terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Quarta da IV Semana do Tempo Comum

Quarta, 01 de fevereiro de 2012

“Jesus se admirava da incredulidade deles” (Mc 6, 6)

Os conterrâneos de Jesus não o aceitavam ou não compreendiam a sua ação. Eles esperavam uma dominação segundo as suas categorias, queriam um poder humano. Eles não compreendiam que a salvação do povo de Israel não viria por mãos humanas, mas pela ação daquele que fazia a vontade de Deus.
A humildade é o ato de nos colocar no lugar que somos. Em relação a Deus, é olhar para ele como Criador e nos ver como suas criaturas, como seres humanos A nossa incredulidade em Jesus, muitas vezes, provém do fato de que o queremos segundo o nosso modo de ver e agir sobre o mundo, o queremos como nós pensamos.
O projeto de salvação humana é iniciativa de Deus, nós devemos ser colaboradores dessa ação. Porém, isso só se realiza a partir do momento em que nos abrimos ao seu plano. Somos instrumentos nas mãos de Deus, saibamos nos colocar como tal e deixemos que ele nos modele segundo o seu projeto. Como Verdadeiro Artífice, em que vai nos modelar.

Terça da IV Semana do Tempo Comum

Terça, 31 de janeiro de 2012

“A menina não morreu, ela dorme” (Mc 5, 39)

Jesus apresenta-se como aquele que cura por que mostra que a realidade de morte, causada pelo pecado, muitas surge como uma ilusão, uma busca por um mundo que vai além do nosso, uma fuga de nossa realidade. Jesus mostra que sempre há esperança para aquele acredita.
Quantas vezes desistimos de uma pessoa, perdemos a esperança pelo fato de ela se encontre em uma situação de erro ou desvio? Quantas vezes queremos desistir de nós mesmos por causa de nossos defeitos? Mais do que morte, o pecado é um refugiar-se em um mundo que não é o nosso, uma negação de nossa realidade ou por que a tememos ou cansamos de lutar.
Tocar o mistério de Cristo ou deixar-se tocar por ele é colocar os pés nos chão e aproximar-se daquele que, de Divino, se fez humano. A solução dos nossos desvios não está em correr, mas em tocar o conflito que nos é apresentado e descobrir que ele é mais real e concreto do que imaginamos. Precisamos acordar para a Vida que mostra a sua face verdadeira, mas real.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Segunda da IV Semana do Tempo Comum

Segunda, 30 de janeiro de 2012

“Ele morava nos túmulos...” (Mc 5, 3)

A dor humana, mais do que uma carência ou deficiência, muitas vezes prossegue por que tendemos ao comodismo. A dor daquele homem morava no meio dos túmulos aumentava a cada dia por que ele morava no meio dos mortos, distante da vida. Não queria a ajuda de ninguém. Jesus, por outro lado mostra o lado imundo e doloroso do pecado e que seu fim sempre é o caos da existência e as profundezas da destruição.
Reclamamos muitas vezes das provações que nos são dadas, mas esquecemos que também somos nós que gostamos de chafurdar na lama de nossos erros. Gostamos de permanecer no desvio e reclamar que não há saída. A imagem do homem limpo, sentado, em seu perfeito juízo nos aponta para a proposta querida por Deus. A questão não é morrer ou sofrer pelo que não temos, mas viver e alegrar-se com aquilo que nos é dado para o nosso próprio crescimento humano.
Aprendamos a sair da lama de nossas desgraças. Elas, com certeza, não vão deixar de existir, mas sapatear sobre elas muitas vezes pode ser um tempo perdido, uma oportunidade que poderíamos gastar com o que seria proveitoso para as nossas vidas. Lutemos por nossa história, saibamos assumir as rédeas de uma jornada no qual somos os protagonistas. A nossa vida vai muito além dos nossos erros, descubramos a sua grandeza do seu mistério e a beleza que há nela.

domingo, 29 de janeiro de 2012

A esperança que se cumpre



“Um ensinamento novo, e dado com autoridade” (Mc 1, 27)

