quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sexta feira da VIII Semana do Tempo Comum

Sexta, 1º de junho de 2012

“Tenham fé em Deus” (Mc 11, 22)

Jesus vem ao mundo como justo juiz. O seu olhar vai além da compressão humana, ele vê com o olhar divino. É esse olhar que apresenta ao mundo a verdade revelada por Deus Pai. É a partir dessa verdade que o mundo ganha um novo rumo.
Quando julgamos algo, nos definimos como portadores da verdade. Mais do que isso, como seus definidores. Julgamos conhecer a totalidade do objeto julgado. Esquecemos que isso só compete a Deus, só ele conhece a totalidade e complexidade do mundo e dos homens.
Ter fé em Deus implica acreditar que ele é presente no mundo que ele mesmo criou e governa. Implica saber que nossos julgamentos serão sempre limitados, e se não estão à luz do Cristo, plenitude da criação, estaremos atualizando o pecado dos nossos primeiros pais.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Festa da Visitação de Nossa Senhora

Quinta, 31 de maio de 2012

“Beata aquela que acreditou” (Lc 1, 44)

A visitação de Maria a sua parenta Isabel apresenta o grande encontro. É o toque do Antigo com o Novo Testamento, da promessa com o cumprimento. Das duas realidades, uma verdade: Deus gera vida do nada. De Isabel, que era estéril, de Maria, Virgem, Deus faz brotar a vida e, com ela, a salvação.
A vida só nasce para aqueles que acreditam, para os que esperam o cumprimento da promessa de Deus na história. Não somos utópicos, mas homens de esperança, vivemos por ela, somos alimentados por essa que sempre nos diz: Deus retira do nada de nossa existência a vida eterna, a vida feliz.
Que a celebração desse encontro reavive em nossas almas a esperança de uma nova realidade, de uma nova história. A grandeza do homem está em viver nessa espera e sua santificação, no cumprimento dessa que atualiza-se no hoje de nossas vidas. Maria é beata por que acreditou em Deus, ela abraçou a promessa e, vivendo-a, gerou... 

Quarta feira da VIII Semana do Tempo Comum

Quarta, 30 de maio de 2012

“Jesus caminhava à frente dos discípulos” (Mc 10, 32)

Jesus inicia a sua caminhada rumo à Jerusalém, ele não esconde de ninguém as consequências de sua chamada. Ele esclarece mais ainda que a sua vitória não é uma conquista política, mas o estabelecimento do Reino de Deus, que é a vitória sobre o nosso orgulho, sobre o nosso “eu” ferido.
Muitas vezes, em nossa caminhada em direção a Cristo, esquecemos os que estão ao nosso lado. Acabamos “empurrando”, “pisando” e, consequentemente, negando aqueles que nos acompanham. Jesus nos ensina que colocar-se a serviço é mais do que uma posição, é o exercício de luta contra nossa soberba que nega Deus e o próximo
Jesus caminha a nossa frente por que nos ensina a via a seguir, ele mesmo é o caminho. Sendo Deus, gera confiança em nós e confirma os nossos passos. A cruz, para a qual sobe, é o grande movimento em direção ao outro, é o grande serviço que Cristo vem realizar, não por si, mas pela humanidade.

Terça feira da VIII Semana do Tempo Comum

Terça, 29 de maio de 2012

“Nós deixamos tudo e te seguimos” (Mc 10, 28)

A confissão vocacional de Pedro é o cume do chamado realizado por Jesus. Para seguir o Senhor é preciso deixar tudo. Isso não é uma perca, mas um depósito, uma esperança que se realiza no hoje de nossa história e na garantia de uma vida plena.
Quem segue Cristo nunca é abandonado, viverá sempre em comunhão com aqueles que também deram um sim à Deus. Entretanto, para que se esse sim se realize de forma plena, é preciso realizar o salto d fé. Acreditando na palavra de Cristo que promete a proteção do Pai para aqueles que o seguem.
Retirai de nós, Senhor, tudo aquilo que nos impede de seguir-te. Que as coisas desse mundo não sejam pedras de tropeço em minha caminhada, mas meios que confirmam e fortalecem esse longo percurso. Que as aparentes percas desse mundo sejam depósitos para um futuro não distante, de comunhão e plenitude.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Segunda feira da VIII Semana do Tempo Comum

Segunda, 28 de maio de 2012

“Uma coisa te falta: vá, vende tudo que tens, dê aos pobres [...],
então venha e siga-me” (Mc 10, 21)

Jesus reinicia a sua pedagogia chamando gradativamente ao seu seguimento. Esse caminho se realiza, não define, não mediante o cumprimento de leis, mas na relativização de todas as coisas em função do Senhor, sabendo que tudo só possui valor em Deus.
O que falta-nos para seguir o Senhor? O que nos deixa com a face coberta e nos desvia do caminho que nos traz a felicidade verdadeira? Que coisas ainda são absolutas em nossa vida e nos impede de ver o único e definitivo Senhor?
Fazei Senhor, que deixemos realmente tudo para segui-lo. Que as coisas desse mundo não nos impeçam de caminhar livres em sua direção. Que tudo se torne relativo diante de ti, verdadeiro Senhor de nossas vidas, único absoluto de nossa realidade.

domingo, 27 de maio de 2012

Unidos pelo fim


“O Espírito da Verdade vos guiará à Verdade Plena” (Jo 16, 13)

