“Isso
que eu digo a vós digo a todos: ‘Vigiai’” (Mt 13, 37)
O Tempo do Advento é
eminentemente tempo de Espera. Aguardamos ansiosamente a vinda do Filho do
Homem, Verbo que se faz Carne, entra na humanidade e apresenta definitivamente
a Palavra de Deus. É tempo de preparação, esperança de que Jesus se faça presente
em nossa humanidade, alegria com a plenitude da comunhão entre Deus e homem.
O Evangelho nos aponta para
a realidade da vigilância. Esperamos a plenitude da comunhão entre Deus e os
homens, não por um contato recíproco, mas por uma livre e amorosa manifestação
de Deus por meio de seu Verbo Eterno, Jesus Cristo. É Deus que vem até nós. E é
exatamente essa vigilância que faz com que essa Palavra não passe por nós e não
gere uma conversão de vida, ou seja, preencha a nossa existência.
A imagem do Dono da
Casa é capital para que nós compreendamos a nossa verdadeira relação com Deus
e, conseqüentemente, nossa verdadeira identidade. Não somos donos de nós
mesmos, não temos o direito absoluto sobre a nossa vida, nossos conhecimentos,
ou nossas vontades, somos administradores de uma existência que pertence a uma
realidade absoluta, que vai além de nós mesmos, ou seja, Deus. Ele é o
verdadeiro dono de nossa casa.
A vigilância
apresentada por Cristo nos ajuda a compreender que não podemos viver de modo
alheio, como se fossemos donos de tudo, definidores do bem e do mal. Precisamos
de princípio, nortes, paradigmas, enfim, uma Palavra de Vida. E é essa Palavra
que dá ordem ao nosso cuidado com a vida, faz com que nossa administração siga
um norte, siga os projetos daquele verdadeiro dono, aquele que verdadeiramente conhece
todos os espaços dessa nossa habitação.
Ser vigilante é fugir
de qualquer falsidade, é não agir conforme agrada o patrão, só para não ser
castigado. Não só trabalhamos em função desse “senhor”, mas também usufruímos dos
frutos dessa administração, participamos das riquezas dessa experiência de vida
que torna-se agradável quando é natural. Tornamos a nossa vida muito mais feliz
quando essa atividade se desenvolve de forma natural, sem artificialismos ou
legalismos, mas na contínua obediência à Palavra do Senhor.
Abramos os nossos
ouvidos para essa Palavra, saibamos esperar por esse Senhor, que vem ao nosso
encontro e pede contas de nossas ações, não em forma de cobrança, mas na
esperança de entrarmos em sua plena alegria. Alegria que torna-se comunhão
plena com as riquezas daquele que, de Patrão, se faz Pai e ama-nos como
verdadeiros Filhos.
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