segunda-feira, 30 de abril de 2012

Segunda feira da IV Semana de Páscoa

Segunda, 30 de abril de 2012

“Ele chama as suas ovelhas, cada uma por nome, e as conduz fora” (Jo 10, 3)

O discurso sobre o bom pastor encontra o seu ápice em Jesus que é centro de suas ovelhas. Ele chama a cada um por seu nome, por que as conhece. Ele possui uma interação pessoal com aqueles que lhe são confiados. O ladrão, não interage com as ovelhas por que não as conhece, visa apenas retirar algum benefício delas.
Daqui resulta a postura das ovelhas: elas seguem o pastor. Seguem-no não pelas suas técnicas, pelas suas habilidades, pelos benefícios que ele pode trazer, mas por que reconhece a sua voz. É, portanto, uma relação de confiança com aquele que guia. Só podemos confiar naqueles que, de fato, nos conhecem.
Concedei, Senhor, que sejamos ovelhas do seu rebanho. Que nossas limitações e fraquezas não nos desviem desses que são a ti confiados. Possamos temer e fugir aquele que busca apenas roubar e destruir. Que, reconhecendo a voz do pastor, possamos correr ao seu encontro e caminhar com ele às boas pastagens.

O Bom Pastor



“Eu sou o bom pastor” (Jo 10, 11)

O recente caso da liberação por parte do Supremo Tribunal Federal do aborto de bebês “anencéfalos” traz consigo uma grande problemática: o valor da vida humana frente à sociedade. Por trás dessa decisão há uma grande filosofia de fundo, que compreende a pessoa humana pelas suas habilidades, pela sua “viabilidade”.
A imagem do Bom Pastor é essencial para compreender o pensamento da Igreja diante dessa realidade: “o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10, 11). Eis a grande postura daquele que é chamado a estar à frente de uma comunidade: doar-se em favor dos outros, compreender o valor da vida humana em sua essência, não em sua utilidade.
Vivemos, entretanto, em uma sociedade mercenária, que não interessa com a vida humana, que vê apenas a sua utilidade, enfim, que “não se importa com as ovelhas” (Jo 10, 13). É essa a mentalidade que permeia uma postura daquele que descarta a vida humana quando ela ameaça algum sofrimento para aqueles que a rodeiam. Que retira do homem todos os possíveis obstáculos que ele possa oferecer, que o lança fora quando ele não pode contribuir para o “bem comum”.
“Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem” (Jo 10, 14). Cristo é o Bom Pastor por que conhece as suas ovelhas, há uma relação interpessoal com aqueles que é a ele confiado. Conhecendo, ele é capaz de dar a vida por elas. Não há aproveitamento em sua postura, pelo contrário, há um gastar-se de si mesmo em benefício dos outros. Há um viver em função do outro.
“Por isso o Pai me ama. Porque dou a minha vida para retomá-la” (Jo 10, 17). Porém, não se dá aquilo que não tem. Cristo, só dá a sua vida por que a possui, por que a tem em suas mãos. Ele não se deixa manipular pelos seus interesses, pelos seus gostos pessoais, pelas suas necessidades particulares. Ele possui a si mesmo, por isso doa-se.
Só uma sociedade livre dos seus interesses particulares pode começar a pensar no valor da vida humana em sua dimensão fundamental. Só entre indivíduos que possuem a si mesmos, por que estão livres de interesses que deformam as suas opções, pode reinar a verdadeira gratuidade interpessoal, presente no bom pastor.
Cristo é o Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas, que dá a vida por elas. Ele é o paradigma para a uma sociedade que esquece o valor da vida humana, que a vende, a troca, que a lança fora... É paradigma de um novo rebanho, com um só pastor.

sábado, 28 de abril de 2012

Sábado da III Semana da Páscoa

Sábado, 28 de abril de 2012

“A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de Vida eterna” (Jo 6, 68)

A confissão de Pedro resume todo o discurso sobre o Pão da Vida realizado por Jesus. Só ele tem Palavras de vida eterna. Uma Palavra que alimenta enquanto dá sentido, nova vida à humanidade, eternamente enquanto Verbo Eterno de Deus. Não há mais nenhuma Palavra que possa ser revelada. Em Cristo toda a verdade da humanidade é sintetizada.
Como viver, entretanto, à luz dessa Palavra? Obedecendo. Obedecer significa baixar a cabeça àquilo que se escuta, consentir à verdade pronunciada. Essa é a centralidade da fé daqueles que veem Cristo como alimento de Vida eterna. Ele é a Palavra que resume, define e dá sentido à nossa caminhada.
Iluminai, Senhor, o nosso caminho com a luz de sua palavra, encarnada em Jesus Cristo. Que a sua vida seja para nós alimento, nutrindo a nossa existência de sentido e força para construirmos a nossa santidade sob a graça divina. Só tu tens Palavras de Vida Eterna, seu Verbo é a própria vida que se faz plena, que tudo plenifica.

Sexta feira da III Semana da Páscoa

Sexta, 27 de abril de 2012

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6, 54)

O alimento nutre aquele que o recebe, revigora as suas forças, dá vida a um corpo que, por si mesmo, não se sustentaria. Cristo é nutrimento de vida eterna, sua humanidade é permeada de divindade. Comer a sua carne significa fazer com que ela faça parte de nossa existência, permeando também a nossa humanidade com o seu Verbo eterno.
Em nosso mundo existem muitos alimentos, substancias que prometem nutrir o homem dando-lhe vida, vigor, saúde. Entretanto, tudo isso perecem com o tempo, perde o eu valor logo quando utilizado, torna-se sempre resto a ser lançado “fora”. Qual alimento devemos escolher? De qual devemos nos nutrir?
Em um mundo de coisas perecíveis, concedei, Senhor, que busquemos um alimento que nos nutre eternamente. Que a presença de seu Verbo em nossa vida nos torne capazes de viver sempre segundo à tua vontade, para que possamos sempre fazer a verdadeira escolha entre os alimentos descartáveis e aqueles que nos levam a vida eterna.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Quinta feira da III Semana de Páscoa