A Festa de Pentecostes completa definitivamente a dinâmica da revelação de Deus. A Verdade divina é plenamente concretizada no Espírito de Cristo que vem ao mundo realiza a redenção da humanidade e torna ao Pai. A Vinda do Espírito Santo sobre a Igreja nascente abre para os homens a possibilidade de compreensão dessa grande Verdade que a razão humana não pode abraçar se não na dinâmica de Jesus.
Em uma cultura onde as distâncias diminuem, podemos dizer que o homem vive uma verdadeira comunhão? Em um mundo onde as informações são transmitidas em alta velocidade e eficiência, o homem realiza um verdadeiro diálogo? Em uma estrutura global onde os conhecimentos são partilhados com grande profundidade, podemos dizer que o homem ganhou a capacidade de compreensão mútua?
A experiência de Pentecostes nos aponta para esse grande dom: “Como é que os ouvimos falar, cada um de nós, em nossa própria língua?” (At 2, 8). Só no Espírito do Cristo morto, ressuscitado e glorificado à direita do Pai, o homem compreende o seu mistério. Com a redenção realizada por Cristo, o orgulho, chave do pecado humano é quebrado, o deus que o homem cria de si é, enfim, destruído, as barreiras que separam os homens, quebradas.
São Paulo, na carta aos Gálatas, nos ensina: “conduzi-vos pelo Espírito e não satisfazei os desejos da carne” (Gl 5, 16). O homem que olha apenas para si esquece Deus, que está acima e nega o outro, que está à sua frente. Só o Espírito de Cristo é capaz de fazer o homem voltar novamente o olhar para o alto, atentos àquele que nos faz um. Somente a partir desse movimento, objetivo de vida é que podemos encontrar a comunhão, o vínculo quebrado pelo pecado “pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne com suas paixões e seus desejos” (Gl 5, 24). Tudo se volta para Deus.
“O Espírito da Verdade, que vem do Pai, dará testemunho de mim” (Jo 15, 26). O Logos Eterno que era junto de Deus volta para o Pai, mas não só. Ele porta consigo a nossa humanidade, ferida e redimida pelo mistério da cruz. É esse o caminho ensinado por Jesus, Verdade Perene de Deus.

É esse Espírito que brota do amor do Pai pelo Filho, do Filho que obedece ao Pai e vem à nossa humanidade toca-nos e nos regenera, que sobe e nos atrai para esse mistério eterno. É esse movimento que somos chamados a fazer: olhar e caminhar para o mesmo ponto e viver a mesma união.

Sábado da VII Semana de Páscoa

Sábado, 26 de maio de 2012

“Tu, segue-me” (Jo 21, 22)

A experiência de Cristo com os seus discípulos criava um vínculo pessoal. O seu chamado exigia uma resposta pessoa única, livre e definitiva ao Senhor. A vida comum era uma consequência lógica desse encontro primário com Cristo, não sua condição.
Ao viver olhando para quem está ao nosso lado, corremos o risco de esquecer aquele que está dentro de nós. Ao cuidar da vida de nosso irmão, julgando seus atos ou imaginando o seu futuro, ameaçamos a nossa existência, muito mais complexa e com muito a ser desvendado.
Que nós, possamos manter os nossos olhos fixos em Jesus, que nos faz um mediante o Espírito que brota do seu amor com o Pai. Que o amor pelos nossos irmãos seja reflexo de nossa opção primeira por Cristo, não condição para buscá-lo. Pois se a construção de nossa existência é fundada com materiais perecíveis, logo ruirá...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sexta feira da VII Semana de Páscoa

Sexta, 25 de maio de 2012

“Senhor, tu sabes tudo: tu sabes que eu te amo” (Jo 21, 17)

Somente à luz da ressurreição, a chamada de Pedro ganha um sentido definitivo. Para seguir Jesus é preciso amá-lo. Porém, esse amor não deve ser apenas em direção a um outro, mas integral. Um doar-se livre, entregando a nossa vontade, inteligência e espírito àquele que é nosso Senhor.
Aquele que ama por interesse, mais cedo ou mais tarde – mas sempre – se decepciona, pois o que é querido ou se supera ou se frustra... e o que se mantém? Acreditar no senhorio de Deus, realizado definitivamente em Cristo é confiar que ele é de fato Absoluto e que não há nada melhor que viver em comunhão com ele.
É só diante desse amor integral que Cristo chama: “Segue-me”. Sabemos, que esse caminho não é fácil, há consequências, renúncias. Mesmo assim, será sempre melhor, porque estaremos seguindo um senhor que também nos ama e não exige de nós mais do que podemos dar, ele apenas pede uma resposta...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Quinta feira da VII Semana de Páscoa

Quinta, 24 de maio de 2012

“Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em Ti” (Jo 17, 21)

Eis a síntese da oração de Jesus ao Pai: “Que todos sejam um”. Mas o que significaria essa unidade? O amor que brota do Pai e gera o Filho é amor gratuito, de doação livre de si que beneficia o outro, não por interesse, mas pela livre decisão de estar.
A ideia de uma comunidade cristã brota dessa realidade, uma união “como” a do Pai e do Filho, que gera unidade. Essa “comum-união” implica um pensar juntos, um viver a partir dos mesmos projetos, com as mesmas metas.
É a Palavra de Deus, realizada em Cristo, que torna possível essa unidade. Ela torna-se vínculo de comunhão quando é Verdade revelada por Deus para que os homens tenham vida plena. Sendo verdade única e definitiva, não pode ser variada pelas nossas opções...

