não se fecha em si. Mas dentro de si gera vida, ama e reflete esse
amor quando cria, sustenta e governa o mundo. “A mim foi dado todo poder, no
céu e sobre a terra” (Mt 28, 18). Sim, ele é o princípio e o fim de todas as
coisas, por meio do qual, tudo ganha luz, sentido e vida.
É dessa geração eterna
do Filho pelo Pai, que procede o Espírito Santo. Ele manifesta esse amor,
reflete essa dinâmica, mostra a unidade que há entre um Deus que, sendo uno,
manifestar-se em três. Esse Espírito dá sentido a toda manifestação de Deus na
história, encerra toda a revelação e leva-nos a compreensão plena desse
mistério.
É nesse sentido que
Paulo nos acena: “Todos aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus, são
filhos de Deus” (Rm 8, 14). Manifestando a plena união do Pai com o Filho, esse
Espírito nos torna também participante dessa vida divina. Por Cristo nos
tornamos filhos adotivos de Deus. Essa adoção realizada por Deus, em Jesus, nos
faz participantes de sua comunhão, como afirma o Apóstolo: “Somos coerdeiros de
Cristo, se verdadeiramente tomamos parte dos seus sofrimentos para participar
também de sua glória” (Rm 8, 17).
Olhemos para Maria e
vejamos nela o exemplo daquela que por primeiro experimentou a dinâmica da
Trindade em sua vida. Ela recebeu a promessa do Pai de gerar em seu ventre o
Filho do Altíssimo. Essa promessa, entretanto, só foi cumprida na dinâmica do
Espírito de Deus que eternamente gerava, mas que havia a necessidade de um
coração aberto livre para tornar esse amor presente e vivo em nossa humanidade.
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