“Este
é o meu filho amado, escutai-o” (Mc 9, 7)
Em um mundo de tantos
problemas, da irresponsabilidade humana diante da necessidade do outro nos
questionamos: há sentido para tudo isso? Há sentido em participar de uma
existência cheia de falhas, deficiências e dificuldades?
Jesus, nessa mesma
perspectiva, mostra aos seus discípulos o projeto de Deus para o homem. Ele
leva consigo aqueles que ele ama, sobe com eles a um lugar retirado o mostra a
face do homem querido por Deus: um corpo totalmente puro. A vida humana só tem
um sentido se vai nessa direção, uma elevação que nos porta à pureza de corpo e
alma.
“Apareceram-lhes Elias
e Moisés, conversando com Jesus” (Mc 9, 4). Cristo é a síntese desse projeto.
Nele está contida a Lei e os Profetas. Ele é o sinal da plena aliança entre
Deus e os homens, aquilo que verdadeiramente nos liga ao nosso Pai do Céu,
definindo o caminho para tal percurso. Ele é o produto de todas as profecias, a
promessa de redenção humana encontra nele o seu cumprimento.
Os discípulos, porém,
estavam confusos diante daquele fato. Queriam permanecer naquele estado de
glória, não sabendo que aquilo era apenas a demonstração do fim que todos
deveriam chegar. Porém, para que isso ocorresse, era preciso verdadeiramente
seguir os seus passos...
“Este é o meu filho
amado, escutai-o” (Mc 9, 7). É o próprio Deus quem confirma essa realidade.
Cristo é a plenitude da Revelação que contém, em si mesmo, o mistério divino e
o projeto salvífico de Deus. Em Jesus, encontramos a síntese do homem ideal,
pensado no início da criação, aquele que faz a vontade do Pai.
Porém, tudo isso só faz
sentido à luz da ressurreição, à luz do mistério da paixão e morte de Cristo. A
transfiguração é a antecipação de um projeto a ser realizado após a páscoa de
Jesus, depois do mistério da redenção humana, porém, ela só faz sentido quando
tudo é cumprido.
Saibamos entrar da
dinâmica da quaresma. Que os exercícios penitenciais que ela nos apresenta nos
ajude a modelar e purificar o nosso coração das obras mortas do pecado. Que a
cruz que somos chamados a carregar não seja um mal, mas um instrumento de minha
conformação ao Cristo. Que por meio dela possamos construir, em nossas vidas,
um homem verdadeiramente transfigurado, à imagem e semelhança de Deus.
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