Um dos discursos que mais
atinge a nossa época é a necessidade de liberdade. O homem moderno busca com
todas as suas forças e capacidades discursivas essa realidade. Porém, uma
pergunta deve surgir: Até que ponto nós conhecemos o conceito de liberdade e as
suas implicações? Será que temos consciência daquilo que buscamos ou o nosso
movimento é apenas de negação àquilo com o que nos deparamos?
Muitos dos que negam a
existência Deus ou ao menos as discussões teológicas que são construídas nos
âmbitos eclesiásticos temem que sua liberdade seja limitada por essas
estruturas. “Não sou católico por que não posso fazer isso...”, “Nunca serei
evangélico por que assim não posso fazer isso”... O discurso é sempre negativo.
O filósofo alemão Friedrich
Nietzsche afirmou uma frase que marcou a muitos: “Deus morreu... e nós o
matamos”. Esta frase, até certo ponto, possui o seu valor interpretativo. Toda
vez que queremos construir discursos sobre Deus, conceituá-lo ou construí-lo à
nossa “imagem e semelhança”, de certa forma o matamos. Se descrevermos,
conceituarmos ou modelarmos Aquele que é a Plenitude, descaracterizamos a sua
perfeição, logo, o negamos.
Jesus, no evangelho de
Mateus toca em uma ferida muito real: “os publicanos e as prostitutas vos
precedem no Reino de Deus” (Mt 21, 31). Gostamos tanto de falar sobre Deus e
sobre sua Palavra que nos esquecemos de vivenciá-la, logo, o matamos. Vivemos
tanto em uma estrutura de negação, de normas e decretos, que corremos o risco
de ignorar que o Deus encarnado se faz homem para salvar os pecadores, não para
condená-los.
Os pecadores, nas
palavras de Jesus, precedem os considerados “justos” no Reino de Deus por que
eles experimentam a verdadeira realidade do Deus encarnado: ele é misericórdia
e quer a nossa salvação. Deus não vem ao mundo para julgar, condenar ou limitar
a liberdade de ninguém, ele quer que o homem encontre a plenitude de sua vida.
E é a partir desse espaço que os mandamentos, normas e decretos retomam o seu
sentido definitivo.
Como Maria, experimentemos
essa dinamicidade da Palavra de Deus. A partir do momento em que a abraçamos,
ela se torna Palavra viva no meio em que vivemos. E essa vida que ela contém
nunca gera morte em plenitude. Até mesmo as dores que, a partir dela, se
apresentam a nós, são dores de redenção.
Essa Palavra, quando
abraçada de forma plena, nunca retira a nossa liberdade, pelo contrário, ilumina-a
nos ajudando a trilhar os verdadeiros caminhos que nos faz construir a
plenitude de nossa humanidade. Enraizados na Palavra e livres para a Perfeição.
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