Quinta, 26 de abril de 2012

“Eu sou o pão vivo descido do céu” (Jo 6, 51)

Jesus Cristo traz a plenitude da salvação de Deus enquanto pão vivo descido do céu. Enquanto desce do céu, ele é o escolhido e enviado por Deus para comunicar e realizar essa salvação. Doando o seu corpo ele se faz alimento, doa a sua vida para que outros sejas sustentados. Como Deus, sua doação é plena e porta-nos à vida eterna.
Por que a dificuldade em acreditar que Cristo é Pão vivo e eterno? Marcados pelo pecado dos nossos primeiros pais, temos sempre o orgulho de nos pensar independentes de Deus. Queremos, por nossas próprias forças, buscar o nosso sustento, sentido e vida. Esquecemos que temos acima de nós um Deus que é providente por que cria e ama.
Quebrai, Senhor, o nosso orgulho e fazei que possamos participar desse banquete gratuito que tu preparastes para nós. Que por meio do vosso filho, possamos ser fortalecidos com um alimento de vida eterna, isto é, seu corpo entregue como sacrifício em expiação de nossas culpas. Sua vida pela nossa.

Festa de São Marcos, Evangelista

Quarta, 25 de abril de 2012

“Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15)

O centro do kerygma é o Cristo, Filho de Deus, morto e ressuscitado. Esse é o cerne do Evangelho, a boa notícia que porta ao mundo salvação. Essa notícia não é mais uma história, entre outras, um conteúdo filosófico ou teológico. Essa notícia é uma pessoa, o próprio Deus que vem até nós e nos salva, ele mesmo é o conteúdo de nossa fé.
Que significa anunciar o evangelho no dia de hoje? Que significa ser testemunho da ressurreição de Cristo dois mil anos depois de sua existência? Por ser o Verbo de Deus, sua mensagem e sua vida é eterna, é viva em nossa história. É isso que devemos anunciar, um Cristo vivo e presente em nossa vida.
Que a dinâmica da cruz possa nos dar a coragem necessária para enfrentar a vida em sua realidade. Que ressurreição seja o fim do trajeto para aqueles que encaram a vida à luz do Evangelho de Cristo, à luz do próprio Cristo. Que a sua glória seja a nossa força, que a sua ressurreição seja a nossa luz e que a sua vida seja o conteúdo do nosso anúncio.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Terça feira da III Semana de Páscoa

Terça, 24 de abril de 2012

“Eu sou o pão da vida” (Jo 6, 36)

Deus, ao longo da história da salvação, sempre alimenta o seu povo dando-lhe vida. No passado, ele salvou o seu povo que caminhava no deserto, dando-lhe o maná, pão temporal que sustentava o corpo dando-lhe forças para o percurso no deserto. Na plenitude dos tempos ele dá ao homem um alimento que dá vida em plenitude: Cristo, pão céu.
Por que sentimos momentos de solidão, tristezas, vazios? O vazio implica uma falta, uma necessidade a ser completada. Essa “fome” que quase sempre sentimos implica necessidade de um alimento. E se não queremos viver eternamente com esses vazios devemos buscar um alimento eterno.
Dai-nos, Senhor, sempre deste pão, para que não tenhamos mais fome. Ensinai-nos a fazer a vossa vontade para que esse seja o nosso verdadeiro alimento. Que nós possamos ser sustentados pela força do Cristo, Filho de Deus, vivo e presente em nossa vida. Que sua glória sustente a nossa caminhada à caminho da terra prometida: a morada celeste.

Segunda da III Semana de Páscoa

Segunda, 23 de abril de 2012

“Trabalhai, não pelo alimento que perece,
mas pelo alimento que permanece até à vida eterna” (Jo 6, 27)

Jesus, Filho do Homem, reconhece a humanidade na qual estava imerso. Muitos o procuravam pelos benefícios que poderiam lucrar estando perto dele. Cristo, porém, ensina aos seus que o verdadeiro beneficio da vida está em viver em comunhão com Deus, agindo segundo a sua Palavra, realizada definitivamente em Cristo.
Buscar Deus pelo que ele pode me trazer é deformar a sua realidade e instrumentalizá-lo à meu favor. A libertação que Cristo nos dá vai além de uma dimensão material, política ou humana, ele liberta o homem do mal que aprisiona, corrói e destrói a humanidade. O alimento que ele nos dá é alimento para a vida eterna, pois é o seu próprio corpo, doado em nosso favor.
Lutemos para compreender Cristo, não como um instrumento de vida, mas como fim último de nossa caminhada ao encontro com Deus Pai. Ele mesmo é o alimento que dá a vida plena e a força necessária para enfrentar a vida em sua realidade. Ele é projeto de salvação para a humanidade, nele está a nossa vida eterna.

Nova humanidade


“Vede as minhas mãos e os meus pés, sou eu mesmo” (Lc 24, 39)

