Levanta-te, pega a tua maca e vai
para casa (Mc 2, 11)
No
Evangelho Cristo, cura o paralítico por meio de sua fé. Ele exerce o seu poder
divino de reconstituir todo aquele que busca uma vida nova, não se elevando
sobre os outros, mas baixando-se até o centro da própria humanidade. Essa cura,
entretanto, ocorre primeiro no interior de um homem ferido pelo pecado. Só
depois ela se entende, só em comunhão plena com Deus, o homem pode voltar ao
convívio verdadeiro consigo e com o próximo.
Deus
é aquele que tem o poder de restaurar uma humanidade ferida e marcada pelo
pecado e pelas dores que lhe são conseqüências. “Não deveis
ficar lembrando as coisas de outrora, nem é preciso ter saudades das coisas do
passado. Eu
sou aquele que apaga as tuas maldades, por causa de mim mesmo, de teus pecados
nunca mais me lembrarei” (Is 43, 18.25). O homem novo é aquele que lança o seu
olhar para frente, para o futuro. Ele, em pé, toma consciência de suas
limitações, sabe que elas caminha consigo, mas não se esquece de prosseguir o
seu percurso.
São
Paulo nos apresenta Cristo como “sim” do Pai (cf. 2Cor 1,19). Jesus é a
afirmação do projeto de Deus iniciado na criação do mundo. Sendo o homem o
centro daquele ato divino, a restauração da humanidade é o ápice da Encarnação.
Ao pronunciar o seu Verbo no mundo, Deus Pai reafirma o valor da humanidade,
não obstante as suas limitações. É por meio dele que nós pronunciamos o nosso
“amém”. Confirmamos a nossa vida nesse caminho de encontro consigo mesmo, por
meio de uma humanidade em conformidade com o plano divino, ou seja, a caminho
da santidade.
Ouçamos
a voz de Cristo que restaura, com o poder de sua Palavra, a humanidade que se
fere e se deforma com o mal assumido. Essa cura não anula o mal em nossas
vidas. Pelo contrário, nos ensina a “pegá-lo” com as mãos, carregá-lo, não
deixando que ele nos domine. A partir disso, ele nos ensina a voltar para o
convívio daqueles que nos amas, nos torna dignos de habitar na casa do Pai.
Maria
é a grande colaboradora na obra da redenção humana. O seu “sim”, tornou
presente e real o “Sim” de Deus Pai. Só a partir desse encontro, é que a
humanidade pode olhar para si mesma com um novo olhar. Só assim, podemos dar,
verdadeiramente, o nosso “amém”. Acreditando que é possível ver, com o olhar de
Cristo um novo homem.
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