Quarta feira da VII Semana de Páscoa

Quarta, 23 de maio de 2012

“Eles não são do mundo...” (Jo 17, 16)

Cristo intercede pelos homens realizando o seu pleno sacerdócio. Ele realiza a plena mediação por que religa o antigo caminho, quebrado pelos nossos primeiros pais. Ele aponta o nosso verdadeiro e definitivo fim, que não é nesse mundo.
Jesus cumpre a mediação porque, sendo Deus e homem, assume as duas “partes” que estavam em aparente oposição. Ele media enquanto religa, enquanto dignifica a humanidade caída reconhecendo nela o sopro sempre presente do Pai.
Que o mistério da encarnação nos eleve desse mundo e nos faça buscar o nosso verdadeiro fim. Não somos desse mundo, somos concidadãos do céu, isso não exige uma fuga dessa realidade, mas um constante olhar para o alto...

Terça feira da VII Semana de Páscoa

Terça, 22 de maio de 2012

“Pai, glorifica o teu Filho” (Jo 17, 1)

A oração de Cristo cumpre a grande missão do Logos Divino: Revelar a Verdade de Deus. Esse revelação se realiza mediante a nossa humanidade. A glória do Filho é a divinização de nossa humanidade elevada ao Pai. É a destruição de tudo aquilo que nos impede de contemplar o eterno. Cristo é mediador porque atualiza o Verbo de Deus em nossa humanidade, exaltando-a.
A nossa condição de pecado não nos impede de buscar a santidade. A exemplo do Cristo que se fez pecado, entregou a sua vida e realizou o pleno sacrifício, nós somos chamados a entrar nessa realidade, oferecendo as nossas vidas como sacrifício agradável a Deus. No exemplo do Cristo Mediador, somos também chamados a ser sacerdotes, altares e vítimas, a entregar a nossa vida de forma livre e integral ao nosso único Senhor e Pai.
Que Deus acolha os nossos sacrifícios, as nossas dores e a nossa vontade de santidade. Que as quedas não sejam derrotas definitivas de nossa humanidade, mas oportunidades para ganhar mais forças no levantar-se. Que toda a nossa vida seja um culto a Deus Pai, que ama os seus filhos e os deseja junto a si.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Segunda da VII Semana de Páscoa

Segunda, 21 de maio de 2012

“Tenham coragem: eu venci o mundo” (Jo 16, 33)

Só à luz do Cristo ressuscitado e glorioso à direita do Pai podemos compreender essa promessa. Temos um homem no seio da eternidade, ele abre as portas para a nossa humanidade ferida. As tribulações que sofremos não se comparam mais com a paz que delas brotam. Cristo, em sua encarnação, paixão e morte vence o mundo.
A vitória de Jesus sobre o pecado e a morte é a nossa vitória. As nossas tribulações portam consigo a possibilidade de viver a dinâmica do Cristo. Ele, entregando-se por amor ao mistério da cruz realiza o verdadeiro sacrifício agradável a Deus. Cristo vence o mundo porque vence a sua lógica, ele entrega a sua vida e não espera nada em troca.
Que a glória de Cristo seja o nosso alimento na grande estrada da vida. Que a nossa vitória sobre o mundo se realize mediante a força do seu espírito que entrega-se em plena liberdade por amor livre. Que o mistério de sua ascensão abra as portas para a nossa humanidade elevando a nossa condição à dignidade de Filhos de Deus, herdeiros do Eterno.

domingo, 20 de maio de 2012

Uma porta aberta


“... e sentou-se à direita de Deus” (Mc 15, 19)

Celebrar a festa da Ascensão do Senhor é viver a elevação de nossa humanidade até Deus. Jesus Cristo, no mistério de sua vida, morte e ressurreição apresenta ao homem a Verdade definitiva do Pai. A sua elevação aos céus implica o fim desse percurso de nossa humanidade regenerada: uma porta nos é aberta.
Eis o cerne da vida cristã: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura!” (Mc 16, 15). Mas o que anunciamos? Que grande notícia é essa que somos chamados a portar a todos os homens? Cristo vive, venceu a morte, assumiu a nossa culpa e nos redimiu da condenação eterna.
Essa notícia passa a ser paradigma de uma nova vida, a vida dos filhos de Deus. Quem entra nessa dinâmica encontra o sentido para a sua vida, quem a nega continua a vagar por caminhos sempre incertos, eternamente a procura de um fim.
Os cristãos passam, com isso, a ser, não portadores de ideias, doutrinas ou filosofia de vida, mas de um modo de ser e viver conformado ao Cristo Jesus, Filho amado do Pai. Ele, que vem ao mundo instaurar o Reino de Deus, vence os demônios que nos desviam do verdadeiro caminho por que nos mostra o nosso verdadeiro Senhor.
O senhorio do pecado, de suas deformações e da morte, sua consequência última, é, enfim, vencido, porque o verdadeiro Senhor do mundo assume o definitivo lugar. Deus é senhor da humanidade, ele reina por meio de Cristo, Verbo Eterno do Pai.
A ascensão de Jesus Cristo aos céus implica a elevação de nossa humanidade junto a Deus. A partir dele, nossa humanidade encontra um novo e definitivo caminho para a eternidade. Temos um homem no seio da eternidade, ele está de braços abertos e acolhe a humanidade que procura realizar o seu caminho.
Cristo não afasta-se de nossa humanidade. Pelo contrário, ele a confirma, elevando-a à eternidade e, sentando-se à “direita de Deus” (Mc 15, 19). O projeto de Deus é recapitulado, o pecado é, enfim redimido, a morte eterna é vencida por Cristo e por todos aqueles que o seguem. A porta dos céus nos é aberta novamente por Cristo.

