“Eu
quero, fica purificado” (Mc 1, 41)
O encontro de Jesus com
o leproso sintetiza e projeta a proposta de salvação revelada na encarnação do
Verbo. Diante do pecado que deforma, isola e exclui o homem, Cristo aproxima-se
dessa humanidade ferida, desfaz essa prisão, toca a humanidade e a restaura,
colocando-a novamente no caminho de Salvação.
Ao homem, criado à
imagem de Deus, é dada a liberdade para confirmar ou negar essa semelhança. O
pecado que o distancia da comunhão com Deus é também uma deformação dessa mesma
identificação com o Divino. Deformados, nos distanciamos da comunhão dos filhos
de Deus, acabando por nos isolar em nosso próprio mundo, vontades e valores.
Essa exclusão da
família de Deus, não apresenta apenas uma opção por outro caminho, mas a
deformação da nossa própria identidade. Negar a filiação divina, é negar a
nossa própria essência, é perder o sentido para o qual fomos criados.
Esquecendo essa realidade, estaremos também deixando de lado o sentido de nossa
própria Vida.
Se vemos, de um lado,
uma humanidade que se distancia da divindade, vemos por outro, Deus que não
deixa de cumprir a sua promessa de salvação. A encarnação é essa iniciativa de
Deus de renovar o homem que se fecha em si mesmo.
Aquele homem não busca
Jesus por um milagre, mas realiza dois grandes movimentos: reconhece a grandeza
de sua doença e a divindade de Cristo, capaz de restaurá-lo plenamente. Cristo,
na autoridade de sua divindade, toca essa humanidade ferida e a restaura.
Tocando, ele reafirma o valor do homem que continua a imagem de Deus, mesmo
marcado pelos seus erros. Restaura, pelo fato de reinserir o homem na dignidade
de filhos de Deus, Pai misericordioso, que perdoa todo aquele que a Ele
retorna.
São Paulo reafirma a
nossa dignidade e apresenta o projeto humano: “Não sejais motivo de tropeço para ninguém [...] como também eu me
esforço por agradar em tudo a todos, buscando não o que é vantajoso para mim,
mas o que é vantajoso para o maior número de pessoas, a fim de que sejam
salvas” (1Cor 10,32s). Somos instrumentos de Deus no meio dos homens.
Maria é aquela que reconhece a grandeza de Deus e coloca-se em seu
devido lugar, criatura, serva e instrumento. Feita a imagem de Deus, ela
reconhece que a sua vida deve estar em comunhão plena com o seu Senhor, que usa
de nossas vidas para cumprir o seu Plano.
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