quinta-feira, 21 de março de 2013

“Se alguém guardar a minha palavra, não morrerá”

Quinta feira da V Semana da Quaresma
21 de março de 2013

“Se alguém guardar a minha palavra, não morrerá” (Jo 8, 51)

Cristo é a Palavra de Deus, Palavra que se faz Aliança, vínculo entre Deus e os homens. Todos aqueles que escutam e observam essa Aliança está unido a Deus. Unidos a Ele, participamos da Vida Eterna.
Jesus é Aliança enquanto é projeto que Deus cumpre em nossa história, é o ápice de toda a humanidade que na plenitude dos tempos nos é dado como modelo. Segui-lo significa conformar-se ao projeto de Deus, cumprir a sua Aliança.
Saibamos ver no Filho de Deus a plenitude desse vínculo entre o divino e o humano. Só ele é fonte de vida eterna porque nele está contido todo o desígnio de Deus para o homem. Ele, como Filho, revela, como Palavra, ensina e como Aliança, santifica e eleva-nos.

quarta-feira, 20 de março de 2013

“E a Verdade vos libertará”

Quarta feira da V Semana da Quaresma
20 de março de 2013

“E a Verdade vos libertará” (Jo 8, 32)

O homem é chamado a uma liberdade de filhos não à liberdade como a dos escravos. Enquanto está com o patrão, o escravo deseja sempre a sua liberdade, libertar-se do poder do patrão. O filho, por ser filho, vive em comunhão com o Pai, e não se sente preso por isso.
A Verdade nos liberta porque ela nos apresenta a nossa verdadeira natureza. Como filhos, somos criados para viver em comunhão uns com os outros e todos com Deus. Esquecer que Deus é Pai é duvidar do seu amor, é sentir-se preso e buscar escapar dessa realidade.
Saibamos redescobrir a nossa identidade de filhos. Fujamos de tudo que distorce essa realidade e nos aprisiona. Só a verdade faz cair todas as máscaras e quebrar todos os muros. Só a verdade possibilita uma livre união com Deus e com seu projeto de amor.

domingo, 17 de março de 2013

“Eu sou a luz do mundo...”

Segunda feira da V Semana da Quaresma
18 de março de 2013

“Eu sou a luz do mundo...” (Jo 8, 12)

Jesus é luz do mundo por que mostra aos homens a verdade revelada por Deus Pai. Essa luz mostra aos homens o caminho, a realidade que nos envolve, mas também todos os outros percursos paralelos que podem nos fazer desviar.
Cristo é para nós luz por que nos ajuda a enxergar a realidade a partir do seu reflexo. A partir dele, passamos a olhar o mundo na perspectiva de Deus, com os olhos na realidade criada. Sob a sua luz somos capazes de ver uma nova realidade.
Como Filho, ele nos ajuda a ver o Pai, ele porta consigo a realidade do Pai e confirma a sua presença em nosso meio. Olhar para Jesus significa olhar para a verdade que o Deus Pai nos deseja mostrar, seguir os seus passos implica-nos em sua proposta de salvação humana.

sexta-feira, 8 de março de 2013

“Meu Deus, tende piedade de mim, pecador”

Sábado da III Semana da Quaresma
9 de março de 2013

“Meu Deus, tende piedade de mim, pecador” (Lc 18, 13)


Ao reconhecer Deus como Senhor, devemos nos colocar como criaturas em relação a ele. O homem publicano foi perdoado dos seus pecados por que se se reconheceu pecador, por que soube colocar-se diante de Deus com sua própria verdade.
Deus não tem necessidade de nossas boas obras nem de nossas qualidades. Ele quer apenas que sejamos verdadeiros com nós mesmos, que saibamos viver a partir de nossa condição limitada, mas capaz de elevar-se.
Saibamos realizar esse exercício da verdade diante de Deus. Mesmo conhecendo-nos, para nos eleva, ele precisa de nos ver no chão. Para nos divinizar, ele precisa de nos ver humanos, necessitados de sua graça e vida plena.

quinta-feira, 7 de março de 2013

“Não estás distante do Reino de Deus”

Sexta feira da III Semana da Quaresma
8 de março de 2013

“Não estás distante do Reino de Deus” (Mc 12, 34)

O Reino anunciado e realizado por Cristo se fundamenta no senhorio de Deus sobre o mundo. Ele é a fonte e o ápice de todas as nossas ações, para o qual tudo converge. O amor ao próximo é consequência lógica desse amor primeiro.
Amar a Deus por primeiro é uma questão de ordem. Como fonte do único bem, é para ele que eu direciono todas as minhas forças. A partir disso, todas as minhas ações refletirão esse primeiro movimento. Amar a Deus não é questão de escolha, mas de princípio.
Saibamos deixar de lado todos os “senhores” de nossa vida e saibamos concentrar todas as nossas forças em um único bem. Que nossa vida seja reflexo de um amor primeiro e movida em função de um único fim.

quarta-feira, 6 de março de 2013

“Todo reino dividido contra si mesmo será destruído”

Quinta feira da III Semana da Quaresma
7 de março de 2013

“Todo reino dividido contra si mesmo será destruído” (Lc 11, 17)

Jesus, com essas palavras, não defende ou justifica as suas ações, mas responde à contradição interna de seus próprios interlocutores. Eles não aceitam a realidade da presença do Reino de Deus que se realiza na história por meio da vitória contra o mal.
A nossa luta também deve ser única, direcionada a um único fim. A santidade cristã não é apenas um ideal de vida, mas um projeto contínuo de luta em função de um único objetivo. Quando aos objetivos se dividem os passos perdem as suas forças.
O projeto de Deus é um só: a vitória sobre o mal. Saibamos aderir a esse projeto em nossa própria vida e fixar os nossos olhos em um único fim: a nossa santificação. Que esse projeto possa nos ajudar dedicar-se firmemente na edificação do nosso Reino.