“O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra pelos sinais que a acompanhavam” (Mc 15, 20). Ele não se afasta por que o seu espírito caminha junto com todo aquele que anuncia a sua verdade em meio aos homens. Ele não se distancia de nossa humanidade porque, pela sua ressurreição, a sua vida torna-se eterna e nossa humanidade santificada.

Sábado da VI Semana de Páscoa

Domingo, 20 de maio de 2012

“Se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vos dará” (Jo 16, 23)

Que significa pedir em nome de Cristo? Falar ao Pai em nome do Filho, implica falar como filho. Dirigir-se ao Pai e dialogar com ele em um plano de amor que ultrapassa as lógicas humanas e coloca-nos em um contínuo doar-se. É desse amor de paterno que somos chamados a participar, colocando-se sempre como filhos.
Diante do nosso orgulho que quer gritar por emancipação, Jesus nos apresenta o grande amor que Deus tem pela humanidade. Amor que cria, protege e salva. Para vivê-lo, não precisamos fazer muita coisa, basta deixar-se guiar por esse Pai que nos quer sempre junto de si.
Que o espírito do Cristo, Filho amado do Pai, nos guie nesse caminho de contínuo retorno ao nosso verdadeiro lar. Que o nosso orgulho por uma falsa independência ou as riquezas, que criam falsas seguranças, não nos impeçam de nos levantar e tornar ao encontro do grande abraço que acolhe e ama.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Sexta feira da VI Semana de Páscoa

Sexta, 18 de maio de 2012

“O vosso coração se alegrará e ninguém poderá retirar a vossa alegria” (Jo 16, 22)

Jesus apresenta aos seus discípulos a dinâmica da cruz. Ela mostra uma aparente vitória do mal, uma derrota do bem. Entretanto, o seu percurso termina com a grande luz da vida nova. Uma vida que nasce da livre entrega de si, entrega de amor. A grande alegria está exatamente aqui, em encontrar o grande sentido, a grande e definitiva luz.
A grande escuridão que parece ser o sofrimento, às vezes, nos cega, nos impede de enxergar a realidade que nos envolve. Ela não nos permite caminhar. Por outro lado, ela é pedagógica por que nos prepara, nos faz parar e refletir, esperando que a grande promessa se cumpra. Uma dor que se transforma em alegria, por que forma, ensina, modela.
Que a esperança nessa promessa nos dê forças, que a escuridão, não seja compreendida como caos, mas como preparação para a grande vitória realizada de uma vez por todas no madeiro. A vitória de Cristo na cruz é sinal de que todo sofrimento é transformado em alegria, uma alegria definitiva e completa.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Quinta feira da VI Semana de Páscoa

Quinta, 17 de maio de 2012

“A vossa tristeza se transformará em alegria” (Jo 16, 20)

O caminho de Cristo rumo ao Pai atravessa o mistério da Paixão, o escândalo da cruz e a alegria da ressurreição. Não compreendemos esse caminho porque ele vai além de nossas lógicas. O percurso que Jesus realiza deve ser o mesmo que nós devemos percorrer. Entretanto, devemos esperar e assumir todas as suas consequências.
Quantas vezes, entretanto, queremos desistir? Nos sentimos cansados com tudo que está ao nosso redor. Ficamos tristes com uma vida que parece perder o sentido... Essa tristeza, já anunciada por Cristo é sinal de que a dor muitas vezes cobre e apaga a esperança de um futuro que vem, com certeza.
Que essa promessa reanime a nossa caminhada. Que a nossa dor seja realmente transformada em alegria, que as nossas quedas nos ajudem a criar forças nessa longa caminhada, que as lágrimas nos façam realmente entrar na grande escuridão da Cruz. Essa é indício de um novo dia que está para vir trazendo, como ele, a luz da ressurreição.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Quarta da VI Semana de Páscoa

Quarta, 16 de maio de 2012

“O Espírito da Verdade vos guiará a toda Verdade” (Jo 16, 13)

A Verdade que Deus revela por meio do seu Filho é definitiva, não há mais nada o que apresentar ao mundo, em Cristo toda a criação se recapitula. Entretanto, a morte e ressurreição de Cristo, sua aparição e ascensão ao céu completa o percurso definitivo da salvação humana.
Como mistério, essa verdade só pode ser compreendida com o tempo, na dinâmica do Espírito de Deus. Mais do que um conteúdo a ser “apreendido”, a verdade salvífica é sempre um mistério a ser contemplado, experimentado, nunca exaurido pela nossa razão. É um movimento que nós devemos entrar e viver, não ver de longe, como meros expectadores.
Que o Espírito da Verdade no guie na dinâmica desse mistério. Que o tempo nos modele e a história nos torne aptos a viver essa Verdade em nossas vidas. É o Espírito do Cristo Ressuscitado, Verdade Revelada pelo Pai que nos acompanha. Não temos o que ou a quem temer.

