domingo, 15 de abril de 2012

Memória e promessa



“A paz esteja convosco” (Jo 20,19)

O encontro com Jesus Ressuscitado é ao mesmo tempo memória e promessa. Memória por que é a confirmação do projeto de Deus. O sacrifício de Cristo ganha o seu pleno sentido, Deus Pai não o deixa perecer no sepulcro, mas o retira dos laços da morte. É promessa por que lança-nos ao mesmo caminho. É preciso tocar em suas feridas, nas dores humanas para perceber o mistério da ressurreição sempre presente em nosso meio. Isso, porém, deve sempre ser permeado por um ato de fé.
Jesus, ao se encontrar com os seus discípulos, declara: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Ele porta consigo a paz da humanidade, ele mesmo é a paz, porque traz em si o mistério da conciliação da humanidade com Deus. Fazendo a vontade do Pai ele refaz o laço corrompido pelo pecado.
“Dizendo isso, mostrou-lhes a mão e o lado” (Jo 20, 20). Isso, porém, não ocorre sem luta. Para conciliar nossa humanidade com Deus é preciso sacrifício, esforço para colocar os nossos passos na via da cruz. Isso também é motivo de alegria por que sabemos que nosso Senhor abriu-nos um caminho pelo qual deve passar toda a humanidade. Ele experimentou e mostra-nos que o mistério da cruz não é sofrimento vazio. Quando tomada de forma livre e conforme a vontade de Deus torna-se instrumento de vida Eterna.
A ressurreição também é promessa. Todos aqueles que encontram com essa realidade, entram nessa mesma dinâmica. Tomé, também procura realizá-la, procura tocar as feridas, ver o lado aberto de Jesus, prova definitiva de sua morte. A verdadeira ressurreição só pode ser acreditada e vivida à luz do mistério da cruz, do sofrimento que redime e modela o homem. E não basta ouvi-lo ou compreendê-lo, é preciso vivê-lo, senti-lo de perto.
Entretanto, seja como memória ou promessa, realizar esse encontro vivo com o Senhor requer um ato de fé. Um lançar-se na promessa à luz da memória vivida, acreditar na glória que vem depois de todo sacrifício, na alegria que vem depois de cada esforço, na ressurreição após cruz. Essa, deixa de ser uma história, um fato do passado, entra em nossa humanidade como dinâmica de vida, movimento sempre presente em nossa humanidade sedenta de luz e sentido. Bem-aventurados os que não viram, e creram!” (Jo 20, 29).
Saibamos, como Tomé, tocar nesse mistério, entrar nessa dinâmica de vida, não temer a experiência da cruz. Cristo nos mostra a sua eficiência, por ela somos livres. Por meio dela a nossa humanidade conquista a paz que tanto busca, por que somos conciliados com Deus.

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