“Quem
pratica a verdade se aproxima da luz”(Jo 3, 21)
Em uma realidade do
mais fácil, cômodo, prazeroso, o sinal da cruz continua a ser motivo de
escândalo, loucura e contradição. Escândalo por imaginar que o próprio Deus
entra na nossa humanidade e doa-se por ela. Loucura por que o projeto foge às
nossas concepções, vai além e nossas categorias e transforma-se em contradição,
visto que a vitória é conquistada com a morte do vencedor. Morte, porém, que se
transforma em vida.
Jesus, no diálogo com
Nicodemos apresenta-lhe essa realidade. Retomando o Antigo Testamento, Ele
mostra como a serpente foi um sinal de vida. Como a dor humana poderia ser
motivo de salvação. Quando ela é levantada sobre as nossas cabeças, quando a
contemplamos e vemos nela uma experiência de crescimento, a vida começa a
ganhar um novo sentido.
O próprio Jesus
apresenta-se como esse grande sinal de vida plena. É no alto da cruz que ele
manifesta à humanidade o projeto de amor do Pai. Ele nos salva não
castigando-nos ou nos punindo pelos nossos erros, mas nos mostrando o plano de
Deus: um homem que redime com o próprio sangue, com a própria luta, com a
vitória do próprio sacrifício.
É nesse sentido que a
Verdade da cruz é sinal de vida, é luz que dá novo sentido à nossa realidade.
Como luz, ela ilumina que está perto de si, mostra a verdade de tudo o que a
ela se aproxima. As coisas, ações ou pensamentos que se distanciam da realidade
da cruz entram na escuridão, perdem o seu sentido de ser, a sua compreensão
ultima.
“A luz veio para o
mundo, mas as pessoas amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras
eram más” (Jo 3, 19). Amamos as trevas porque queremos construir a nossa
verdade, queremos a nossa realidade. Sendo a verdade algo que não pode ser
modelada, entramos na escuridão do nosso egoísmo. Escuridão que nos cega à tudo
que nos envolve por que nos faz perder o rumo de nossa vida.
Que nessa quaresma,
aprendamos a entrar na dinâmica da Cruz, como fonte de Verdade e Luz para a
nossa caminhada. Ela, não apresenta apenas morte, mas aponta para um mundo que
vai além do nosso, aquele projetado por Deus para o homem.
Saibamos fugir de todos
os discursos vazios da facilidade, do prazer, do comodismo e olhemos para a
Cruz como esse sinal que dá novo sentido e rumo às nossas ações. Pratiquemos a
verdade da Cruz: ela mostra-nos um projeto que não fracassa, pois é Divino, uma
morte que não é fim, mas começo de vida nova.
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