Jesus é o cumprimento da promessa feita por Deus aos que esperavam ou ainda esperam uma salvação. Essa confirmação de nossa fé, mesmo sendo clara e muito retomada por nós, parece ser esquecida à medida que o tempo passa.
Entretanto, a questão que devemos colocar diante de nós é: E que sentido Cristo ainda nos fala? Por que suas palavras possuem vida eterna? Por que ele as pronunciavam como quem tem autoridade e não como os escribas?
Cristo ainda nos fala porque ele é a Palavra que foi pronunciada no tempo, mas por alguém que ultrapassava o próprio tempo. Ele é Verbo realizado na história, mas para cumprir o projeto que vai além de nossas compreensões.
“Suscitarei para eles, do meio dos irmãos, um profeta semelhante a ti. Porei as minhas palavras em sua boca e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe ordenar” (Dt 18, 18).
Se nós queremos ver algum objeto de forma mais completa devemos nos afastar dele para compreender a sua totalidade. Só aquele que está fora do tempo e fora das conjecturas históricas pode nos dar uma Palavra que verdadeiramente responda as nossas necessidades. Só quem compreende o todo consegue ver o fim para o qual devemos caminhar e as vias pelas quais devemos atravessar.
A busca humana por um sentido que dê norte para a nossa vida é uma característica universal. Consciente ou inconscientemente queremos uma resposta, um caminho, um fim para a nossa existência. O povo de Israel buscava essa palavra e ela lhe foi dada: Jesus Cristo. Ele é o “profeta” semelhante à Moisés, que cumpre a verdadeira libertação do povo. Como aquele que contemplava o Pai face a face, ele apresenta, em si mesmo, a verdadeira lei. Como mestre cumpre a vontade de Deus, ele expressa com autoridade a Palavra de Deus.
Ele traz em si a Palavra e a Lei, o Verbo que realiza o seu efeito desejado. De fato, Deus se faz presente no meio de nós e, mostrando a sua face, nos salva. Suas Palavras nos apresentam o mundo que nos ultrapassa, de uma humanidade querida por Deus, um povo, verdadeiramente livre e santo.
Olhemos para Maria, verdadeira Arca da Aliança. Ela soube ir além de seu tempo e das estruturas que a envolvia. Ela reconheceu naquela mensagem, a novidade de um Deus que quebra as barreiras de nossas categorias e nos salva. Ele, que toca a nossa humanidade, nos ensina que a nossa salvação está mais perto do que imaginamos...

Sábado da III Semana do Tempo Comum

Domingo, 29 de janeiro de 2012
“Quem é este a quem obedecem até o vento e o mar” (Mc 4, 41)

Milagre é um processo extraordinário que pode ocorrer na natureza, algo que foge às suas leis. Atribuímos à Deus os milagres por que ele é o autor dessa mesma natureza, ele fez as regras, só ele pode as infringir. Com isso ele não contradiz a sua ação, mas mostra-nos que o homem está acima de tudo e toda a criação volta-se para ele.
O mundo no qual fomos criados e formados gera em nós certos defeitos dos quais não somos totalmente responsáveis. A questão não é conforma-se a eles como um fator irremediável, mas ir além. Deus como senhor da vida e da história tem essa capacidade de ir além de nossa natureza e ordená-la ao seu fim desejado.
Cristo é o ponto ápice de uma humanidade redimida. Ao assumir a nossa humanidade ele mostrou-nos que é possível uma redenção por meio da obediência integral ao Pai. O mistério da cruz é a ação fundamental dessa proposta. E por meio da entrega sacrifical e do esforço, motivado pela graça que podemos mudar aquilo que seria irremediável em nossas vidas e transformar a realidade de dor em alegria de ressurreição.

Sexta da III Semana do Tempo Comum

Domingo, 29 de janeiro de 2012

“O Reino dos Céus é como quando alguém lança a semente na terra” (Mc 4, 26)

Jesus compara o Reino dos Céus com duas imagens semelhantes e complementares. A primeira é de uma semente que cresce, sem sabermos como, fruto de um processo natural e ordenado da natureza. A segunda é da semente de mostarda que, de pequena, se torna uma grande árvore.
Essa palavra quebra o nosso orgulho em querer fazer as coisas e pensar que estamos salvando o mundo. Não somos nós os primeiros ou únicos agentes dessa redenção. A econstrução do Reino faz parte de um plano natural de Deus, nós somos apenas os instrumentos desse processo que vai além de nossas forças.
Aprendamos a entrar nesse plantio. As grandes obras são realizadas por pequenas ações, iniciativas que nos colocam diante do grande projeto: a santidade humana. É Deus que por meio de sua graça nos impulsiona a esse grande projeto e faz germinar as nossas ações, mas precisamos ter a iniciativa de lançar essa semente de vida. Façamos a nossa parte, e deixemos o resto com Aquele que é o verdadeiro Agricultor.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Quinta da III Semana do Tempo Comum

Quinta, 26 de janeiro de 2012

“Não há nada de oculto que não venha a ser manifesto” (Mc 4, 24)

O Evangelho nos apresenta uma verdade basilar da vida cristã e, conseqüentemente, do homem: não somos donos da verdade. Isso porque, segundo Jesus, a Verdade por si mesma se mostra, se impõe. E, além disso, definir e julgar o outro significa esquecer a si mesmo. Ao querer colocar os outros em certas categorias, corremos o risco de cair nelas mesmas.
Não temos o direito de dizer a verdade sobre o outro porque não a possuímos, ao podemos construí-la. Ela vai além de nossas compreensões. Não conhecemos o outro inteiramente, tampouco o mundo que o leva a agir de determinadas formas. Ao olhar demasiadamente para fora de si, esquecemos também que estamos na mesma realidade, que podemos cometer os equívocos que condenamos, ou ainda piores.
Construamos em nós um espírito de humildade e humanidade diante do outro. Foi esse mesmo espírito que fez com que Cristo fosse luz para as nossas vidas. Como Verdade pronunciada pelo Pai, ele não se impôs a nós. Nossa liberdade pode aceitá-lo ou não, fazer segui-lo ou buscar outros caminhos. Mas uma coisa é certa: a sua glória é a certeza de que ele é lâmpada que vale a pena ser acesa e colocada no centro de nossas vidas.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Conversão de São Paulo

Quarta, 25 de janeiro de 2012 

“Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado” (Mc 16, 16)

Que palavra é essa que é capaz de elevar o homem até Deus ou condená-lo à morte eterna? A Palavra de Deus é a comunicação por excelência entre Deus e os homens. Deus fala e mostra-nos a sua face, quem o ouve e o contempla entra em comunhão com ele, conseqüentemente, goza da alegria de sua comunhão.
A conversão de São Paulo nos mostra Deus que vem até a nossa humanidade e mostra-nos a sua face em Cristo. Ele é a imagem de uma humanidade que está voltada para Deus. Ele, também, nos faz experimentar, em nossas quedas, que somos do pó, pertencemos a ele e não podemos nos arrogar as prerrogativas de deuses. Só há um Senhor em nossa Vida.
A mensagem trazida por Jesus abre os nossos olhos para uma realidade comprometedora: não somos senhores do mundo, nem dominamos a nós mesmos. Essa luz nos ajuda a caminhar no projeto querido por Deus, o de uma humanidade voltada para a santidade, mas também pode nos condenar quando, vendo esse caminho e as conseqüências que ele nos traz, continuar buscando atalhos e veredas segundo o nosso querer.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Terça da III Semana do Tempo Comum

Terça, 24 de janeiro de 2012

“Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos?” (Mc 3, 33)

“Quem faz a vontade de Deus, esse é o meu irmão, minha irmã, minha mãe” (Mc 3, 35). Jesus inaugura uma nova relação humana, a que está fundada na vontade de Deus. Mais do que uma familiaridade biológica, nacional ou filosófica, o que nos torna verdadeiramente um é o caminho que assumimos rumo ao fim último de nossas vidas.
É Deus o princípio ordenador de nossas vidas e é para ele que devemos nos mover. É nesse sentido que até mesmo as relações mais consistentes como são os nossos laços familiares perdem o seu valor se não estão enraizados na Palavra de Deus. Já que não é a nossa família, nação ou cultura que nos fazem mais humanos, mas a obediência à vontade de Deus.
Olhemos para Maria, sua grandeza não foi definida apenas por gerar biologicamente o filho de Deus, mas por obedecer integralmente àquela Palavra. Sua maternidade estava presente, antes, no ouvir e obedecer a Deus, isso a fez gerar em seu espírito e em seu corpo a Luz do mundo. Ouçamos, obedeçamos e façamos o mesmo.

Segunda da III Semana do Tempo Comum

Terça, 24 de janeiro de 2012

“Se um reino se divide, ele não consegue manter-se” (Mc 3, 24)

O homem é chamado a uma integralidade de vida. Não podemos querer seguir dois caminhos e pensar chegar aos dois objetivos ao mesmo tempo. Nossa integridade implica uma opção única, não podemos querer fragmentar as nossas escolhas, muito menos podemos fragmentar a nós mesmos.
A nossa cultura da especialização, muitas vezes, nos vicia a nos dividir. Em determinados espaços somos estudantes, em outros, amigos, em alguns momentos somos pessoas de oração, em outras oras, homens de lazer. Pensar assim é viver de forma desumana, já que somos mais complexos do que imaginamos.
Esquecemos que é o nosso conjunto que está presente em todos os momentos. Dividir e fragmentar a nossa vida é reduzi-la a um objetivismo vazio e ilógico. Compreender-se, portanto, dentro de uma integridade de vida é estabelecer um reino mais orgânico, unido e humano.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A caminho do Reino


“O Reino de Deus está próximo” (Lc 1, 15)

A proclamação do reino de Deus vem imediatamente seguida da vocação dos apóstolos. Seguir Cristo, mais do que uma ideia, é um movimento de toda a vida humana, uma decisão que nos faz entregar-se integralmente a esse caminho.
A missão de João Batista tinha sido completada: Preparar as vias para o Senhor. O templo completado é a afirmação do Reino que vem, que já está presente. Reino que tem por Senhor supremo Jesus Cristo, Verbo Eterno de Deus. O imperativo necessário para acreditar e aceitar nesse senhorio é: “Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc 1, 15).
Mas que notícia é essa que transforma toda a nossa realidade? Que muda as nossas categorias? Que nos coloca diante de Deus com olhos diferentes e mais claros?
Jesus mesmo é essa boa-notícia. Como Palavra pronunciada por Deus no tempo, ele revela, em si mesmo, o projeto de salvação da humanidade. Entretanto, como Palavra, ele não é apenas informação cognitiva, a força de seu conteúdo porta-nos a uma nova compreensão de nossa humanidade, pois ele mesmo se faz carne.
Deus não entra em nossa história apenas para manifestar o seu caráter potente, mas para nos dar uma mensagem de salvação. Esse encontro, entretanto, é mais pessoal do que imaginamos. Ele vem ao nosso encontro e nos chama dentro de uma realidade específica. Parte de nossa humanidade, de nossas qualidades, mas também de nossas deficiências. “Farei de vós, pescadores de homens” (Mc 1, 17). Ele não nos afasta de nosso contexto, mas utiliza-se de nos para transformá-lo.
A única exigência para segui-lo é deixar tudo. Esse “deixar”, não implica distanciar, mas saber que, diante desse projeto, tudo se torna relativo. Deus torna-se o eixo para o qual tudo deve convergir. Esse deixar coisas e pessoas para seguir os passos de Jesus nos faz confirmar a realidade e o valor do Reino de Deus. Em um mundo que nos apresenta vários deuses, deixar tudo significa que só existe um que é para nós Tudo, que é Absoluto.
Maria é exemplo dessa que soube deixar todas as coisas para abraçar a Palavra de Deus. Todas as coisas ganharam um novo sentido para ela a partir do momento em que ela deu o “sim” ao Anjo.
Aprendamos, como ela, a deixar de lado tudo o que nos deixa divididos, o que nos faz dependentes e nos coloquemos diante do nosso único e supremo Senhor. Ele, inaugurando esse novo reino, nos coloca diante de nossa humanidade de forma mais livre e plena.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Sábado da II Semana do Tempo Comum

