“A
paz esteja convosco” (Jo 20,19)
O encontro com Jesus
Ressuscitado é ao mesmo tempo memória e promessa. Memória por que é a
confirmação do projeto de Deus. O sacrifício de Cristo ganha o seu pleno
sentido, Deus Pai não o deixa perecer no sepulcro, mas o retira dos laços da
morte. É promessa por que lança-nos ao mesmo caminho. É preciso tocar em suas
feridas, nas dores humanas para perceber o mistério da ressurreição sempre
presente em nosso meio. Isso, porém, deve sempre ser permeado por um ato de fé.
Jesus, ao se encontrar
com os seus discípulos, declara: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Ele porta
consigo a paz da humanidade, ele mesmo é a paz, porque traz em si o mistério da
conciliação da humanidade com Deus. Fazendo a vontade do Pai ele refaz o laço
corrompido pelo pecado.
“Dizendo isso,
mostrou-lhes a mão e o lado” (Jo 20, 20). Isso, porém, não ocorre sem luta.
Para conciliar nossa humanidade com Deus é preciso sacrifício, esforço para
colocar os nossos passos na via da cruz. Isso também é motivo de alegria por
que sabemos que nosso Senhor abriu-nos um caminho pelo qual deve passar toda a
humanidade. Ele experimentou e mostra-nos que o mistério da cruz não é
sofrimento vazio. Quando tomada de forma livre e conforme a vontade de Deus
torna-se instrumento de vida Eterna.
A ressurreição também é
promessa. Todos aqueles que encontram com essa realidade, entram nessa mesma
dinâmica. Tomé, também procura realizá-la, procura tocar as feridas, ver o lado
aberto de Jesus, prova definitiva de sua morte. A verdadeira ressurreição só
pode ser acreditada e vivida à luz do mistério da cruz, do sofrimento que
redime e modela o homem. E não basta ouvi-lo ou compreendê-lo, é preciso
vivê-lo, senti-lo de perto.
Entretanto, seja como
memória ou promessa, realizar esse encontro vivo com o Senhor requer um ato de
fé. Um lançar-se na promessa à luz da memória vivida, acreditar na glória que
vem depois de todo sacrifício, na alegria que vem depois de cada esforço, na
ressurreição após cruz. Essa, deixa
de ser uma história, um fato do passado, entra em nossa humanidade como
dinâmica de vida, movimento sempre presente em nossa humanidade sedenta de luz
e sentido. “Bem-aventurados
os que não viram, e creram!” (Jo 20, 29).
Saibamos, como Tomé, tocar nesse mistério, entrar nessa dinâmica de
vida, não temer a experiência da cruz. Cristo nos mostra a sua eficiência, por
ela somos livres. Por meio dela a nossa humanidade conquista a paz que tanto
busca, por que somos conciliados com Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário