sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Livres para a Perfeição

                                          
Um dos discursos que mais atinge a nossa época é a necessidade de liberdade. O homem moderno busca com todas as suas forças e capacidades discursivas essa realidade. Porém, uma pergunta deve surgir: Até que ponto nós conhecemos o conceito de liberdade e as suas implicações? Será que temos consciência daquilo que buscamos ou o nosso movimento é apenas de negação àquilo com o que nos deparamos?
Muitos dos que negam a existência Deus ou ao menos as discussões teológicas que são construídas nos âmbitos eclesiásticos temem que sua liberdade seja limitada por essas estruturas. “Não sou católico por que não posso fazer isso...”, “Nunca serei evangélico por que assim não posso fazer isso”... O discurso é sempre negativo.
O filósofo alemão Friedrich Nietzsche afirmou uma frase que marcou a muitos: “Deus morreu... e nós o matamos”. Esta frase, até certo ponto, possui o seu valor interpretativo. Toda vez que queremos construir discursos sobre Deus, conceituá-lo ou construí-lo à nossa “imagem e semelhança”, de certa forma o matamos. Se descrevermos, conceituarmos ou modelarmos Aquele que é a Plenitude, descaracterizamos a sua perfeição, logo, o negamos.
Jesus, no evangelho de Mateus toca em uma ferida muito real: “os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus” (Mt 21, 31). Gostamos tanto de falar sobre Deus e sobre sua Palavra que nos esquecemos de vivenciá-la, logo, o matamos. Vivemos tanto em uma estrutura de negação, de normas e decretos, que corremos o risco de ignorar que o Deus encarnado se faz homem para salvar os pecadores, não para condená-los.
Os pecadores, nas palavras de Jesus, precedem os considerados “justos” no Reino de Deus por que eles experimentam a verdadeira realidade do Deus encarnado: ele é misericórdia e quer a nossa salvação. Deus não vem ao mundo para julgar, condenar ou limitar a liberdade de ninguém, ele quer que o homem encontre a plenitude de sua vida. E é a partir desse espaço que os mandamentos, normas e decretos retomam o seu sentido definitivo.
Como Maria, experimentemos essa dinamicidade da Palavra de Deus. A partir do momento em que a abraçamos, ela se torna Palavra viva no meio em que vivemos. E essa vida que ela contém nunca gera morte em plenitude. Até mesmo as dores que, a partir dela, se apresentam a nós, são dores de redenção.
Essa Palavra, quando abraçada de forma plena, nunca retira a nossa liberdade, pelo contrário, ilumina-a nos ajudando a trilhar os verdadeiros caminhos que nos faz construir a plenitude de nossa humanidade. Enraizados na Palavra e livres para a Perfeição.

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