A Igreja nascente encontra o seu fundamento no Cristo ressuscitado. Ressurreição que implica morte livre, liberdade de vida que há a necessidade de sacrifício, livre entrega de si por aqueles que se ama. A ressurreição é, portanto, a confirmação do projeto salvífico de Deus Pai, que redime o mundo pela morte de seu único Filho.
Assim, afirma o próprio Cristo: “[...] era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos profetas e nos salmos” (Lc 24, 44). A promessa de um Messias que viria libertar o povo é cumprida, não porém, da forma esperada, não da forma querida. Mas porque a dificuldade em compreender esse projeto? Por que a dureza no coração em saber que o caminho da vida inicia-se com a cruz?
“Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome será anunciada a conversão para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém” (Lc 24, 46-47). O cerne do kerygma é o Cristo sofredor, aceito por Deus como oferta, vítima de expiação pelos nossos pecados. Essa aceitação é confirmada por sua glória, por uma vida que não permanece no fracasso. O Filho do Homem porta à toda a humanidade a salvação pois abre o caminho para a verdadeira vida.
São Pedro, em seus primeiros discursos, declara: “Aquele que conduz à vida, vós o matastes, mas Deus o ressuscitou dos mortos e disto nós somos testemunhas” (At 3, 15). O encontro com o Cristo ressuscitado, na experiência de suas chagas abertas, mas curadas, gera em Pedro essa alegria do anuncio. O projeto não é humano, vai além de nossas forças, vai além de nossas perspectivas. É ação de Deus que quer realizar na humanidade uma nova criação, tendo Cristo como novo princípio, novo Adão.
“Ele é a oferenda de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro” (1 Jo 2, 2). Como Adão marca a humanidade com o pecado original, com a desobediência que nega Deus e o relativiza, assim, Jesus, pela entrega livre de sua vida na cruz reconcilia essa mesma humanidade com a sua identidade original. Filhos de Deus.
Que nós também possamos realizar o necessário encontro com Jesus ressuscitado. Que sua glória possa ser vista mediante as suas chagas curadas. Feridas que definem uma nova humanidade, restaurada pelo sacrifício da cruz, que marcam definitivamente o novo homem, devolve a sua verdadeira imagem.

Sábado da II Semana de Páscoa

Sábado, 21 de abril de 2012

“Sou eu, não tenham medo” (Jo 6, 20)

Essas palavras que são dirigidas por Jesus refletem, antes de tudo, sua presença em nosso meio. Em meio a uma humanidade turbulenta, que nos abala, faz temer e tremer frente à realidade, Cristo surge portando a sua paz.
Sua presença reflete o amor de alguém que corrige, aperfeiçoa, purifica, prepara a nossa humanidade para o mundo, para não sermos submersos por ele. Ver Cristo nos momentos difíceis é ver o mistério da cruz que continua presente em nossa humanidade e se atualiza em nossa história. Cruz que liberta, pois significa o um amor integral e gratuito à humanidade.
Nosso Senhor está sempre ao nosso lado, presente em nossa vida. Mesmo nos momentos mais difíceis são por ele permitidos para que possamos nos preparar, fortalecer os nossos corpos e a nossa alma. Em um mundo tão complexo e dinâmico como o nosso, precisamos a andar sobre o caos, por cima dele, nunca deixando que ele nos cubra ou absorva.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sexta feira da II Semana de Páscoa

Sexta, 20 de abril de 2012

“Esse é, verdadeiramente, o profeta que deve vir ao mundo” (Jo 6, 14)

Jesus é, verdadeiramente, o novo Moisés, aquele que acompanha o povo no deserto do sofrimento humano, de uma humanidade marcada pela dor e pelo pecado, mas Jesus também é aquele que porta-nos à libertação. Essa se realiza por que ele doa-se a si mesmo como alimento de vida eterna. Ele é o novo pão, a nova páscoa, a nova vida...
Não somos seres absolutamente autônomos, isolados, não podemos, por nossas próprias forças, definir um sentido ou caminho para a nossa vida. Precisamos seguir os passos desse que caminha ao nosso lado por que assumiu a nossa humanidade. Como Cristo, ele é escolhido e enviado por Deus, e porta-nos à comunhão com o Pai do Céu.
Faz-nos, ó Deus, caminhar ao lado do seu Filho, Jesus Cristo. Como homem, ele abre para a nós a possibilidade de um novo caminho, uma nova passagem da morte eterna à vida perfeita. Como Deus, ele liberta-nos verdadeiramente do pecado que isola e nega. Como Cristo ele é pão, que alimenta, dá a força e a graça necessárias para nos tornar filhos de um mesmo Pai, membros de um mesmo corpo.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Quinta feira da II Semana da Páscoa

Quinta, 19 de abril de 2012

“Quem é da terra pertence à terra e fala coisas da terra.
Aquele que vem do céu está acima de todos” (Jo 3, 31)

O mistério da redenção humana realiza-se plenamente em Cristo Jesus. Ele é o único e eterno sacerdote que realiza a mediação entre Deus e os homens. Sendo plenamente Deus e plenamente homem ele sintetiza em sua pessoa o mistério da comunhão que buscamos construir, mas que por si mesmos não realizamos.
Como humanos, tendemos a realizar obras humanas. Como seres materiais, caminhamos em direção ao que é material. Entretanto, o hálito divino presente em nossa humanidade nos lembra que vamos além do que vemos e sentimos, somos filhos do alto. Cristo, filho de Deus nos lembra da filiação de nossa humanidade ao que é divino.
Tomemos posse dessa realidade que nos pertence. Somos seres da terra, mas não nascemos para viver eternamente aqui. O Cristo ressuscitado nos lembra que a glória da humanidade é ao lado de Deus Pai, a vitória humana consiste em superar-se a si mesmo e retomar o estado que foi quebrado pelo pecado.