Sábado, 21 de janeiro de 2012

“Ele está ficando louco” (Lc 3, 21)

A incompreensão é uma das primeiras conseqüências enfrentadas por aqueles que seguem a Cristo. Isso porque sua mensagem vai além de nossos sistemas, de nosso modo de ver e agir sobre o mundo. Quem o segue verdadeiramente é compreendido como louco, por que não anda segundo os critérios já estabelecidos pelo mundo, mas segundo os projetos de Deus.
A novidade trazida por Jesus Cristo é motivo de escândalo para muitos. Fazer-se Filho de Deus, apresentar uma nova compreensão para as leis religiosas vigentes até então e colocar o homem no centro de toda essa dinâmica é arriscar-se dentro de uma sociedade de manutenção. A pergunta que podemos nos fazer é: estamos prontos para correr esse risco?
A mensagem evangélica encoraja-nos a entregar-se nessa missão. Precisamos fugir das categorias que o mundo nos apresenta e seguir a “loucura” do Cristo. Essa, que teve o seu ápice na cruz, é confirmada pelo próprio Deus quando retirou da morte aquele que assumiu a missão até o fim. Saibamos correr o risco da Cruz e recebamos, com ele, um prêmio que é eterno.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sexta da II Semana do Tempo Comum

Sexta, 20 de janeiro de 2012

“Jesus escolheu aqueles que ele queria” (Mc 3, 13)

O chamado de Cristo vai além de nossas compreensões. De fato, ele chama a quem ele quer. Ele não nos escolhe pela nossa inteligência, pelas nossas habilidades ou pela nossa capacidade de fazer bem as coisas. Ele age conforme o desígnio do misterioso do Pai que sempre nos coloca em um projeto organizador, mas que somente ele conhece.
A nossa tentação, no mundo de hoje, é nos achar capazes de construir a nossa própria salvação. Pensamos que a nossa inteligência, nossas habilidades e a nossa capacidade de fazer o bem é suficiente para que o mundo seja redimido. Queremos tomar as rédeas de um projeto que ultrapassa a nossa razão e as nossas categorias.
Não é a nossa força que nos faz mais santos ou melhores. A graça sempre vem em nosso auxílio e nos ensina que o projeto é de Deus ele escolhe, verdadeiramente, quem ele quer. É ele quem nos torna aptos para essa realização, é ele quem nos apresenta a verdadeira face do homem glorificado e nos aponta o caminho a seguir.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Quinta da II Semana do Tempo Comum

Quinta, 19 de janeiro de 2012

“Tu és o Filho de Deus” (Mc 3, 11)

Que significar afirmar tal realidade dessa filiação: Cristo filho de Deus? Realidade que ultrapassa as nossas categorias e que, diante da qual, até os espíritos maus se curvam?
A afirmação evangélica continua: Jesus é a Palavra Pronunciada pelo Pai, Palavra de Redenção, Palavra que Salva. Não salva enquanto gera conhecimento, mas porque cumpre e objetivo previsto, o homem que se aproxima dessa realidade é curado. Essa libertação do homem não é realizada além de sua natureza, mas em sua verdadeira afirmação.
Olhar para Jesus não implica estar diante de um “extra-terrestre”, ele é verdadeiro homem, nascido em um tempo preciso, que falava a um contexto determinado. Aproximar-se de sua pessoa, portanto, não é fugir de nossas realidades, mas abraçar tudo o que é humano, tudo que nos faz humanos.
Saibamos assumir essa filiação divina e seguir os passos daquele que foi Verdadeiramente o Filho de Deus. Para isso, não precisamos ir além de nossa realidade nem buscarmos algo que foge às nossas possibilidades. Basta que nos deixemos modelar pelo Espírito Santo de Deus que nos faz, a cada instante, à Imagem de Deus Pai.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Quarta da II Semana do Tempo Comum

