“Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus: na
justiça e lealdade” (Zc 8,8)
Deus quer de nós não uma
subordinação autoritária, mas uma verdadeira relação fundada na “justiça e lealdade”.
Justiça, para nos colocar-mos em nosso lugar e darmos à Deus o seu próprio,
para sabermos que somos um povo guiado por um Deus. Lealdade, por que esse
“guiar” não significa uma subordinação cega, mas uma adesão livre a um amor de
Pai.
Essa interação também
apresenta um Deus que, ao relacionar-se com o homem, se faz humilde. Simples
porque, ao entrar em contato com uma matéria, Ele, que é realidade perfeita,
arrisca-se negar-se a si mesmo. E isso o processo de encarnação o confirma. Por
outro lado, é contraditório para nós mesmos dizer que amamos e seguimos esse
Deus se ainda nos comportamos de modo egocêntrico.
Assim estavam se
comportando os discípulos para saber “quem deles era o maior” (Lc 9, 46).
Jesus, como “conhecia os seus pensamentos” (9, 47), sabia que eles não queriam
saber sobre o mais “santo” ou o mais parecido com o Mestre, o mais servidor,
mas apenas o “maior”. Quando buscamos um maior, um superior, consciente ou
inconscientemente, também procuramos identificar o menor ou os “inferiores”,
quem está subordinado a esse referencial.
Nesse momento Jesus
esclarece que, na construção de seus discípulos, não pode haver diferenciação
entre “maior” e “menor”. A figura da criança nos ajuda a compreender a
realização da grandeza humana. Ela consegue viver, espontaneamente, o seu
período, sem medo de ser taxada ou mal compreendida. Viver a realidade que
possuímos é a verdadeira dinâmica daquele que, de “pequeno”, se faz plenitude.
Pedro parece não entender
e insiste nessa “autoridade” por causa do nome de Jesus e ele continua a
rebater. Cristo não veio ao mundo para criar uma religião , determinar
mandamentos ou uma filosofia, mas apresentar ao mundo uma Palavra de Vida, uma
Palavra que gera Vida.
Desse modo, todo aquele
que dá uma Palavra de luz à quem está nas trevas assume essa mesma dinâmica de
Jesus. Quem pronuncia uma Palavra de Bem a quem se encontra mal ajuda a retirar
esse mal e, conseqüentemente, aquele que o personifica.
Jesus nos esclarece que
não há contradição em seu modo de viver. Se Ele mesmo é Palavra de Vida ele
gera vida. E se a gera, quebra todos os laços que prendem o homens em situações
de morte.
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