Quarta feira da II Semana de Páscoa

Quarta, 18 de abril de 2012

“Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho único,
para todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16)

Cristo é sinal vivo e presente do amor de Deus por nós. Amor que deseja a vida plena daquele que é amado. Esse não é um sentimento egoísta, mas de doação, entrega, relação livre com aquele que se ama. O sinal de que esse amor é verdadeiro é a transparência, sua relação se desenvolve à luz, para que todos vejam e sejam iluminados por ele.
Em um mundo que distorce relações, o amor entra nessa dinâmica como mecanismo de interesse individual. Busca-se o que é melhor para si, mais fácil, uma relação fundada em troca de “benefícios” ou “necessidades”. Ele não é aberto, não ilumina por que não ocorre à luz do dia, é sempre motivado por ignorância ou negação, isto é, trevas.
Que nós possamos optar pelo amor de Cristo. Esse é livre, por isso liberta, é gratuito, por isso dá sem esperar receber em troca. Esse reflete o amor do Pai, que ama apenas por amar. Esse, muitas vezes é rejeitado, mas sempre está de braços abertos para nos receber de volta, basta apenas que tornemos à nossa morada verdadeira: a verdade.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Quarta feira da II Semana de Páscoa

Quarta, 18 de abril de 2012

“Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho único,
para todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, )

Cristo é sinal vivo e presente do amor de Deus por nós. Amor que deseja a vida plena daquele que é amado. Esse não é um sentimento egoísta, mas de doação, entrega, relação livre com aquele que se ama. O sinal de que esse amor é verdadeiro é a transparência, sua relação se desenvolve à luz, para que todos vejam e sejam iluminados por ele.
Em um mundo que distorce relações, o amor entra nessa dinâmica como mecanismo de interesse individual. Busca-se o que é melhor para si, mais fácil, uma relação fundada em troca de “benefícios” ou “necessidades”. Ele não é aberto, não ilumina por que não ocorre à luz do dia, é sempre motivado por ignorância ou negação, isto é, trevas.
Que nós possamos optar pelo amor de Cristo. Esse é livre, por isso liberta, é gratuito, por isso dá sem esperar receber em troca. Esse reflete o amor do Pai, que ama apenas por amar. Esse, muitas vezes é rejeitado, mas sempre está de braços abertos para nos receber de volta, basta apenas que tornemos à nossa morada verdadeira: a verdade.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Terça feira da II Semana de Páscoa

Terça, 17 de abril de 2012

“Assim como Moisés levantou a serpente no deserto,
Assim também será levantado o Filho do Homem” (Jo 3, 14)

Jesus inaugura para a humanidade um novo modo de relacionar-se com Deus. A cruz, de instrumento de morte, passa a ser fonte de vida, pois traça entre o céu e a terra um novo caminho. A serpente, inimigo mortal do homem no deserto, torna-se meio de vida nova. Essa vida não é mais segundo a carne, mas no Espírito, pois é eterna.
Todo aquele que olhava para a serpente era restaurado do seu perigo de morte. O sofrimento passa a ser sinal de nossa fragilidade, limitação de nossa natureza, pequenez que nos faz reconhecer a grandeza de Deus, que sempre nos acompanha e nos salva dos laços da morte. Olhar para a cruz significa olhar para os nossos próprios sofrimentos e ver nele o caminho de nossa libertação.
Que o mistério da páscoa nos faça entrar nessa mesma passagem: da morte à vida. Aprendendo a olhar para a cruz como meio, caminho, instrumento de vida eterna, via que retoma a comunhão entre o céu e a terra pois faz com que o homem reconheça a grandeza do seu criador e veja nele a face de um Deus que é Pai.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Segunda feira da II Semana de Páscoa

Segunda, 16 de abril de 2012

“Quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus” (Jo 3, 3)

Para compreender Jesus apenas como um grande homem basta olhar para as suas palavras e obras, mas para vê-lo com Filho enviado do Pai, é preciso, verdadeiramente, nascer de novo. Essa nova vida nos faz compreender o projeto de Deus que realiza em Cristo uma nova humanidade, da água e do Espírito.
Não adianta querermos entrar nos mistérios de Cristo, muito menos tentar compreendê-los quando não caminhamos à luz da fé. Só ela nos ajuda a compreender que Jesus é muito mais do que um grande homem ou um profeta, mas o Filho de Deus. É ele quem instaura o Reino de Deus, é ele quem abre para nós a possibilidade da Vida Eterna.
Purifica, Senhor, o nosso Espírito para podermos nascer de novo à luz do Cristo morto e ressuscitado. Que a sua ressurreição seja para nós fonte de Vida Eterna e abra para a nossa humanidade o caminho de uma nova criação, não apenas no sentimento de pertença aos seguidores de Cristo, mas na verdadeira comunhão de filhos do mesmo Pai.

domingo, 15 de abril de 2012

Memória e promessa



“A paz esteja convosco” (Jo 20,19)

O encontro com Jesus Ressuscitado é ao mesmo tempo memória e promessa. Memória por que é a confirmação do projeto de Deus. O sacrifício de Cristo ganha o seu pleno sentido, Deus Pai não o deixa perecer no sepulcro, mas o retira dos laços da morte. É promessa por que lança-nos ao mesmo caminho. É preciso tocar em suas feridas, nas dores humanas para perceber o mistério da ressurreição sempre presente em nosso meio. Isso, porém, deve sempre ser permeado por um ato de fé.
Jesus, ao se encontrar com os seus discípulos, declara: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Ele porta consigo a paz da humanidade, ele mesmo é a paz, porque traz em si o mistério da conciliação da humanidade com Deus. Fazendo a vontade do Pai ele refaz o laço corrompido pelo pecado.
“Dizendo isso, mostrou-lhes a mão e o lado” (Jo 20, 20). Isso, porém, não ocorre sem luta. Para conciliar nossa humanidade com Deus é preciso sacrifício, esforço para colocar os nossos passos na via da cruz. Isso também é motivo de alegria por que sabemos que nosso Senhor abriu-nos um caminho pelo qual deve passar toda a humanidade. Ele experimentou e mostra-nos que o mistério da cruz não é sofrimento vazio. Quando tomada de forma livre e conforme a vontade de Deus torna-se instrumento de vida Eterna.
A ressurreição também é promessa. Todos aqueles que encontram com essa realidade, entram nessa mesma dinâmica. Tomé, também procura realizá-la, procura tocar as feridas, ver o lado aberto de Jesus, prova definitiva de sua morte. A verdadeira ressurreição só pode ser acreditada e vivida à luz do mistério da cruz, do sofrimento que redime e modela o homem. E não basta ouvi-lo ou compreendê-lo, é preciso vivê-lo, senti-lo de perto.
Entretanto, seja como memória ou promessa, realizar esse encontro vivo com o Senhor requer um ato de fé. Um lançar-se na promessa à luz da memória vivida, acreditar na glória que vem depois de todo sacrifício, na alegria que vem depois de cada esforço, na ressurreição após cruz. Essa, deixa de ser uma história, um fato do passado, entra em nossa humanidade como dinâmica de vida, movimento sempre presente em nossa humanidade sedenta de luz e sentido. Bem-aventurados os que não viram, e creram!” (Jo 20, 29).
Saibamos, como Tomé, tocar nesse mistério, entrar nessa dinâmica de vida, não temer a experiência da cruz. Cristo nos mostra a sua eficiência, por ela somos livres. Por meio dela a nossa humanidade conquista a paz que tanto busca, por que somos conciliados com Deus.

