Eis
a serva do Senhor (Lc 1, 38)
Lembrar Nossa Senhora
do Rosário, antes de tudo, é tornar célebre a memória dessa que soube,
verdadeiramente, contemplar os mistérios de Deus. A grandeza de Maria estava
exatamente em sua humildade: mesmo não compreendendo aquela realidade, estava
aberta ao mistério Divino.
Ao receber o anúncio da
encarnação do Verbo, pergunta a jovem: “Como acontecerá isto, se eu não conheço
homem algum?” (Lc 1, 34). Ela, de dentro do seu íntimo, questiona-se sobre essa
realidade. Logicamente, seria impossível ocorrer esse fato. Porém, a sua
grandeza se revela exatamente aqui. O seu “faça-se” é sempre abertura ao inexplicável.
Em um mundo marcado
pela objetivação das coisas e das pessoas, muitas vezes nos fechamos à presença
de um Deus que age constantemente na história. A ciência e a técnica chegaram a
um estágio tão avançado de domínio que sufoca qualquer realidade sobrenatural.
Tudo, à sua compreensão, pode ser qualificado, quantificado e esquadrinhado,
isto é, determinado.
Celebrar a Virgem Maria
nos faz entrar na dinâmica daquela que soube se abrir ao projeto de Deus que
queria entrar na história em nossa própria carne, sem manipulações ou
determinações humanas. Como biologicamente isso pode acontecer? Filosoficamente,
como Deus, como ser perfeito, pode se tornar matéria? Como Rei Altíssimo, não
haveria um modo mais “rápido” de salvar os homens?
Ao tentar responder
essas perguntas, corremos o risco de entrar em um espaço que não nos pertence.
A única postura que o homem pode assumir, abraçando a sua própria realidade, é
parar, silenciar e curvar-se diante desse mistério por que nele vemos a própria
face de Deus. Ela não pode ser esquadrinhada pelo nosso racionalismo, mas
apenas adorada pela nossa fé.
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