03 de fevereiro de 2013
“Não
é este o filho de José?” (Lc 4, 22)
Por que Jesus não
realiza os mesmos milagres em sua própria terra? Por que os seus não o
aceitaram ou tinham muita dificuldade em compreender a sua novidade? Por que é
tão difícil entender que o mistério de Deus se revela plenamente em Jesus
Cristo?
Talvez a resposta
esteja na própria pergunta daqueles que se admiravam das ações de Jesus: “Não é
este o filho de José?”. Como pode um homem simples salvar a nossa terra e o
nosso povo? Como entender que de uma simples família humana venha a salvação de
Israel?
Eis o nosso grande
empecilho. Queremos uma salvação extraordinária, distante de nossa história,
isenta de nossa própria contribuição. Buscamos um Deus que nos sirva, que seja
modelado à nossa Imagem e semelhança, ao nosso querer.
A vocação de Jeremias
enfatiza essa nossa mesma objeção: Como podemos realizar obras que pertencem
somente à Deus? Eis a resposta do Senhor: “Eis que coloco minhas palavras nos
teus lábios” (1, 7) e acrescenta: “Dou-te hoje poder sobre as nações e sobre os reinos para arrancares e
demolires, para arruinares e destruíres, para edificares e plantares”. Não
agimos por nós mesmos, como Filhos de Deus, agimos em seu nome, segundo o seu projeto,
mediante a sua ordem.
Na primeira Carta aos
Coríntios, São Paulo fala sobre a excelência da Caridade, que está acima de
todas as habilidades humanas (cf. 1Cor 13, 1ss). Ela, mais do que uma boa ação,
é a manifestação de tudo aquilo que temos de bom em nosso íntimo. Toda a
ciência e sabedoria humana encontram a sua maior expressão na caridade. É ela
que nos possibilita manifestar tudo aquilo que realmente temos e somos.
Como ainda querer negar essa historicidade da salvação que encontra em
Cristo a sua plenitude? Nele concentram-se todas as profecias, por ele é
anunciada a plenitude da salvação, no mistério da cruz vemos cumprida toda a
obra redentora de Deus. Essa é a expressão maior da caridade humana: uma força
que salva, liberta e redime pelo mistério do amor.
Não nos isentemos dessa obra salvífica. Como filhos de Deus, somos
chamados a configurar-se àquele Jesus de Nazaré, o Filho de José. Ele que por
sua natureza humana, abraçando toda a história, soube mostrar ao homem que a
vida plena começa no hoje de nosso “sim” ao projeto Divino.
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