Sábado da Oitava de Páscoa

Domingo, 15 de abril de 2012

“Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena,
de quem tinha expulsado sete demônios” (Mc 16, 9)

Por que Jesus primeiro aparece a Maria Madalena? Por que ela é a primeira a ver e a acreditar no mistério do Ressuscitado? Certamente por que ela viveu essa mesma experiência. Experimentou o poder de Deus que retira a humanidade do caos, da morte eterna e dá-lhe uma vida nova. Vivendo, ela é verdadeira e fiel testemunha.
Nós também só podemos acreditar na Ressurreição se vivemos essa realidade. Só podemos compreender essa dinâmica se sentimos a mão de Deus em nossa vida quando nos retira de situações de morte e coloca-nos em sua comunhão.
Para colocar-se nesse caminho de anúncio do kerygma é preciso realizar essa experiência, assumir com Cristo a cruz para com ele gozar da alegria da glória. Essa, deixa de ser fonte de sofrimento vazio, e passa a ser instrumento de amor e misericórdia de Deus Pai.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sexta feira da Oitava de Páscoa

Sexta, 13 de abril de 2012

“É o Senhor” (Jo 21, 7)

Pedro fracassa por dois motivos fundamentais. No primeiro, ele decide fazer a pesca por conta própria: “Eu vou pescar”. Esquece que agora faz parte de uma nova comunidade de chamados e enviados pelo Senhor. E esse é o segundo. Do reconhecimento daquela voz ele se reconhece nu, desconcertado diante do fracasso de sua missão.
O encontro com o Senhor deve gerar em nós uma verdadeira conversão, mudança de postura. Não deve ser apenas um bom tempo de nossa vida, mas que nos faz voltar à mesma vida de sempre. Cristo ressuscitado nos faz reconhecer e retornar à proposta que ele nos chama: pescadores de homens. Usar nossas qualidades em função do seu projeto salvífico.
Retornar à resposta inicial significa reconhecer à voz do Senhor. Significa atualizar o nosso chamado inicial à vida e à santidade, implica saber que todas as nossas ações devem ser motivadas pela sua voz de Filho, que se faz obediente ao Pai. Que nada podemos fazer só, e se o fazemos, nos sentiremos novamente sós, nus e distantes de Deus.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Quinta feira da Oitava de Páscoa

Quinta, 12 de abril de 2012

“Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia,
e no seu nome será anunciada a conversão para o perdão dos pecados” (Lc 24, 46-47)

O evento da ressurreição de Cristo porta ao mundo a verdadeira paz. Esta é a vitória conquistada por meio da cruz, do sofrimento humano que redime e salva. Redime por que retira os pecados pelo amor que purifica o coração, salva por que torna-nos participantes da comunhão com Deus, restaura a nossa imagem corrompida pelo mal.
O kerygma é a promessa que se cumpre: Deus salva o seu povo libertando-o da escravidão do pecado. Como Moisés ele caminha com o seu povo nesse trajeto de libertação e mostra-nos a via para a terra prometida. O movimento promessa-cumprimento gera no homem esse necessário testemunho, anúncio de que a proposta da cruz não foi fracassada, que as palavras de Cristo ganham pleno sentido.
Tenhamos a coragem de ser portadores desse grande anúncio: Cristo Vive, ele vence a morte, pelo mistério da cruz os nossos pecados são redimidos, pelo mistério do seu amor somos libertos dos nossos pecados. Realizando esse anúncio, seremos também portadores da verdadeira paz, paz que o mundo não dá, porque é fruto de luta, sacrifício e livre entrega de si.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Quarta feira da Oitava de Páscoa

Quarta, 11 de abril de 2012

“Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?” (Lc 24, 26)

O encontro de Cristo com os discípulos de Emaús entra na dinâmica do kerygma: Jesus ressuscitou. Os discípulos, porém, não tinham compreendido que a paixão de Cristo inaugurava o seu reino, o domínio sobre o maior dos inimigos, que é a morte. Eles não enxergam essa realidade, a tristeza os impedem de ver sua presença.
Até que pondo nós também não temos o nosso coração duro e os nossos olhos cegos para ver e viver o mistério da ressurreição? Até que ponto nossas dificuldades bloqueiam a esperança no projeto de Deus Pai? Seu plano é sempre cumprido, a morte não vence a vida, o mistério da cruz torna o homem participante da salvação realizada definitivamente em Cristo.
A ressurreição de Jesus de Nazaré abre os nossos olhos e purifica o nosso coração para compreender que a sua vida se faz presente em nossa história. Ele caminha ao nosso lado, nos faz entender que nenhum sofrimento é inútil e que a vida só é afirmada e glorificada quando entregue livremente à vontade de Deus.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Terça feira da Oitava de Páscoa

Terça, 10 de abril de 2012

“Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: Eu vi o Senhor” (Jo 20, 17)

