“Foi
para isso que eu vim...” (Mc 1, 38)
Jesus Cristo é a
Palavra revelada pelo Pai. Essa Revelação ocorre por que Deus quer realizar o
seu plano de Salvação para os homens. Esse gesto quebra e justifica as
conseqüências do nosso pecado, que é, acima de tudo, uma negação à Deus. Essa
pedagogia da revelação nos ensina que não somos os autores de nossa salvação.
Somos colaboradores, instrumentos de uma vida nova.
O orgulho humano é um
movimento de negação de uma autoridade ou uma palavra externa em relação a nós.
Julgamo-nos portadores da verdade. Quem possui pensamentos contrários aos
nossos, sempre está errado. Nas palavras do sábio cantor, Chico Buarque:
“Narciso acha feio o que não é espelho”.
Cristo, no evangelho
assume a sua figura sacerdotal. Ele é instrumento de uma salvação que provém do
Pai. Ele não vem para ser o centro das atenções, e foge quando isso lhe é
oferecido. “Vamos a outros lugares, nas aldeias das redondezas, afim de que, lá
também, eu proclame a Boa Nova. Pois foi para isso que eu vim” (Mc 1, 38). Sua
comunhão é com o Pai do Céu, que lhe deu a Missão de mostrar ao mundo a notícia
da presença do Reino de Deus.
Porém, só poderemos
compreender essa realidade se nos fizermos pontes para Deus, se aprendemos a
entrar na “instrumentalidade” da nossa humanidade que deve ser reflexo do ato
criador. Essa pedagogia foi compreendida por Jó. “Lembra-te de que minha vida é
apenas vento” (Jó 7, 7). No sofrimento de sua vida, ele soube compreender a
limitação da humanidade, de quanto ela era frágil para querer ser orgulhosa
diante de Deus.
Movimento positivo é o
realizado por São Paulo: “Assim, livre em relação a todos, eu me tornei servo
de todos” (1 Cor 9, 19). O anúncio do Evangelho, para ele, era fruto de uma
liberdade, uma obrigação que ele mesmo se impunha, pois sabia que
individualmente, não seria capaz de construir uma Palavra de Vida. Ele se fez
ponte e anunciava a salvação que vem do Alto.
Diante de uma
humanidade prepotente em seu conhecimento, no grande poderio econômico ou em
sua tecnologia super-avançada, olhemos para Maria. No silêncio de sua vida e na
simplicidade de sua entrega, ela se fez instrumento, ponte no mistério
salvífico de Deus. Não por meio de suas obras, mas por que soube se fazer
instrumento de e para uma Vida Plena.
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