Terça feira da VI Semana de Páscoa

Terça, 15 de maio de 2012

“Se eu não for, não virá para vós o Paráclito” (Jo 16, 7)

O Espírito Santo é a manifestação pessoal do amor eterno do Pai que gera o Filho. Esse amor que envia o Verbo ao mundo é o mesmo que o ressuscita para que o seu corpo não se corrompa e o Logos seja disperso como mais uma palavra. Ele manifesta a plena justiça de Deus que possui Cristo como Verdade central, salvando os que a ela se conformam e condenando os que dela se distanciam.
A Justiça plena já foi confirmada por Deus Pai, nós devemos nos conformar a ela. Não há outra verdade a ser revelada, não há outra vida a ser conhecida, outro caminho a ser descoberto. Cristo retorna ao Pai e porta com ele uma humanidade restaurada, ferida pelos nossos pecados, chagada pelas nossas culpas, mas salva pelo seu mistério de amor que se doa e nos justifica da antiga culpa.
Que esse Espírito nos coloque na dinâmica do amor que cria e cuida e, não obstante a nossa negação, toca a nossa humanidade, arriscando-se, e nos salva. Viver essa experiência é aceitar o projeto de Deus para as nossas vidas que revela o seu desígnio por meio do seu Verbo eterno e o confirma por meio do Seu Espírito.

Segunda feira da VI Semana de Páscoa

Segunda, 15 de maio de 2012

“Fui eu que vos escolhi” (Jo 15, 16)

O discurso de Cristo, que resume o mistério de sua vida e, consequentemente, daquele que o segue, possui o seu ápice no amor que elege. Esse escolhe o homem a partir de um desígnio divino misterioso para manifestar a realidade de seu projeto. Com isso, nós nos tornamos instrumentos do amor de Deus no meio do mundo. Amor que se expande e dá frutos de vida.
Deus chama homens para participar de seu mistério salvífico, não deuses. Ele os chama para a santidade, para participar de sua divindade. Essa escolha, entretanto, se realiza na liberdade humana, uma escolha que requer sacrifício, entrega, dom de si. Não somos escolhidos pelos nossos méritos, qualidades ou habilidades, mas para que se realize o projeto divino de amor pela humanidade. Amor que é livre gratuito e integral.
Que nós nos deixemos ser guiados por esse convite livre e gratuito de Deus Pai que chama por meio do Filho, na força do Espírito. Que essa escolha abra os nossos olhos para viver essa instrumentalidade salvifica, que irradia o amor divino e, como ele, porta frutos de salvação e vida plena a todos os que dele participam.

O dom de si


“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 15, 12)

Em suas últimas palavras, Jesus procura sintetizar toda a dinâmica de sua mensagem, busca resumir toda a riqueza de sua vida. Daí que surge o mandamento do amor. Esse não é só um belo discurso, uma frase que possa permanecer em nossas mentes, mas a fonte de todo o cristianismo. Um amor que é gratuito, que implica dom de si.
Vivemos em uma sociedade permeada pela compra e troca de relações humanas. Em tudo há um interesse, nas ações, um valor, na vida, um preço... O homem torna-se instrumento a ser comercializado, trocado, valorizado pelas suas habilidades. As relações humanas perdem a sua riqueza, o mistério do encontro de dois mundos, duas histórias, duas vidas.
Cristo fala a esse tipo de mundo, responde com a sua própria vida e mostra o verdadeiro mandamento, o verdadeiro caminho: “Amai-vos uns aos outros”.
Que significa esse amor? Primeiramente relação. Entrar em contato com um mundo diferente do meu, uma vida distante da minha, uma história que se cruza com a minha, portanto, uma relação com um outro “eu”. Esse contato deve ser permeado de uma verdadeira consciência de si. Se eu reconheço os meus defeitos, as minhas limitações, as minhas faltas, não posso me escandalizar nem esperar algo mais do outro...
Como amar um mundo diverso do meu, uma vida diferente da minha, caminhos diversos dos meus? Cristo responde: “... como eu vos amei”. O seu amor não era discurso, texto, ensinamento, mas vida: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). É no alto da cruz que ele revela a síntese de seu mandamento. É entregando a sua vida por aqueles que não mereciam que ele revela que esse movimento vai além de nossa compreensão, porque vem de Deus.
É dessa “divindade” que gera, protege e dá a vida, que participa o amor de mãe. Um amor que entrega-se, doa a própria vida, arriscando-a, para que o outro a tenha em plenitude. Um amor que não busca nada em troca, pelo contrário, gasta-se a si mesmo, na esperança que o outro apenas viva. Um amor que é dom de si, pois é movimento em direção a um outro que é e será sempre mistério, mundo que não pode ser esquadrinhado pela nossa razão.
Como responder a esse amor? Vivendo-o em plenitude, como resposta àquele que nos ama por primeiro. Caminhando ao encontro dessa fonte de vida e refletindo esse amor como um dom de si. Um movimento em direção ao outro, na entrega de nossa própria vida de forma gratuita, livre e despojada como Cristo, fonte de amor e vida, fez por nós.