Maria Madalena é a primeira, segundo o relato de João, a realizar a experiência com o Cristo ressuscitado. Ela o reconhece quando ele lhe chama pelo nome. Esse mistério, porém, vai além de nossas compreensões, não podemos tocá-lo nem abraçá-lo. Porém, o fato de que ele está vivo cumpre a promessa que ele havia feito antes de morrer, esse é o cerne da grande notícia: Cristo vence a morte.
Mas porque Maria é a primeira a reconhecer Jesus, vivo e ressuscitado? Essa mesma voz que a chama pelo nome é aquela que a salvou da morte, da condenação pelos seus pecados. Maria reconhece o mistério da ressurreição porque ela mesma o experimentou por meio de Cristo. Ela viveu a negação humana, rejeição social, o sofrimento. Em Jesus, ela participa de uma morte libertadora e da experiência de uma vida nova.
Fazei-nos, ó Deus, participar do mistério de sua paixão e morte, para podermos reconhecer a nova vida que brota com a ressurreição. Que essa experiência faça nascer em nós o espírito missionário do kerygma, do anúncio central da fé cristã: o Nosso Senhor está vivo, ele vence a morte, ele é a nova vida, por meio dele é realizada a nova criação. Ele caminha, como no tempo dos nossos primeiros pais, no jardim da vida e chama-nos à sua comunhão.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Segunda feira da Oitava de Páscoa

Segunda, 9 de abril de 2012

“Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que à Galileia se dirijam.
Lá me verão” (Mt 28, 10)

A ressurreição de Jesus evoca no homem diferentes sentimentos e, consequentemente, diferentes posturas. As mulheres que viram o fato correram com temor e alegria para anunciar o ocorrido. O próprio Jesus lhes aparece e motiva essa ação. Por outro lado, vemos a postura dos Sumos Sacerdotes que tentam impedir essa mensagem. Tentam encobrir a Verdade com mentiras, reconstroem a realidade segundo as suas expectativas e interesses.
A própria ressurreição, por si mesma, já se impõe. Vencendo a morte, nenhuma negação existe diante desse fato: Jesus vive. Está presente em suas ações, suas palavras, sua mensagem de vida e de comunhão com Deus Pai. Dirigir-se para a Galileia significa retomar a caminhada de Jesus. Como Verbo de Deus, sua mensagem é de vida eterna, não fracassa, não é esquecida ou anulada.
A Vida Eterna conquistada por Cristo no mistério de sua paixão e morte não é ideia a ser provada ou argumentada, mas fato: podemos vê-lo novamente na Galileia, Jesus continua a agir na história humana, salvando-nos e conformando-nos à vontade de Deus. É evidente que isso é sempre caminho, caminho de retomada, de memória, de atualização do mistério do Senhor que nos dá forças para acreditar que a cruz tem um sentido: a glória humana.

Uma nova criação


“Não tenham medo! Procurais Jesus, o nazareno, aquele que foi Crucificado?
Ressuscitou! Não está aqui” (Mc 6, 16)

O mistério da Páscoa inaugura para nós a nova Criação. Deus refaz o homem corrompido pelo pecado, pelo mistério da Cruz assumido por Jesus Cristo. Ele, novo Adão abre para nós as portas do paraíso, nos dá passagem para a árvore da vida, que perdemos quando negamos Deus. Ele é luz que brilha nas trevas, que quebra as trevas porque as anula. Sim, verdadeiramente ressuscitou. Pois não está morto, seu corpo não se corrompe mais, a morte não pode abraçá-lo.
O mistério da cruz ganha na ressurreição o seu sentido pleno. É no alto da cruz onde ocorre o grande encontro. O céu toca a terra, a humanidade chega à divindade, os opostos se tocam, chocam-se e acontece o grande paradoxo e mistério da humanidade. Deus, assumindo a condição humana, morre verdadeiramente. E é assumindo essa morte que ele a destrói, anula aquela que dominava a humanidade. A nova criação, enfim, é refeita. A antiga condenação, restaurada. O homem ganha uma vida nova em Cristo Jesus.
A luz da vida que brilha nas trevas da morte quebra o caos de um sofrimento sem sentido. A cruz torna-se fonte de vida, caminho para a glória quando abraçada com liberdade de espírito e sacrifício no amor. A luz dá vida porque ilumina, clareia, mostra o que está escondido. Doando-se, consumindo a si mesma, dá sentido para tudo o que está ao seu redor. A primeira luz deu ordem ao mundo, o caos foi destruído pela ordem da Providência. Da mesma forma, a ressurreição torna-se a nova luz, que dá sentido, caminho para uma humanidade que se encontra no caos de uma vida sem norte.
Jesus não permanece morto, seu corpo não se destrói. Deus Pai o retira da corrupção, pois por meio dele a promessa é confirmada, a vida não é destruída plenamente, é criada para ser eterna. Ele está verdadeiramente vivo em nossa história. E onde o vemos? Na Galileia. Sua Palavra é eterna, suas ações, constantes, o mistério de sua cruz torna-se sacramento, memória visível e presente de uma salvação sempre atual.
Assumamos essa realidade, voltemos à Galileia. O projeto não foi fracassado. Cristo está verdadeiramente vivo. A cruz não foi um fim, mas o início, a retomada de uma história, a luz que ilumina, que dá sentido, que mostra ao homem a sua realidade, a sua verdadeira identidade: Filhos amados de Deus. O sangue que escorre na cruz, torna-se seiva desse lenho, refazendo aquela árvore da vida que havíamos perdido. É refeita, enfim, a nova criação.

