“Não
tenham medo! Procurais Jesus, o nazareno, aquele que foi Crucificado?
Ressuscitou!
Não está aqui” (Mc 6, 16)
O mistério da Páscoa
inaugura para nós a nova Criação. Deus refaz o homem corrompido pelo pecado,
pelo mistério da Cruz assumido por Jesus Cristo. Ele, novo Adão abre para nós
as portas do paraíso, nos dá passagem para a árvore da vida, que perdemos
quando negamos Deus. Ele é luz que brilha nas trevas, que quebra as trevas
porque as anula. Sim, verdadeiramente ressuscitou. Pois não está morto, seu
corpo não se corrompe mais, a morte não pode abraçá-lo.
O mistério da cruz
ganha na ressurreição o seu sentido pleno. É no alto da cruz onde ocorre o
grande encontro. O céu toca a terra, a humanidade chega à divindade, os opostos
se tocam, chocam-se e acontece o grande paradoxo e mistério da humanidade.
Deus, assumindo a condição humana, morre verdadeiramente. E é assumindo essa
morte que ele a destrói, anula aquela que dominava a humanidade. A nova
criação, enfim, é refeita. A antiga condenação, restaurada. O homem ganha uma
vida nova em Cristo Jesus.
A luz da vida que
brilha nas trevas da morte quebra o caos de um sofrimento sem sentido. A cruz
torna-se fonte de vida, caminho para a glória quando abraçada com liberdade de
espírito e sacrifício no amor. A luz dá vida porque ilumina, clareia, mostra o
que está escondido. Doando-se, consumindo a si mesma, dá sentido para tudo o
que está ao seu redor. A primeira luz deu ordem ao mundo, o caos foi destruído pela
ordem da Providência. Da mesma forma, a ressurreição torna-se a nova luz, que
dá sentido, caminho para uma humanidade que se encontra no caos de uma vida sem
norte.
Jesus não permanece
morto, seu corpo não se destrói. Deus Pai o retira da corrupção, pois por meio
dele a promessa é confirmada, a vida não é destruída plenamente, é criada para
ser eterna. Ele está verdadeiramente vivo em nossa história. E onde o vemos? Na
Galileia. Sua Palavra é eterna, suas ações, constantes, o mistério de sua cruz
torna-se sacramento, memória visível e presente de uma salvação sempre atual.
Assumamos essa
realidade, voltemos à Galileia. O projeto não foi fracassado. Cristo está
verdadeiramente vivo. A cruz não foi um fim, mas o início, a retomada de uma
história, a luz que ilumina, que dá sentido, que mostra ao homem a sua
realidade, a sua verdadeira identidade: Filhos amados de Deus. O sangue que
escorre na cruz, torna-se seiva desse lenho, refazendo aquela árvore da vida
que havíamos perdido. É refeita, enfim, a nova criação.
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