Sábado da V Semana de Páscoa

Sábado, 12 de maio de 2012

“Não sois do mundo, por isso o mundo vos odeia” (Jo 15, 19)

O cristão não é apenas aquele que segue as ideias do Cristo, mas aquele que faz transparecer em sua vida as ações do seu mestre. Assim sendo, ele também sofre todas as consequências de sua opção. A oposição luz e trevas, Cristo e mundo que nos fazer conhecer e optar pelo verdadeiro reino, pelo Senhor que queremos dedicar a nossa vida. Esses “reinos” se opõem, pois possuem senhores e fins diversos.
Se nós optamos por um caminho, devemos compreender as suas consequências. Devemos saber que a sua opção implica a negação de muitas outras vias. A nossa opção por Cristo implica luta contra um mundo que tenta relativizar as suas Palavras, que ridiculariza, nega e persegue todo aquele que não é do mundo. Ser “do mundo” implica assumir o reino dos homens, deixar que a verdade humana permeie todas as relações.
Que nós aprendamos a viver nesta realidade, sem deixar-se abraçar por ela, dominar-se pelos seus interesses. Que a perseguição que o mundo realiza contra aqueles que buscam a Cristo seja um sinal positivo de que estes estão na via correta. Que isso nos sirva de estímulo para seguir esse percurso rumo ao autor e consumador de nossa fé.

Sexta feira da V Semana de Páscoa

Sexta, 11 de maio de 2012

“Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15, 12)

Cristo, filho amado do Pai, gerado antes dos tempos, mostra ao homem o verdadeiro rosto do amor. Ele nos mostra como amar por que traz em si a verdadeira síntese do amor. Ele não ensina com palavras, regras ou discursos: “Como eu vos amei”. O amor cristão, que brota de Cristo crucificado é um amor pessoal, vivido, não “professado”. Esse não parte de uma ideia ou filosofia de vida, mas de um homem que ensina-nos com a vida.
Em um mundo de tantas relações, de tantos conteúdos, de uma evolução técnico-científica tão avançada, esquecemos que o amor não é sentimento, não é reflexão, mas vida que movimenta-se em relação ao outro, que esvazia-se pelo outro. Um movimento que não exige troca, que ama sem esperar resposta, que entrega-se, sem nada aguardar.
Que esse amor, Senhor, seja o motivo de nossa vida. Diante de tantas trocas, de comércio, da objetivação de coisas e pessoas, nós possamos aprender a amar como Cristo nos ama. Um amor gratuito, livre, que não espera, que apenas ama pela beleza de amar. Vivamos esse amor, até à cruz, se necessário, colocando a nossa vida mais próxima do nosso Senhor e nosso Deus.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Quinta feira da V Semana de Páscoa

Quinta, 10 de maio de 2012

“Permanecei no meu amor” (Jo 15, 9)

Dois verbos saltam aos nossos olhos a partir desse versículo: “Permanecer” e “amar”. Em uma dinâmica social que prega uma evolução à qualquer custo, qualidades como perseverança são quase esquecidas. Em um contexto de desenvolvimento que nega a pessoa humana com fim último, o amor deixa de ser o vínculo de comunhão social.
Eis os dois grandes antídotos contra uma sociedade que, gradativamente, desfigura a face humana: amar e permanecer. Conteúdo e método de uma nova vida que se fundamenta na pessoa do Cristo morto e ressuscitado. A questão não é amar de qualquer forma ou permanecer de qualquer jeito. Cristo é sempre o centro dessas ações.
Que possamos buscar a graça de um amor constante, fundado no amor daquele que doa a sua vida e vai até às ultimas consequências para nos mostrar o caminho, realizando, assim, a obra de nossa salvação. Que, lutando contra um mundo que quantifica as coisas e as pessoas e instrumentaliza as relações, possamos permanecer no verdadeiro amor.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Quarta da V Semana de Páscoa

Quarta, 09 de maio de 2012

“Eu sou a videira, vós sois os ramos” (Jo 15, 5)

A imagem da videira nos apresenta a dinâmica de uma vida que só porta frutos quando está próxima dela sua fonte originária. Pelo mistério da encarnação todos os homens estão ligados à Cristo, Verbo Eterno, porém, nem todos perseveram nessa união. Distanciando-se desse “tronco de vida”, estamos distanciando-se de nossa própria humanidade.
A “secura” ou vazio que, muitas vezes, sentimos no nosso ser é causada porque não recebemos a “seiva” da vida que atinge aqueles que estão em comunhão com Cristo. Não a recebemos pelo fato que o peso do nosso orgulho quebra-nos e nos distancia dessa vida. Rejeitamos esse alimento porque nos sentimos independentes, quanto a nossa existência.
Não permiti, ó Deus, que nos distanciemos dessa fonte de vida plena. Que a Encarnação de sua Palavra Eterna nos faça buscar a essência de nossa humanidade que é a comunhão. Essa, vai muito mais do que um viver e agir juntos, mas nos torna unidos ao mesmo Pai, receptores do mesmo amor que unifica e dá vida em plenitude.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Terça feira da V Semana de Páscoa

Terça, 08 de maio de 2012

“Vos deixo a paz, vos dou a minha paz” (Jo 14, 27)

Cristo ensina gradativamente aos seus discípulos a dinâmica da cruz. Ela porta o homem a um estado de paz, não a um sofrimento vazio de sentido. A paz que o mundo dá brota dos sentidos, dos bens, de uma imaginação que cria uma falsa segurança, uma fingida falsa satisfação. A paz que Cristo nos dá é fruto de uma comunhão plena com Deus Pai, na obediência à sua vontade.
É legítima a busca humana por paz, segurança, satisfação. Isso levou e ainda porta a humanidade a um processo de evolução. Entretanto, esses mesmos desejos podem desfigurar a nossa própria identidade. Somos mais do que um complexo psíquico e biológico, somos mais do que animais pensantes. Fomos criados com o sopro divino, possuímos o seu espírito.
Nesse sentido, não podemos viver apenas fundamentado na manutenção do nosso organismo. Somos muito mais do que vemos e pensamos. Compreender isso é aproximar-se de uma paz que o mundo não nos dá, pois essa não é criação de  nossas próprias mãos, mas se realiza na descoberta de nossa própria identidade de criaturas modeladas da terra e sopradas por Deus e na vivência dessa realidade.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Segunda feira da V Semana de Páscoa

Segunda, 07 de maio de 2012

“Quem me ama oberva a minha Palavra” (Jo 14, 23)

Cristo nos revela que é na aderência de amor à Palavra, que se revela o mistério da Trindade. Um Deus que é uno enquanto divino e absoluto, mas trino em sua dinâmica interna de amor à humanidade. Gera o filho enquanto Palavra, como paradigma de toda a criação. Faz proceder o Espírito dessa dinâmica de relação paterna, do amor que brota dessa geração.
Amor implica adesão ao que é amado, movimento de atração que implica renúncia a outros “caminhos”. Realizar a vida em Cristo, Palavra de Deus, significa optar por um caminho e, consequentemente, deixar de lado outros. Observar Cristo como Verbo Eterno é ver Deus Pai como autor dessa Palavra, é saber caminhar segundo o desígnio de nossa criação.
Em um mundo que vulgariza a criação, a palavra e o amor, somos chamados à purificar esses conceitos e entrar em sua verdadeira dinâmica: A Palavra que revela enquanto Verdade e Cria enquanto Amor. Segui-la na é opção qualquer, mas via necessária de uma humanidade que se fragiliza, a cada dia, em suas relações com o mundo e consigo mesma.

Frutos de felicidade


“Permanecei em mim e eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4)

Deus revela o seu projeto de amor pela humanidade por meio de seu filho Jesus Cristo. Ele é quem porta à humanidade à verdadeira alegria de Filhos de Deus. Entretanto, para que isso se realize, é preciso que nós estejamos em comunhão com ele, ligados às suas palavras e ações. Só deste modo, receberemos o cuidado necessário que o Pai dá aos seus filhos amados.
A partir dessa união, seremos capazes de gerar frutos de alegria em nossa vida. Seremos transmissores da própria Vida que tem Cristo como princípio e fim. “Todo ramo que não dá fruto em mim, ele o corta; e todo ramo que dá fruto ele o poda para dê mais frutos” (Jo 15, 2). A vida ou a morte é consequência lógica de nossa escolha. O mal é o distanciamento gradativo dessa fonte de Vida fundamentada em Jesus.
É a Palavra de Deus quem modela, define, limita, “poda” a nossa existência. Só ela nos conforma à realidade do Cristo, Verbo Eterno de Deus. É por meio dela que somos aptos a gerar frutos.
Entretanto, a exigência fundamental para que essa comunhão seja plena é a perseverança: “Como o ramo não pode dar frutos por si mesmo se não permanece na videira, assim nem mesmo vocês, se não permanecerem em mim” (Jo 15, 24). Só Deus dá vida ao mundo, se queremos essa vida devemos ser participantes de sua divindade, e isso só se realiza por meio do seu filho: Videira, na qual somos os ramos.
“Quem permanece em mim e eu nesse, este dá muitos frutos, por que sem mim não podeis fazer nada” (Jo 15, 5). Aqui está sintetizada toda a doutrina cristã e chave de compreensão eclesial. Cristo é o tronco da videira, nós, os ramos. A partir dele, podemos compreender a dinâmica de uma nova humanidade, iluminada pela sua Palavra, fortalecida pelo seu Espírito, mantida e auxiliada pela providência do Pai.
O fruto definitivo dessa videira é a grande alegria dos filhos de Deus, encontrar nessa comunhão o sentido último de nossa humanidade: filhos de um mesmo Pai, ramos de uma mesma videira, membros de um mesmo corpo.
Esta e a glória definitiva de Deus: um homem construído à sua imagem e semelhança. À imagem do Cristo, Verdadeiro Homem, unidos ao Espírito Santo, princípio e fonte de toda comunhão, sob a ação providente e amorosa do Pai, que cria, cuida e mantém a grande obra chamada humanidade.