Sábado da Semana Santa

Domingo, 8 de abril de 2012

Imaginemos um mundo sem ordem, sem princípio nem fim. Uma comunidade onde os homens se compreendessem apenas como filhos do caos, do acaso... Uma vida onde qualquer sentimento fosse “doença”, a esperança fosse ilusão, o sonho, delírio... Onde as relações se fundamentassem apenas no ritmo da sobrevivência, do instinto, de uma vida sem ontem nem amanhã, em um hoje eterno...
Seria um mundo onde a liberdade, com certeza, não existiria, já que os conceitos de bem e mal também não seria compreendidos, verdadeiro e falso não seriam categorias da realidade. O “outro” não existiria já que o “eu” não se compreenderia como tal. Um mundo onde o corpo seria o centro de tudo e suas necessidades, a única forma de ação e interação.
Precisamos colocar os pés no chão e compreender que somos muito mais do que animais. Temo uma razão para colocar-se no tempo, mas não sentir-se perdidos em seu percurso. O silêncio desse dia nos ajuda a repensar o nosso passado, projetar o nosso futuro, vivendo o presente que nos é dado. Não somos filhos do caos, há em nós uma fagulha de vida, vida eterna, que nos faz sair do tempo e ver que há um sentido, um caminho e um fim...

Sexta feira da Semana Santa

Domingo, 08 de abril de 2012

“Eis o homem” (Jo 19, 5)

O mistério da vida de Cristo chega, enfim, ao seu cume: O Filho de Deus entrega-se por nós. O seu grande silêncio assume a condenação que a ele se direcionava, ele assumia todos os nossos pecados. A profecia se cumpre definitivamente: O Rei prometido assume o seu reinado e inaugura definitivamente o Reino de Deus.
“Jesus Nazareno, Rei dos Judeus” (Jo 19, 19). Eis o motivo de sua condenação, eis a grande certeza: Cristo é rei. Não, porém, ao nosso modo, mas segundo o projeto de Deus. Ele é Rei porque é Senhor, porque assume em si toda a humanidade, todas as dores que deveríamos assumir eternamente, mas que pelo mistério de seu amor fomos libertos.
Pelo mistério da paixão e morte a cruz ganha para nós um novo sentido. Nele a humanidade encontra a sua verdadeira identidade. O sofrimento humano não é motivo de desespero, mas fonte de afirmação da vida. É fonte de esperança para quem olha para a glória que vem depois de toda cruz...

Quinta feira Santa

Quinta, 5 de abril de 2012

“Eu vos dei um exemplo, para que vocês façam o que eu fiz” (Jo 13, 15)

O grande mistério da encarnação do Verbo na pessoa de Jesus Cristo está chegando ao seu ápice. João apresenta a cena do lava pés como o grande sinal da doação de Cristo aos homens. O verdadeiro homem é aquele que se coloca a serviço, que sempre se coloca diante do outro. Esse é o grande paradoxo que vemos em Cristo. Como Mestre e Senhor, Ele coloca-se a lavar os pés dos seus. Esse rito antecipa o mistério da cruz, é sacramento que vem por meio da livre entrega do Filho de Deus pela humanidade, entrega por amor.
E nós? Como respondemos a esse mistério de amor? Esse fato não é acontecimento histórico que ficou no passado, Cristo vem à nossa história, sofre, continua a agir e salvar o seu povo pelo mistério da cruz. Em uma humanidade que se orgulha do seu progresso, conhecimento, técnica, humildade é um conceito que aos poucos vai sendo esquecido, é uma postura negada a cada instante.
Como cristãos, precisamos imitar o exemplo de Cristo, nosso Mestre e Senhor, precisamos quebrar o nosso orgulho, superar a nossa soberba, quebrar o nosso desejo de grandeza que muitas vezes chega a negar a humanidade presente no outro. É preciso lavar os pés uns dos outros, aprender a curvar-se diante do mistério do outro e deixar que nossa vontade de domínio seja derrotada pela humildade. Entremos e assumamos o mistério do Cristo que doa a sua própria vida pela nossa salvação.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Quarta feira da Semana Santa

Quarta, 04 de abril de 2012

“Aquele que coloca a mão comigo no prato é quem vai me trair” (Jo 26, 23)

São Francisco resume perfeitamente o mistério da Paixão: “O amor não é amado”. A dor que feria profundamente Jesus é a traição, em ver aqueles com os quais ele tinha convivido por tanto tempo se distanciando dele e de sua mensagem central. Dor por saber que o castigo seria maior para aquele que conhecia a verdade, mas não a aceitava.
Mas por que, mesmo estando próximo da Verdade, escutando todos os dias os seus ensinamentos, não confiamos em sua proposta? Por que negamos esse amor que nos é dado gratuitamente e procuramos outros com o quais temos que pagar alto custo? Talvez por que Jesus não tenha se “adequado” à salvação que esperávamos, o mistério de sua paixão é muito escandaloso para a nossa inteligência e doloroso para a nossa vida.
Inflamai, Senhor, os nossos corações com a sensibilidade necessária para compreender o mistério da paixão. Ela, como mistério de amor, é doação livre de alguém que entrega a sua vida por nós, de alguém que preserva-nos da morte eterna dando-nos a sua vida divina. Que, conhecendo essa verdade, a amemos e, amando-a, sigamo-la.

Terça feira da Semana Santa

Terça, 03 de abril de 2012

“Depois de haver recebido pedaço de pão, saiu imediatamente.
Era de noite” (Jo 13, 30)

No caminho rumo à cruz Jesus encontra com a maior das negações: a traição daqueles que estão próximos. Apesar de tudo isso, ele continua a amá-los, ceando com eles ele ensina que o grande mistério de sua vida esta na gratuidade de uma relação. Dando, não esperava nada em troca.
Ao negar ou trair a proposta evangélica nos distanciamos da Verdade da luz que brilha diante das trevas do erro. Entramos em uma grande noite, nas trevas da ignorância, no caos de uma vida sem sentido. Mesmo assim, não podemos esquecer que Deus está sempre ao nosso lado, esperando que estendamos os braços para que ele nos ajude.
Retirai-nos, Senhor, das trevas do erro, iluminai a nossa vida com a vossa verdade. Essa que foi apresentada ao mundo por meio de Cristo Jesus é luz que guia os nossos passos e mostra-nos que o caminho da cruz sempre precede a glória que buscamos.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Segunda feira da Semana Santa