Quarta, 18 de janeiro de 2012

“Em dia de sábado, o que é permitido fazer: o bem ou o mal?” (Mc 3, 4)

Ao chamar aquele homem para o centro e o curá-lo Jesus define a mensagem central do projeto divino. A Revelação de Deus tem como meta definitiva a salvação dos homens. O homem, nesse sentido está no centro de toda a história da salvação que tem Deus como protagonista.
Essa centralidade do homem não se confunde com um antropocentrismo filosófico e político tão marcante em nossa sociedade. O homem está no centro por ele é objeto do amor de Deus à humanidade. O homem não busca a Deus apenas para conhecer uma Verdade em si, mas para que essa Verdade preencha de sentido a sua Vida.
Precisamos de fugir e lutar contra toda mentalidade que instrumentaliza a pessoa humana ou, quando pior, que a esquece e a coloca às margens do mundo em detrimento de nossas próprias vontades. O homem é e sempre estará no centro do projeto salvífico de Deus. Sigamos os passos de Cristo e afirmemos tudo aquilo que nos torna mais humanos e mais semelhantes ao Deus que é Pai.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Terça da II Semana do Tempo Comum

Terça, 17 de janeiro de 2012

“O sábado foi feito para o homem” (Mc 2, 17)

Por que a lei? Qual o seu sentido? O seu objetivo?
Quando uma estrada é construída, o seu fim é portar o homem até determinado ponto pelo caminho mais fácil ou curto. Isso não significa que não existem outros caminhos ou outros modos de chegar ao ponto desejado, mas aquela é colocada para que muitas pessoas conquistem o mesmo objetivo. Da mesma forma acontece com a lei.
O homem é chamado a caminhar por uma estrada já percorrida e verificada, avaliada e valorizada pela história. A limitação humana impede de dizer o que é bom ou ruim de forma definitiva, é preciso uma luz que ajude-a a compreender a lógica e o sentido que está por trás de todas as coisas, de todo o conjunto.
Mais do que uma barreira que sufoca e limita, a lei nos aponta para uma realidade superior em nossas vidas, um Outro que coloca ordem no nada de nossa existência. Andar por essa estrada é caminhar por uma Palavra que veio antes de nós e preparou-nos um sentido, uma direção e um fim desejado.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Segunda da II Semana do Tempo Comum

Segunda, 16 de janeiro de 2012
“O noivo está com eles” (Mc 2, 19)

A imagem de Cristo como noivo nos aponta para uma necessária comunhão com esse que é Enviado pelo Pai para manter com a humanidade uma relação de amor, amor que salva e liberta. Esse noivo deseja não qualquer relação, mas uma doação integral de nossas vidas a essa comunhão.
Nessa relação, não podemos dividir o nosso amor com outras coisas ou pessoas. Para ser verdadeiro ele precisa ser único. Da mesma forma, não podemos nos dizer viver com Cristo e com o seu espírito se continuamos com velhas ações, antigas posturas e visões imutáveis.
O amor Cristo tem para conosco é Pleno e exige uma resposta. Saibamos nos colocar nos ápice dessa entrega e doar-se, sem reservas, a esse projeto. Por ser perfeito ele exige um esforço de perfeição. Mesmo limitado, ele sempre compreende que a nossa entrega caminhará por uma frágil corda entre o “sim” do amor e o “não” da indiferença.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Um encontro transformador


“Encontramos o Cristo” (Jo 1, 41)

Nenhum encontro é insignificante, todos eles mudam alguma coisa em nossa vida. Alguns nos deixam mais felizes, outros, mais tristes. Uns nos entusiasmam, outros não. Tem gente que, quando conversamos, cria em nós uma esperança de vida, outros nos fazem questionar o seu sentido. A cada encontro um novo olhar.
No Evangelho, Jesus, Palavra de Deus, pronunciada no tempo como Verbo e enviada entre os homens como cordeiro, quer realizar conosco esse mesmo encontro: “Vinde e vede” (Jo 1, 39). Porém, para que isso ocorra é preciso seguir os seus passos, as suas ações, o seu modo ser e viver. Esse encontro, quando verdadeiro, gera em nós uma conversão (Cf. Jo 1, 42), um novo modo de entender o mundo e agir sobre ele.
Esse encontro, entretanto, não pode se realizar se não ouvimos a voz dessa pessoa, se não dialogamos com ela para sabermos a sua intenção: “Fala Senhor que o teu servo escuta” (1Sam 3, 10). A missão de Samuel começa a partir do momento que ele compreende que suas ações não devem ser para os homens, é preciso ouvir sempre e primeiro a voz de Deus Pai.
Entretanto, esse contato pessoal vai além do ouvir e do ver, ele nos torna semelhante àquele com o qual nos relacionamos. Por ser Vivo, ele gera em nós um novo Espírito, ou melhor, nos faz ver o Espírito de Deus presente em nossa existência. Deste modo, nos exorta São Paulo: “Então, glorificai a Deus no vosso corpo” (1 Cor 6, 20). É em nossa própria vida que esse contato se manifesta, nos faz diferentes e melhores, semelhantes à aquele Verdadeiro e Único amigo.
Tenhamos a coragem de buscar esse encontro com Cristo. Por ser pessoal é uma experiência com um Deus vivo, que anda conosco e transforma o nosso modo de ser. Para que ele ocorra é necessário seguir os passos de Jesus olhar o local onde ele se faz presente e permanecer nessa morada.
Maria é a testemunha desse encontro transformador. Ela, que foi a primeira morada do Salvador foi também a primeira que habitou com ele. A comunhão carnal com o Filho de Deus fez dela a primeira anunciadora do Verbo de Deus presente em nossa história. O seu sim abriu para a humanidade as portas para o encontro entre Deus e os homens, um encontro transformador.