terça-feira, 5 de março de 2013

“Não vim para abolir a lei, mas para dar-lhe pleno cumprimento”

Quarta feira da III Semana da Quaresma
6 de março de 2013

“Não vim para abolir a lei, mas para dar-lhe pleno cumprimento” (Mt 5, 17)

Jesus, no contexto do Sermão da Montanha, é apresentado como o novo Moisés. É ele quem dá a nova Lei ao povo, é ele quem anuncia a nova e eterna aliança. Ele mesmo é a Lei, a ordem divina que se faz homem e atualiza a aliança entre o homem e Deus.
Sendo Cristo a própria aliança, seguir os preceitos dados por Deus deixa de ser apenas um simples cumprimento à leis ou obediência à regras. Viver os princípios divinos significa não mais seguir uma ideia, mas uma pessoa viva e presente em nossa realidade.
Entretanto, só podemos seguir alguém que encontramos. Que nós tenhamos a graça de descobrir a presença real de Cristo em nossa história. Ele, como nova eterna aliança, realiza continuamente o grande toque entre o divino e o humano.

domingo, 3 de março de 2013

“Eu sou aquele que sou”


III Domingo da Quaresma
3 de março de 2013


“Eu sou aquele que sou” (Ex 3, 14)

Em nosso percurso quaresmal, somos chamados a purificar as nossas obras e os nossos pensamentos de tudo aquilo que desfigura a imagem de Deus presente em nós. Desfiguramo-nos quando esquecemos que somos imagens e queremos ser deuses.
O contato que Moisés realiza com Deus nos ajuda a compreender esse mistério dinâmico divino. Eis a grande advertência: “Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, por que o lugar em que te encontras é uma terra santa” (Ex 3, 5). O homem, enquanto matéria, nunca será capaz de compreender essa experiência com Deus. A grandeza plenitude desse mistério o faz sentir-se pó.
Moisés insiste nessa aproximação, busca uma definição para Deus, um nome com o qual possa ser conceituado. Eis o grande enigma: “Eu sou aquele que sou” (Ex 3, 14). Deus não pode ser conceituado nem limitado. Como Deus é ele quem dá limite quem conceitua a realidade por meio da criação.
O pecado do homem inicia-se quando ele começa a querer conceituar Deus e todas as suas ações, buscando dar uma “essência” ao mundo por meio de conceitos e juízos. E é essa a admoestação de São Paulo aos Coríntios: “Todas essas coisas lhes aconteceram para o nosso exemplo, foram escritas para a nossa advertência” (1Cor 10, 11). Não estamos no mundo para julgá-lo, para dar “conceitos” e “limites”, mas para aprender com ele.
“Quem pensa estar de pé, cuidado para não cair” (1Cor 10, 12). Todos nós somos feitos do mesmo barro, sob as mesmas condições podemos agir da mesma forma. É aqui que surge o perigo e o pecado do julgar o outro. Eu me coloco acima do outro e o julgo segundo as minhas categorias. Dou-lhe um conceito, uma essência. Defino-me superior.
“Mas se não vos arrependerdes, perecereis do mesmo modo” (Lc 13, 3.5). A repetida advertência de Jesus ganha aqui o seu pleno sentido. Estamos todos sujeitos às mesmas condições, os limites que hoje apontamos amanhã podem ser identificados em nós.
É muito mais fácil julgar e conceituar ações do que buscar compreende-las. É muito cômodo olhar pela janela a casa do vizinho e ver o que não está em ordem do que ordenar a nossa própria.
É aqui que surge a pergunta de outro: E se fosse eu? Como gostaria que os outros me vissem? Como queria que os outros me julgassem? Como esperaria que os outros interagissem comigo?
Só Deus pode julgar os homens, pode dar um conceito definitivo, uma essência verdadeira à realidade. Por mais que o homem busque, o seu juízo será sempre limitado, as suas categorias serão sempre segundo um determinado ponto de vista.
Diante do mistério da humanidade devemos sentir-se como Moisés, perante uma natureza dinâmica que vive, mas não se consuma. Devemos sentir a mesma advertência divina: Daqui, não te aproximes. Não serás capaz de compreendê-la. Ao contrário, se tentares aproximar-se dela, se queimarás. Tire as sandálias dos pés. Sinta-se pó, limitado perante esse mistério. Só eu posso dar a essência, só eu Sou aquele que Sou.

“Um homem tinha dois filhos...”

Sábado da II Semana da Quaresma
2 de março de 2013

“Um homem tinha dois filhos...” (Lc 15, 11)

A parábola do Pai misericordioso apresenta a imagem de Deus que nos ama acima de todas as nossas limitações. O pecado dos dois filhos estava em desconfiar desse amor. Enquanto um buscava satisfação no externo, o outro fixava-se em sua autoafirmação.
Esse Pai é capaz de dar todas as suas riquezas pelo bem de seus filhos. Ele os quer junto a si, mas os deixa livres para abraçar ou não esse amor. Ele mostra que a verdadeira riqueza humana não está em ter ou não ter, mas em viver em uma comunhão de filhos.
Só compreendo-se como filhos, podemos compreender-se como irmãos. Só aceitando o amor do Pai que nos ama acima de todas as nossas limitações e negações podemos entrar no mistério do outro, vendo-o também como Filho querido por Deus.