quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

“Havia um pai de família que plantou uma vinha...”

Sexta feira da II Semana da Quaresma
1º de março de 2013

“Havia um pai de família que plantou uma vinha...” (Mt 21, 33)

O homem rejeita o Filho enviado de Deus por que não compreende a sua própria filiação divina. Ele tema que o primogênito retire a sua filiação ou a sua herança. Enfim, ele teme que o Pai deixe de amá-lo, por isso busca matar qualquer concorrência.
Matamos, de muitas formas, os nossos irmãos porque não compreendemos que o amor de Deus Pai não é seletivo ou exclusivo. Não estamos em uma competição para agradar à alguém que é a nós superior. Tememos perder as nossas riquezas.
Saibamos valorizar a nossa dignidade de filhos. Saibamos reconhecer no amor de Deus a face de um Pai que não faz distinção de pessoas. Ele, amando tanto o mundo, dá a sua maior riqueza para que os homens fossem enriquecidos com a sua presença.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

“Havia um homem rico...”

Quinta feira da II Semana do Tempo Comum
28 de fevereiro de 2013

“Havia um homem rico...” (Lc 16, 19)

A riqueza humana, seja ela qual for, muitas vezes separa o homem de Deus porque o faz substituir os meios pelo fim. É esquecido que nossa vida vai muito mais além das necessidades materiais, que existe uma realidade que supera a nossa condição humana.
O que é que nos faz ricos hoje? Em que nos apegamos ou fundamentamos a nossa vida? Por quais bens colocamos a maior parte de nosso tempo e disposição? Quais são as fontes de nossa alegria? Esses bens e riquezas são fundamentais e duradouros?
Saibamos olhar para Deus que mostra a sua verdadeira riqueza por meio de Cristo. Só ele dá fundamento a nossa existência. Em Jesus, aprendemos que a nossa maior riqueza é o cumprimento da vontade de Deus. Por meio dela, realizamos a nossa filiação divina.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

“O maior dentre vós será o vosso servo”

Terça feira da II Semana da Quaresma
26 de fevereiro de 2013

“O maior dentre vós será o vosso servo” (Mt 23, 11)

A grandeza do mestre não está em sua autoridade em si, mas no modo como ele se afirma diante daqueles que o seguem. Jesus, mesmo sem afirmar, coloca-se como mestre, porque ensina com a sua própria vida. No serviço ele se faz senhor.
Em um mundo que prega o poder e a grandeza pessoal, o serviço parece ser uma ideia cada vez mais esquecida. Mais do que uma ação, o serviço é postura daquele que saber ver a grandeza do outro e colocar-se diante de sua dignidade afirmando-a.
Saibamos olhar para o exemplo de Cristo que soube afirmar o senhorio divino por meio do seu serviço ao homem. O seu serviço por meio da entrega de sua vida mostrou ao homem a sua verdadeira identidade, que está na dignidade de Deus.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

“Sede perfeitos...”

Sábado da I Semana da Quaresma
23 de fevereiro de 2013

“Sede perfeitos...” (Mt 5, 48)

A ordem de Cristo pela perfeição não se refere à uma ação extraordinária, mas à uma dimensão muito corriqueira, mas também esquecida em nossa humanidade: o amor ao próximo. Esse amor nos coloca diante do que o outro é, e não do que tem a me oferecer.
A plenitude de nossa humanidade consiste em assumir a nossa essência: criaturas humanas. Olhar para o outro nessa mesma perspectiva nos impede de objetivá-lo, reduzi-lo às minhas necessidades. Ele é e será sempre dom e mistério de Deus para os homens.
É esse amor que nos torna divinos, como Deus Pai. Um amor que sabe superar muitas barreiras e sabe ver o que está no mais íntimo do homem. E, quando não se pode enxergar esse “mundo”, apenas se curva diante desse grande mistério que é o projeto de ser humano.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”

Cátedra de São Pedro
22 de fevereiro de 2013

“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 16)

O grande fundamento que sustenta a Igreja parte da fé em “Cristo, o Filho do Deus vivo”. Só um homem que possui esse olhar pode ser colocado como pedra fundamental, como princípio e fonte de unidade dessa nova comunidade.
Não são as nossas forças humanas que nos tornam capazes de cumprir as obras de Deus. Somente a sua graça pode nos dar sustento a nossa fé. Essa é condição primária para compreender a Igreja não como uma sociedade simplesmente humana.
Pedro é o fundamento visível dessa fé em Cristo, Filho de Deus, e é a partir dele que a Igreja é edificada como comunidade de fiéis. Essa supera todas as habilidades e qualidades humanas e volta o seu olhar para Cristo, crucificado e ressuscitado.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

“... Esta é a Lei e os Profetas”

Quinta feira da I Semana da Quaresma
21 de fevereiro d 2013

“... Esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7, 12)

A regra de ouro da Lei e dos Profetas se fundamenta, segundo Mateus, na dinâmica da reciprocidade. Jesus aperfeiçoa essa antiga lei afirmando-a de forma positiva, tornando-a mais exigente ainda: Fazer ao outro o que se quer para si.
Mais do que “troca de favores”, reciprocidade é saber olhar para o outro com um “outro eu”, mas diverso de mim. Assim como eu tenho necessidades, interesses, valores, mas também, dificuldades, faltas e falhas, os outros não estão isentos disso.
Saibamos tomar a iniciativa em compreender, amar e respeitar antes de exigir tais posturas. Se quisermos compreender o grande mistério que é a pessoa humana, comecemos por aquela pessoa mais complicada que conhecemos: nós mesmos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

“Não lhe será dado outro sinal...”

Quarta feira da I Semana da Quaresma
20 de fevereiro de 2013

“Não lhe será dado outro sinal...” (Lc 11, 29)

Jesus manifesta definitivamente a salvação de Deus, por meio do anúncio da realização do Reino. Não há mais nenhuma outra revelação que não esteja a essa coligada ou esteja a essa necessariamente conectada. Cristo manifesta plenamente a vontade de Deus.
Entretanto, porque ainda buscamos fora dessa realidade outros valores, amores e bens? Por que continuamos a esquecer da presença constante de Deus em nossa história e continuamos a buscar além, o que está muito vizinho ou até dentro de nós mesmos?
Que nós saibamos viver a grande tensão dos filhos de Deus, vendo a sua presença constante em nossa vida, a nos acompanhar e modelar. Esse é o grande, definitivo e único sinal de sua presença em meio a nós. Presença que nos sustenta, santifica e eleva.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

“Pai nosso...”

Terça feira da I Semana da Quaresma
19 de fevereiro de 2013

“Pai nosso...” (Mt 6, 9)

Olhar a Deus como Pai implica compreender o outro como irmão. É Deus o vínculo que nos une aos outros e nos faz participar da mesma dignidade de filhos. E é nessa mesma comunhão que surge a dinâmica do perdão.
Perdoar não é esquecer fatos passados, mas sentir-se na mesma condição limitada, capaz de cometer os mesmos atos que condenamos. É saber ver o outro não como um novo “eu”, espelho de minha projeção, mas como de fato é, ou seja, outro diverso de mim.
Somente quando sabemos entrar na dinâmica do perdão poderemos, imitar verdadeiramente o nosso Pai do céu. Ele, como Deus nos faz diferentes, como os dedos das mãos e, não satisfeito, como Pai, nos une na grande tarefa de ser humano.

“Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes”

Segunda da I Semana da Quaresma
18 de fevereiro de 2013

“Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos,
foi a mim mesmo que o fizestes”. (Mt 25, 40)

O princípio cristão do amor à Deus e ao próximo encontra o seu fundamento concreto nessa passagem: saber ver Cristo no outro. Esse não se reduz a um fazer o bem “como se” Deus estivesse presente, mas, de fato, ver no outro a realidade de uma presença divina.
Ver Cristo no outro e agir conforme essa visão significa que ele representa um projeto divino, ele é fruto do amor de Deus. Não podemos vê-lo apenas como um objeto, sempre em função de algo, ou como algo descartável segundo a minha utilidade.
Precisamos ver o outro como presença e mistério de Deus em nosso meio. Ele não é apenas mais um entre tantos outros, mas é fruto de uma ação e um projeto que supera a nossa compreensão. Viver nessa perspectiva nos coloca mais próximos de Deus e do outro.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

“Esse João, que eu mandei decapitar, ressuscitou”

Sexta feira da IV Semana do Tempo Comum
8 de fevereiro de 2013

“Esse João, que eu mandei decapitar, ressuscitou” (Mc 6, 16)

A profecia de Herodes se cumpre definitivamente em Cristo. João continua vivo por meio da mensagem de Cristo. Essa mesmo sendo nova continua o caráter profético de condenação e salvação. O Reino de Deus continua a ser anunciado.
João, assim como Jesus, continua a anunciar, mesmo colocando a sua vida em risco. O conteúdo de sua mensagem vai além de seus próprios interesses. Ele não procurava agradar aos homens, mas apenas cumprir a sua função.
Que a imagem de João faça nascer em nós o Espírito profético em nosso mundo. Que o Reino de Deus seja anunciado acima de qualquer interesse ou ambição pessoal. A Verdade, mesmo quando fere, constrói.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

“Ele chamou os Doze...”

Quinta feira da IV Semana do Tempo Comum
7 de fevereiro de 2013

“Ele chamou os Doze...” (Mc 6, 7)

Jesus, antes de enviar os seus apóstolos, chama-os a si. Esse chamado, mais do que uma interpelação divina, é uma pedagogia que ensina a sermos instrumentos de Deus. Não vamos anunciar nem curar em nosso próprio nome.
Estar perto de Jesus significa aprender dele e dele receber a sua autoridade. Ensina-nos a viver e agir “em seu nome”, segundo o seu projeto. Implica carregar-se de uma bagagem mais essencial do que qualquer outra.
Quando formos enviados, tenhamos algo mais “substancioso” para portar conosco. Que não falemos de nós mesmos, nem realizemos obras segundo as nossas forças. É Deus quem chama e dá o poder. Com esse portamos e agimos em nome de Cristo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

“Não é ele o carpinteiro...?”

Quarta feira da IV Semana do Tempo Comum
6 de fevereiro de 2013

“Não é ele o carpinteiro...?” (Mc 6, 3)

A fé, além de nos entregar a uma realidade que não vemos, nos ajuda a estar diante de elementos que não podemos explicar. Aqueles homens não conseguiam ver em Jesus a realidade da salvação. Permaneciam no que era material.
É pela fé que podemos compreender a ação de Deus em nossa história. Mesmo não vendo a sua manifestação extraordinária, conseguimos encontrá-lo na cotidianidade de nossa história. Deus se faz presente em nosso hoje.
Sim, ele é o carpinteiro, o filho de Maria, é próprio de Nazaré. É por meio dele que Deus se revela. Por ele, o mistério salvífico entra em nossa humanidade e se revela de forma ordinária: Deus se fez homem. Com ele, também nossa humanidade diviniza-se.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

“A menina não morreu, apenas dorme”

Terça feira da IV Semana do Tempo Comum
5 de fevereiro de 2013

“A menina não morreu, apenas dorme” (Lc 5, 39)

Quantos de nossos jovens, que parecem estar mortos, apenas dormem? Apenas estão distante de nossa realidade, por fuga ou medo, por não terem os instrumentos suficientes para encará-la? E nós, apenas choramos e nos lamentamos por eles.
É pela fé do pai que a menina é curada. Ele procura Jesus e acredita em sua força salvadora. Força que não provém pela quantidade de discursos e “verdades”, já que disso ele mesmo estava cheio. A menina precisava de uma vida nova.
É pela ordem de Jesus que a jovem é curada, uma palavra que traz em si sua força e efeito: É Palavra de vida plena. Essa não é mais um discurso, mas um conteúdo que dá sentido à vida. Dá força e coragem para levantar e seguir o caminho.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

“Não é este o filho de José?”