Sábado da I Semana do Tempo Comum

Domingo, 15 de janeiro de 2012

“Não vim para os justos, mas para os pecadores” (Mc 2, 17)

Por que Jesus comia com os pecadores? Por que queria estar com eles? Como Verbo de Deus, ele traz em si uma Palavra de Salvação. Essa, porém, só pode cumprir o seu efeito se a aceitamos livremente, se compreendemos que ela é enviada para a nossa salvação.
Vivemos em uma cultura que parece esquecer a noção de pecado. Nesse mesmo sentido, a noção de misericórdia também torna-se desnecessária. Compreender-se como pecadores e limitados nos abre para perspectiva de um Deus que é no nosso ideal e objetivo de vida, é para Ele que caminhamos.
A humildade, mais do que um rebaixamento, é uma humanização daquele indivíduo que percebe que não é divino. Saibamos aceitar essa limitação natural, a necessidade da proteção de um Deus que vem até as nossas limitações e nos toca, vive ao nosso lado e nos chama para uma nova vida, enraizada na sua Palavra de Vida Eterna.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sexta feira da I Semana do Tempo Comum

Sexta, 13 de janeiro de 2012
“Nunca vimos coisa igual” (Mc 2, 12)

Jesus vem ao mundo para trazer uma salvação integral para a humanidade. A Revelação do Pai realizada no seu Verbo Eterno afirma a dignidade do homem e o prepara para a possibilidade de uma felicidade plena. Jesus salva a nossa alma, mas também reintegra-nos à possibilidade de uma vida feliz, sempre voltada para o Pai.
A redenção prometida por Deus e cumprida por Jesus é completa, isto é, não apenas nos porta a uma elevação espiritual, mas nos coloca em uma firmeza cada vez mais humana. O homem que encontra-se com Cristo, muda a sua vida e caminha de uma nova forma, experimenta a sua história com os mesmos sentimentos de Jesus.
A salvação da alma e do corpo nos aponta para um homem pleno, perfeito ao seu modo, que não quebra a sua existência em “espaços”: corpo e alma. Ele sabe que o projeto de Deus é a realização de um homem, modelado da terra, mas com o seu espírito, à sua Imagem. E vemos isso, em plenitude, em Cristo, Palavra de Deus.

Quinta feira da I Semana do Tempo Comum

Sexta, 13 de janeiro de 2012

“Eu quero, fica purificado” (Mc 1, 41)

O encontro de Jesus com o leproso é o encontro com uma humanidade ferida pelo pecado e pela dor de estar distante da felicidade plena, isso a marca negativamente. Entretanto, o projeto de Deus vai além dessas feridas humanas. A encarnação do Verbo apresenta o Pai que, acima de tudo, ama os seus filhos, porque deles tem compaixão.
Não estamos diante de um Deus distante de nossa realidade, ele é vivo, presente no meio de nós. Sua compaixão nos faz compreender que ele existe não para julgar o que fizemos de bom ou mau, ele sabe a nossa realidade, conhece-a não apenas em sabedoria, mas também porque a experimentou em sua própria carne.
Essa mesma compaixão nos faz andar com ele, viver a sua experiência de vida e aprender com ela. O toque de sua mão em nossas feridas representa um arriscar-se, risco esse que chega ao seu ápice na Cruz. Essa, nos ensina a sermos tocados por essa experiência de uma dor que se converte em salvação humana quando abraçada e transformada em experiência de vida.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Quarta feira da I Semana do Tempo Comum

Quarta, 11 de janeiro de 2012

“Todos te procuram” (Mc 1, 37)

Jesus é enviado ao mundo, não para fazer curas, belos discursos ou para ser um grande revolucionário. Ele é a revelação de um Deus que ama os homens e mostra-lhe a sua face redentora. A transformação que ele traz é conseqüência da Vida Plena que ele representa, mudança que não permanece no plano das ideias, mas toca o centro e nossa existência.
Por que procuramos Jesus? Para que o buscamos? Se vamos à procura de bens, valores ou outros meios para nós mesmos nos decepcionaremos. Devemos buscá-lo não pelo que ele nos pode dá, mas pelo que ele é em si: Palavra de uma Vida Plena. Coisas sempre passam, a vida é que permanece sobre tudo isso.
Esforcemo-nos para realizar esse encontro com Jesus Cristo. Esse não é um encontro com coisas ou bens, mas com uma Pessoa Viva. Quando vamos ao seu encontro não estamos andando em direção a uma bela teoria, um verdadeiro modelo ou a uma bonita mensagem, mas diante de uma humanidade que se faz plena porque é apresentada pela boca do seu próprio Autor.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Terça feira da I Semana do Tempo Comum

