A
quem tem será dado em abundância (Lc 15, 29)
Como estamos vivendo a
nossa história? De que modo compreendemos a nossa existência? A percebemos como
uma riqueza que não se pode tocar? Como um bem que deve se aproveitado de todos
os modos? Ou como um dom gratuito, fruto de um amor livre, que busca a
plenitude de nossa existência?
Se compreendemos a
nossa vida como uma riqueza que deve ser aproveitada à todo custo, podemos
esquecer de vivê-la, a preservaremos tanto que esqueceremos de aproveitá-la. O
arriscar-se é dimensão essencial de uma história que não é perfeita, de uma
existência que não é plena e de uma vida que não é eterna.
Esse arriscar-se,
porém, não é vazio. Se assim o fosse, correríamos o risco de tornar a nossa
vida um bem perecível, tão material que buscaríamos gastá-lo a qualquer preço.
Esse modo de agir, mais do que irresponsável, passa a compreender o homem como
objeto de metas determinadas. A pessoa humana transforma-se em peça de um
mecanismo histórico social cada vez mais sem vida.
A qualidade em uma
existência só é descoberta e compreendida a partir do momento em que é vista
como dom. Não merecemos ou temos o direito de viver, tudo o que temos é fruto
de um projeto de amor, de um plano de vida que tira-nos do caos e dá uma ordem
à nossa história.
Por ser dom, não
podemos gastar como nós queremos, mas também não temos o direito de preservá-lo
à todo custo. A vida nos é dada para um serviço. Dentro de um plano de resgate
de uma humanidade confusa entre uma liberdade arbitrária e uma salvação que
ultrapassa os nossos objetivos.
Olhemos para Maria,
exemplo de serva que soube gastar toda a sua vida no projeto de Deus. Em nenhum
momento ela fez a própria vontade, mas, ao contrário, as suas foram conformadas
ao plano salvador de Deus que quis dar ao homem uma Palavra de Vida Eterna.
Maria manteve sua vida sempre preservada de qualquer risco, mas de um risco de
morte eterna, tudo o que pudesse desviá-la do caminho rumo à perfeição era por
ela rejeitado.
Que nós também possamos
colocar a nossa vida nesse percurso de serviço, de entrega plena de nossa
existência ao seu verdadeiro Autor. Só Ele, como verdadeiro Autor, pode fazer
com que ela se multiplique em projeto de salvação para outros.
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