Sábado da IV Semana da Quaresma

Sábado, 5 de maio de 2012

“Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14, 9)

Como ver em Cristo a imagem do Pai? As palavras e obras realizadas por Jesus durante a sua vida terrena revela a preocupação de Deus pelos homens e a sua iniciativa pedagógica de conduzi-los à terra prometida. O seu mistério da Paixão e Morte mostra o ápice desse amor, na entrega do Filho de Deus para que o mundo fosse livre.
Da mesma forma, negar Cristo, a sua Palavra e as suas ações é negar o próprio Deus. É rejeitar o amor de um pai que preocupa-se com os seus filhos, que quer vê-los felizes, mas não pode se opor ao mistério da liberdade humana, a uma ordem que ele mesmo predispôs. Que podemos fazer diante desse pai? Teremos a coragem de renegar esse amor gratuito e generoso esbravejando o nosso orgulho de querer ser independentes?
Sim, queremos esse amor de Pai, queremos ver em Cristo o sinal vivo de que alguém que nos ama verdadeiramente, sem condições ou limitações. Queremos voltar à casa paterna e nunca mais sairmos da alegria dessa comunhão. Entretanto, só podemos realiza-la se entrarmos na dinâmica do filho que, humilhado, faminto e sofredor, resolve voltar...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Sexta feira da IV Semana de Páscoa

Sexta, 04 de maio de 2012

“Vou preparar para vós um lugar” (Jo 14, 2)

Cristo, com a sua ressurreição, abre para nós um novo caminho: o retorno à casa do Pai. Todos podem realizar esse trajeto, basta seguir o Filho amado e unigênito de Deus. Nele, a nossa humanidade ferida é restaurada, com ele ganhamos uma vida nova mediante o mistério da cruz.
Como, entretanto, confiar em algo que não vemos, em alguém que não está presente, diante de nossos olhos. Basta olhar para a história, ela é o melhor argumento de todos. A Igreja e suas ações, os santos e seu testemunho, o kerygma e as suas consequências. Sim, Cristo é vivo, presente em nossa história, ele acompanha a nossa caminhada rumo à Deus.
Para que esse caminho se realize é preciso forças, espírito de renúncia e sacrifício, pois essa via é longa e árdua. Entretanto, as renúncias que realizamos não se comparam com o grande abraço que daremos quando tornarmos à verdadeira e plena comunhão. As “alegrias” que renunciamos não são nada diante da grande festa que nos espera.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Festa de São Felipe e São Tiago, Apóstolos

Quinta, 03 de maio de 2012

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6)

Jesus revela definitivamente o rosto do Pai. Enquanto homem, mostra a presença de Deus em nossa história. Enquanto divino, realiza plenamente a sua obra de redenção. Por meio da Cruz, apresenta, definitivamente a verdade do caminho que porta à vida.
A partir dele, não podemos mais procurar no mundo outros caminhos de salvação, outras vias paralelas, somente em Cristo podemos ser salvos. Como rosto do Pai, Cristo pode afirmar-se Verdade, mostrando-se ao mundo como homem em plenitude, mostra o caminho, e por meio de sua entrega na cruz, entrega-nos o seu Espírito e doa-nos a Vida.
Que na festa de São Felipe e São Tiago, possamos ser assumir esse projeto que Cristo nos apresenta. Esse não é uma filosofia de vida, “mais um” caminho de salvação, mas o próprio projeto que o Pai realiza em nossa humanidade. Ele, por meio do Filho, apresenta-nos a vida, pelo Caminho da Verdade encerrados no mistério da Paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Quarta feira da IV Semana de Páscoa

Quarta, 02 de maio de 2012

“Eu vim ao mundo como luz” (Jo 12, 46)

Jesus revela-se como caminho querido por Deus Pai enquanto luz. Como tal, ele apresenta ao mundo o único caminho que porta a humanidade à sua plenitude. Por outro lado, a negação dessa luz comporta condenação, implica dor em uma existência sem luz, caótica, sem sentido de ser. O homem, nesse sentido, é condenado ou salvo pelo caminho que escolhe.
Qual caminho seguir? O mundo, por sua vez, apresenta muitos outros caminhos, apresentam luzes que brilham aos nossos olhos e nos atraem a si. Entretanto, todas essas luzes, alguma hora se apaga, esses caminhos, mais cedo ou mais tarde, perdem o seu brilho inicial. Somente o caminho da cruz é via de salvação, por que nos porta à glória do homem vivo.
Fazei, Senhor, que participemos da vida de vosso filho, Jesus Cristo. Ele, que vem ao mundo, como luz, purifica o nosso olhar de um mundo que nos atrai, mas que não nos dá vida plena. Que possamos optar pela verdadeira luz, que porta a humanidade à sua plenitude definitiva, tornando-a imagem daquela perfeita Luz.

Festa de São José Operário

Terça, 1º de maio de 2012

“Não é ele o filho do carpinteiro?” (Mt 13, 55)

A incredulidade do povo provinha do fato de que não seria possível, para as suas compreensões, que o Messias esperado surgisse de uma família simples, conhecida de todos, de sua própria história. Em Cristo, Deus mostra que a salvação nasce de nossa própria história e exige, com isso, a nossa responsabilidade na construção do Reino de Deus.
A grandeza do trabalho humano, de suas descobertas científicas, da evolução tecnológica não se contrapõe ao poder de Deus, não coloca o homem como rival da divindade, mas o faz parte do projeto providente de colocar o homem no ápice da criação, dominando-a. Cabe ao homem tomar a sério a sua identidade sobre essa ordem criadora e providente.
Saibamos nos colocar no centro dessa humanidade, não negando Deus, mas verdadeiramente afirmando o seu desígnio criador. Que essa centralidade faça de nós cooperadores diretos do projeto de Deus Pai que cria o mundo e coloca o homem como agente principal dessa obra. Somos sim, agentes no mundo, cooperadores do Reino.