Terça, 10 de janeiro de 2012

“Ele ensina com autoridade” (Mc 1, 22)

De onde vinha a sua autoridade? Ele era a Palavra de Deus, possuía ao mesmo tempo, a Palavra e o efeito desejado. Sua autoridade estava no que fazia. Porém, sua vida completava os seus discursos. Não havia nele espaço para contradição, diante dele, todo mal se afastava, pois a verdade e o bem dessa proveniente encontram nele sua plenitude.
Jesus Cristo é caminho não por que nos ensina uma via de felicidade, mais uma proposta de “bem viver”, ele é via de salvação porque traz em si a Vontade de Deus para o homem e, com ela, a sua realização, ele é a Vida em Plenitude. O caminho traçado e ensinado por Cristo é uma via radical que implica renúncia, mas também porta-nos à perfeição.
Diante dele, só há um caminho de escolha: segui-lo. Não porque não temos outras opções, mas pelo fato de que, diante dele, verdade e felicidade se tocam, identificam-se. Sua autoridade não se reduz às palavras belas ou verdades lógicas, mas em na lógica de uma verdade que cumpre o bem desejado. Assumamos essa Palavra não como uma opção, mas como Vida.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Segunda da I Semana do Tempo Comum

Segunda feira, 9 de janeiro de 2012
“O Reino de Deus está próximo” (Mc 1, 11)

O anúncio do Reino de Deus que se aproxima é a manifestação da presença de Deus em nosso meio. Ele não apenas manifesta-se aos homens, mas chama-os a uma unidade, uma comunidade fundada na liberdade e no amor de filhos de Deus. Essa chamada, porém, implica renuncia de tudo aquilo que nos desvia entrega firme ao projeto do Reino.
Para participar desse reino é preciso compreender e aceitar Deus como Senhor de minha vida. Isso, porém, não representa uma ideia ou filosofia de vida, mas a doação objetiva e completa de nossa vida. Pessoas, bens, ideias e até nós mesmos devem ser colocados à serviço e em direção a Deus. Tudo que distorce essa lógica quebra o Reino e a sua edificação.
Em um mundo que nos escraviza a tantas coisas, somos chamados a nos libertar de tudo aquilo que nos prende a si e nos distancia de Deus. Só ele manifesta a plenitude de um Senhorio absoluto que nos dá a verdadeira liberdade e o amor necessário para chegarmos à plenitude de nossa existência.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Humanidade redimida


“Tu és o meu filho amado, em ti está o meu agrado” (Mc 1, 11)

A Festa do Batismo do Senhor encerra o tempo do Natal e abre o Tempo Comum. Nela, celebramos o início da missão de Jesus, ele é a Palavra de Deus pronunciada aos homens para dar a humanidade ferida pelo pecado a Vida Plena. O Batismo do Senhor confirma essa identidade de “filho amado”, Jesus provém de Deus e revela o seu amor misericordioso.
João, que realizava um batismo de conversão, não se acha digno de batizar aquele que era o seu Senhor. Jesus, entretanto, se faz batizar para entrar plenamente em nossa humanidade e assumir com ela os nossos pecados. É nesse momento em que o Pai confirma que ele era a verdade que vinha sendo pronunciada na história e o cumprimento da promessa predita pelos profetas, como acena Isaias “É o meu escolhido, alegria do meu coração. Pus nele o meu espírito, ele vai levar o direito às nações” (Is 42, 1).
“Deus enviou sua palavra aos israelitas e lhes anunciou a Boa-Nova da paz, por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos” (At 10, 36). Em Jesus, é cumprida a justiça do Pai. Ele ,que não tinha pecado, fez-se pecado para nos libertar da morte eterna. E mais do que isso, ele faz-se, ao mesmo tempo réu e advogado, pois nos defende do pecado quando é, ao mesmo tempo, vítima e caminho de salvação.
Vivemos em um mundo que esqueceu a misericórdia. Ou porque relativizou a ideia de pecado ou esqueceu a necessidade do perdão. O homem se faz Senhor de si mesmo, faz-se árbitro de todas as suas ações. Negado a misericórdia, nega-se o seu verdadeiro autor, aquele que é o Justo Juiz.
Quando envia a sua Palavra ao mundo, Deus declara a necessidade de uma justiça, mas que é cumprida no amor de Pai. Fazendo-se homem, apresenta-nos a sua pedagogia de salvação. Essa, se realiza dentro de uma humanidade que busca não elevar-se sobre si mesma ou sobre os outros, mas compreender-se, a cada dia, mais humana, frágil, necessitada de Deus e de sua Palavra de Vida.
Maria é aquela que de humilde se faz grande, por estar purificada de suas vontades e desejos individuais ela abre-se ao mistério da Palavra que se faz plenamente homem. Com ela, aprendamos a entrar nessa dinâmica e fazermo-nos pequenos diante da grandeza de Deus que mostra a sua face aos homens. E como é sua cara? A de um homem, cheio de amor pela sua existência, que sabe viver integralmente a sua história na liberdade e no amor.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sábado, 07 de Janeiro

