“Não
façais da casa de meu Pai um mercado” (Jo 2, 16)
O tempo da quaresma nos
faz experimentar a nossa humanidade, a fragilidade de nossa natureza e a sua necessidade
de algo que a preencha. O jejum que mostra que o homem não está isolado, a
esmola que nos abre para o outro e a oração que nos dá o verdadeiro alimento e
sentido para as nossas vidas nos fazem verdadeiros templos vivos de Deus.
Jesus, ao expulsar os
vendedores do Templo, mostra-nos que o verdadeiro e perfeito encontro com Deus
só ocorre quando é de forma integral. “Tirai essas coisas daqui” (Jo 2, 16).
Para que haja uma real comunhão com Deus, precisamos tirar de nosso caminho
tudo aquilo que nos impede de comunicar-se com ele. Todas as coisas que sujam,
deformam, retiram a beleza desse templo devem ser realmente expulsas desse
espaço.
“Destruí este templo e
em três dias eu o reerguerei” (Jo 2, 19). Sim, Cristo é o templo vivo de Deus
entre nós, a partir dele a nossa humanidade se abre definitivamente para que
Deus venha novamente habitar e caminhar conosco, como era com nossos primeiros
pais. A morte do homem velho e do pecado que o preenchia abre espaço para um homem
novo, que habita Deus e o reflete para todos.
“Ele sabia o que havia
no homem” (Jo 2, 25). Cristo, experimentando a nossa humanidade nos conhece,
sabe de todas as coisas que podem nos afastar dele. Por isso ele luta para que
nossa vida não seja espaço onde habita o mal, mas Templo onde Deus é o centro e
o ápice. Ele sabe que os desejos íntimos e rumores externos confundem a nossa
cabeça e nos fazem esquecer nosso projeto último.
“Não façais da casa de
meu Pai um mercado” (Jo 2, 16). Não deixemos que nossa existência seja vendida
a preço baixo, não deixemos que ela seja trocada por qualquer coisa, ela vale
muito mais do que imaginamos. Qual o seu preço? O sangue do filho de Deus
derramado na cruz. Deixemos de profanar esse templo, dediquemo-lo ao Senhor,
sempre é tempo.
Olhemos para Maria e
vejamos nela o exemplo singular daquela que fez de sua própria vida, um espaço
vivo no qual Deus vem habitar. Fazendo-se instrumento do projeto salvífico ela
nos aponta para o próprio Cristo, Filho amado de Deus. Com Maria, aprendemos a
manter sempre limpo esse espaço que não nos pertence, e que nos é dado para que
Deus possa vir e habitar plenamente, vivo em nossa existência, presente em
nossa história.
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