segunda-feira, 9 de abril de 2012

Uma nova criação


“Não tenham medo! Procurais Jesus, o nazareno, aquele que foi Crucificado?
Ressuscitou! Não está aqui” (Mc 6, 16)

O mistério da Páscoa inaugura para nós a nova Criação. Deus refaz o homem corrompido pelo pecado, pelo mistério da Cruz assumido por Jesus Cristo. Ele, novo Adão abre para nós as portas do paraíso, nos dá passagem para a árvore da vida, que perdemos quando negamos Deus. Ele é luz que brilha nas trevas, que quebra as trevas porque as anula. Sim, verdadeiramente ressuscitou. Pois não está morto, seu corpo não se corrompe mais, a morte não pode abraçá-lo.
O mistério da cruz ganha na ressurreição o seu sentido pleno. É no alto da cruz onde ocorre o grande encontro. O céu toca a terra, a humanidade chega à divindade, os opostos se tocam, chocam-se e acontece o grande paradoxo e mistério da humanidade. Deus, assumindo a condição humana, morre verdadeiramente. E é assumindo essa morte que ele a destrói, anula aquela que dominava a humanidade. A nova criação, enfim, é refeita. A antiga condenação, restaurada. O homem ganha uma vida nova em Cristo Jesus.
A luz da vida que brilha nas trevas da morte quebra o caos de um sofrimento sem sentido. A cruz torna-se fonte de vida, caminho para a glória quando abraçada com liberdade de espírito e sacrifício no amor. A luz dá vida porque ilumina, clareia, mostra o que está escondido. Doando-se, consumindo a si mesma, dá sentido para tudo o que está ao seu redor. A primeira luz deu ordem ao mundo, o caos foi destruído pela ordem da Providência. Da mesma forma, a ressurreição torna-se a nova luz, que dá sentido, caminho para uma humanidade que se encontra no caos de uma vida sem norte.
Jesus não permanece morto, seu corpo não se destrói. Deus Pai o retira da corrupção, pois por meio dele a promessa é confirmada, a vida não é destruída plenamente, é criada para ser eterna. Ele está verdadeiramente vivo em nossa história. E onde o vemos? Na Galileia. Sua Palavra é eterna, suas ações, constantes, o mistério de sua cruz torna-se sacramento, memória visível e presente de uma salvação sempre atual.
Assumamos essa realidade, voltemos à Galileia. O projeto não foi fracassado. Cristo está verdadeiramente vivo. A cruz não foi um fim, mas o início, a retomada de uma história, a luz que ilumina, que dá sentido, que mostra ao homem a sua realidade, a sua verdadeira identidade: Filhos amados de Deus. O sangue que escorre na cruz, torna-se seiva desse lenho, refazendo aquela árvore da vida que havíamos perdido. É refeita, enfim, a nova criação.

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