terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O grande encontro


“Eu quero, fica purificado” (Mc 1, 41)

O encontro de Jesus com o leproso sintetiza e projeta a proposta de salvação revelada na encarnação do Verbo. Diante do pecado que deforma, isola e exclui o homem, Cristo aproxima-se dessa humanidade ferida, desfaz essa prisão, toca a humanidade e a restaura, colocando-a novamente no caminho de Salvação.
Ao homem, criado à imagem de Deus, é dada a liberdade para confirmar ou negar essa semelhança. O pecado que o distancia da comunhão com Deus é também uma deformação dessa mesma identificação com o Divino. Deformados, nos distanciamos da comunhão dos filhos de Deus, acabando por nos isolar em nosso próprio mundo, vontades e valores.
Essa exclusão da família de Deus, não apresenta apenas uma opção por outro caminho, mas a deformação da nossa própria identidade. Negar a filiação divina, é negar a nossa própria essência, é perder o sentido para o qual fomos criados. Esquecendo essa realidade, estaremos também deixando de lado o sentido de nossa própria Vida.
Se vemos, de um lado, uma humanidade que se distancia da divindade, vemos por outro, Deus que não deixa de cumprir a sua promessa de salvação. A encarnação é essa iniciativa de Deus de renovar o homem que se fecha em si mesmo.
Aquele homem não busca Jesus por um milagre, mas realiza dois grandes movimentos: reconhece a grandeza de sua doença e a divindade de Cristo, capaz de restaurá-lo plenamente. Cristo, na autoridade de sua divindade, toca essa humanidade ferida e a restaura. Tocando, ele reafirma o valor do homem que continua a imagem de Deus, mesmo marcado pelos seus erros. Restaura, pelo fato de reinserir o homem na dignidade de filhos de Deus, Pai misericordioso, que perdoa todo aquele que a Ele retorna.
São Paulo reafirma a nossa dignidade e apresenta o projeto humano: “Não sejais motivo de tropeço para ninguém [...] como também eu me esforço por agradar em tudo a todos, buscando não o que é vantajoso para mim, mas o que é vantajoso para o maior número de pessoas, a fim de que sejam salvas” (1Cor 10,32s). Somos instrumentos de Deus no meio dos homens.

Maria é aquela que reconhece a grandeza de Deus e coloca-se em seu devido lugar, criatura, serva e instrumento. Feita a imagem de Deus, ela reconhece que a sua vida deve estar em comunhão plena com o seu Senhor, que usa de nossas vidas para cumprir o seu Plano.

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