Segunda, 02 de abril de 2012

“A mim nem sempre tereis” (Jo 12, 8)

A pedagogia de Jesus que tenta ensinar aos seus discípulos em seu caminho rumo à cruz chega cada vez mais ao seu ápice. A honra dada por Maria ao seu corpo é sinal visível de sua morte iminente. O mistério central de nossa fé está diante de nossos olhos. A questão é: estamos dispostos a aceitá-lo?
Gostamos de fazer coisas, realizar projetos, viver intensamente, mas muitas vezes esquecemos o sentido dessa mesma existência, para que e por que fazê-los. O mistério de morte e entrega de Jesus nos coloca em um plano diverso do mundo em que habitamos. O seu sacrifício nos ensina que a verdadeira vida se realiza na livre e gratuita entrega de si.
Que nossos olhos possam ver esse mistério que, diante de nós, nos coloca no plano da gratuidade. A vida humana não é objeto para ser manipulado, trocado, usado. Ela irá sempre além de nossas compreensões. Que o mistério da morte de Cristo nos ensine que o projeto querido por Deus é de um homem realmente livre em si e para os outros.

O Reino Prometido


“Bendito o Reino que vem, do nosso pai Davi” (Mc 11, 10)

Jesus entra em Jerusalém, vem tomar posse do seu reino, reino prometido à descendência de Davi. Ele vem, montado em jumento, para sentar em seu trono e inaugurar um novo reino, onde a humanidade toca a divindade, onde o pecado encontra a graça...
Mas porque não o aceitamos? Por que queremos rejeitar esse reinado onde Deus é o verdadeiro Senhor?
A promessa messiânica de um rei que vem salvar o povo oprimido cumpre-se, mas não é compreendida, realiza-se, mas não é aceita. Isso por que queremos um rei à nossa imagem, segundo as nossas esperanças, uma salvação segundo as nossas categorias. Surge enfim, um novo Davi, um homem verdadeiramente segundo o coração de Deus.
Mesmo assim ele vem, tomar posse do seu reino que está em Jerusalém. Entra com glória, a humildade vence o esplendor, o silêncio vence os gritos de orgulho, a verdade vence a soberba da falácia, a dor vence o prazer desordenado, o sacrifício vence objetivação humana, a vida vence a morte... a lógica do mal, enfim, é quebrada. Jesus é Rei.
Vem para sentar em seu trono real, assumir o seu verdadeiro senhorio. A cruz é o seu verdadeiro trono. É dela que a humanidade é reinada, onde o Rei verdadeiramente é o mediador entre Deus e os homens. Ele media por que intercede, por que entrega-se, por que exerce o senhorio de uma humanidade que só se redime quando percebe-se verdadeiramente humana, necessitada de seu Senhor.
Por esse trono, a humanidade toca a divindade, a terra toca o céu. Por meio dele a vida é restaurada por que a morte é vencida. Tudo isso em profundo mistério de humildade, entrega, silêncio...
Entrai, Senhor, e tomai posse desse reino que é teu. Pelo mistério de sua entrega retomai a nossa humanidade em suas mãos. Pagai a dívida que nós deveríamos cumprir, mas que pela sua obediência de Filho, mediante o amor de Deus Pai, estamos livres. Exercei o seu senhorio, libertai a nossa humanidade da escravidão do pecado, de tudo aquilo que nos prende.
Sim, “Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mc 11, 9). Aclamemos o nosso Rei que vem. Ele vem para nos libertar, para exercer seu senhorio sobre a humanidade inteira. Ele cumpre uma promessa, dá-nos a vida, apresenta-nos o caminho que havíamos perdido.

Sábado da V Semana da Quaresma

Segunda, 02 de abril de 2012

“[...] é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira” (Jo 11, 50)

Cristo, pelo mistério de sua vida, paixão e morte para a nossa humanidade uma dívida. A dívida de nosso só poderia ser paga com a morte. Deus, no mistério do seu amor paga para nós esse débito. Todos nós somos, a partir disso, seus devedores.
O que eu faço com essa dívida? Escondo-a? Finjo que ela não existe? Dou-me por satisfeito com a paga, mas não procuro retribuí-la? Ao negar ou esquecer essa paga, declarando-nos independentes, corremos o risco de retomar essa mesma dívida, assumindo as consequências de sua exigência.
Inspirai em nossos corações, Senhor, a gratidão pela dívida que tu pagaste, e que nós construímos com o nosso pecado. A vida nova e eterna que ganhamos com a sua morte será sempre mérito teu, mas, por ela, gozaremos sempre de uma vitória que nunca poderemos construir com as nossas próprias mãos.

Sexta feira da V Semana da Quaresma

Segunda, 02 de abril de 2012

“Mesmo que não acrediteis em mim, crede nas obras,
afim de reconhecer de uma vez que o Pai está em mim e eu no Pai” (Jo 10, 38)

Ao revelar a sua identidade de Filho de Deus, Jesus gera na comunidade de seu tempo um escândalo jamais visto. Isso pelo fato de que ele quebra o paradigma de um Deus distante de nossa realidade, intocável, inacessível. Como escolhido e enviado por Deus, Cristo inaugura para nós um novo modo de relacionar-se com Deus: como filhos.
A novidade do Deus pessoal, iniciado por Cristo, abre para nós a possibilidade de santidade, fundada na relação com esse mesmo Deus. Como Pai, a única coisa que ele deseja é que estejamos sempre em comunhão em sua morada. Juntos, passamos a agir segundo a sua vontade. Deste modo, não apenas conhecemos Deus, mas nos configuramos à Ele.
Dai-nos, ó Deus, a graça de buscar a nossa santidade. Essa não se limita ao conhecimento de sua realidade, mas na comunhão com a sua vontade de Pai. Infundi em nossas almas o Espírito do Vosso Filho, para que nele possamos caminhar rumo à Cruz, mas fieis na ressurreição.