Domingo da IV Semana do Tempo Comum
03 de fevereiro de 2013


“Não é este o filho de José?” (Lc 4, 22)

Por que Jesus não realiza os mesmos milagres em sua própria terra? Por que os seus não o aceitaram ou tinham muita dificuldade em compreender a sua novidade? Por que é tão difícil entender que o mistério de Deus se revela plenamente em Jesus Cristo?
Talvez a resposta esteja na própria pergunta daqueles que se admiravam das ações de Jesus: “Não é este o filho de José?”. Como pode um homem simples salvar a nossa terra e o nosso povo? Como entender que de uma simples família humana venha a salvação de Israel?
Eis o nosso grande empecilho. Queremos uma salvação extraordinária, distante de nossa história, isenta de nossa própria contribuição. Buscamos um Deus que nos sirva, que seja modelado à nossa Imagem e semelhança, ao nosso querer.
A vocação de Jeremias enfatiza essa nossa mesma objeção: Como podemos realizar obras que pertencem somente à Deus? Eis a resposta do Senhor: “Eis que coloco minhas palavras nos teus lábios” (1, 7) e acrescenta: “Dou-te hoje poder sobre as nações e sobre os reinos para arrancares e demolires, para arruinares e destruíres, para edificares e plantares”. Não agimos por nós mesmos, como Filhos de Deus, agimos em seu nome, segundo o seu projeto, mediante a sua ordem.
Na primeira Carta aos Coríntios, São Paulo fala sobre a excelência da Caridade, que está acima de todas as habilidades humanas (cf. 1Cor 13, 1ss). Ela, mais do que uma boa ação, é a manifestação de tudo aquilo que temos de bom em nosso íntimo. Toda a ciência e sabedoria humana encontram a sua maior expressão na caridade. É ela que nos possibilita manifestar tudo aquilo que realmente temos e somos.
Como ainda querer negar essa historicidade da salvação que encontra em Cristo a sua plenitude? Nele concentram-se todas as profecias, por ele é anunciada a plenitude da salvação, no mistério da cruz vemos cumprida toda a obra redentora de Deus. Essa é a expressão maior da caridade humana: uma força que salva, liberta e redime pelo mistério do amor.
Não nos isentemos dessa obra salvífica. Como filhos de Deus, somos chamados a configurar-se àquele Jesus de Nazaré, o Filho de José. Ele que por sua natureza humana, abraçando toda a história, soube mostrar ao homem que a vida plena começa no hoje de nosso “sim” ao projeto Divino.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

“Os meus olhos viram a vossa salvação”

Apresentação do Senhor
2 de fevereiro de 2013

“Os meus olhos viram a vossa salvação” (Lc 2, 30)

O que teria visto o velho Simeão? A promessa feita a ele foi cumprida por meio daquela pequena criança. Sua esperança não tinha sido em vão. A salvação de Israel vem não pela força, política ou poder humano, mas se revela na pequenez de um menino.
Em uma sociedade que ostenta domínio, vive da técnica política ou interessada no poder, aos poucos ficamos cegos. Entretanto, esses meios, por si mesmos, só portam o homem para dentro de si. Perde-se, com isso, a esperança de uma salvação para os homens.
Aquela criança é sinal de salvação. Ela revela o poder de Deus que age onde não esperamos, superando as nossas categorias de força e poder humano. Ela mostra que Deus é o princípio e fim de nossa vida plena: a nossa verdadeira libertação e redenção.