Sábado, 7 de janeiro de 2012

O Reino dos Céus está próximo (Mt 4, 17)

Essas foram as primeiras palavras públicas de Jesus. Mais do que uma afirmação escatológica, o anúncio do Reino significava e implicava sua própria missão. Sua encarnação e manifestação aos homens implicam o senhorio de Deus que vem até nós. Para quem o aceitasse implicaria verdadeira cura e libertação.
O Reino de Deus é o momento em que aprendemos a vê-lo como verdadeiro Senhor de nossas vidas. As pessoas, as idéias, os valores e as riquezas que possuímos são relativizadas diante do Senhor. Ele, verdadeiramente, é o eixo norteador de nossas vidas, o ponto de encontro de todas as ações.
Tenhamos a coragem de largar tudo o que nos desvia desse caminho. O sacrifício que essa escolha nos pede não se compara com os benefícios que recebemos ao entramos na alegria desse Reino que tem Deus como único Senhor. Corramos ao encontro desse que não nos escraviza, mas nos dá a verdadeira e plena alegria de filhos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Epifania do Senhor

Sexta, 06 de janeiro de 2012

“Ajoelharam-se diante dele e o adoraram” (Mt 2, 11)

A Festa da Epifania do Senhor é a sua manifestação diante de todos homens. O mistério da revelação divina passa a ser reconhecido pela humanidade: Deus se faz homem. Esse mistério, porém, não depende dos poderes humanos, ele não nasce nos palácios, nem é filho de um Rei. O salvador nasce em Belém, filho de um casal que se abre ao mistério de Deus.
Deste modo, Deus não é fruto de minha inteligência, não é um produto do meu querer sobre o mundo, não é instrumento de domínio sobre as coisas e as pessoas. O nascimento do Senhor e a sua manifestação trazem uma mensagem de uma humanidade que se curva diante de si mesma, de uma criança recém-nascida, e abre-se ao mistério do Deus que se revela aos homens fazendo-se humano.
Que nós possamos nos curvar diante dessa mesma realidade. Da Virgem que gera e do Pai que não conhece a sua esposa Deus faz brotar e manifestar a vida em plenitude. Essa vida nos ensina que o caminho para a salvação não está nas grandezas humanas, mas na entrega e na simplicidade de uma vida que se sacrifica, ama e gera.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Quinta, 05 de Janeiro

Quinta, 05 de janeiro de 2012

“Vinde e vede” (Jo 1, 46)

A experiência com Jesus ultrapassa uma compreensão ideal, filosófica ou teológica. O encontro vivo com a Palavra de Deus implica o encontro com uma pessoa. Isso significa que não estamos mais no âmbito do conhecimento, mas de uma experiência viva com um Deus que vem até a nossa humanidade e comunica o seu projeto de salvação.
Esse encontro, porém, não é “mais um” em nossas vidas. Jesus, Palavra Viva de Deus conhece-nos em todas as nossas dimensões, não podemos nos esconder dele. Ele que revela ao homem o rosto de Deus também mostra-nos o rosto do homem querido por Deus. Dessa forma, esse encontro não significa uma experiência mística ou sobrenatural com uma divindade, mas um encontro com nossa humanidade em via de santificação.
Dessa forma, ir ao encontro de Jesus é encontrar-se com nossa própria humanidade. Deus não quer homens deuses, perfeitos, mas sim uma humanidade que buscar plenificar-se, que encontra a plenitude de sua existência dentro da realidade que ela está inserida. Tenhamos, portanto, a coragem de fazer esse encontro em direção a nós mesmo, encarando aquilo que, de fato, somos, e lutando para que, a cada instante o rosto de Deus , através de Cristo, se revele em nós.

Quarta, 04 de Janeiro

Quinta, 05 de janeiro de 2012

“Encontramos o Cristo” (Jo 1, 41)

A experiência com Cristo é um contato que muda a vida de todo aquele que dele se aproxima. O homem que andava nas trevas viu em Cristo a luz, o sinal de uma palavra que era pronunciada na história e se coloca às claras para toda a humanidade. O homem, mesmo andando no meio da escuridão, buscava algo para a sua vida. E esse “algo”, sempre sentido como uma lacuna, ele o encontra plenamente em Jesus.
Somos homens de busca. Acima de tudo procuramos um sentido para a nossa vida, algo pelo qual mantemos a nossa existência, o nosso ser e agir sobre o mundo. Jesus é esse fim de nossa busca porque é a resposta plena de Deus ao homem. Como Messias, ele é o enviado de Deus, ou seja, dentro dele está toda a compreensão de homem pensada por Ele. Não há mais do que indagar ou procurar.
Se quisermos um sentido para nossa vida um só é o caminho, uma só é a verdade. O mundo pode nos apresentar muitos valores, pessoas, ideais, mas se esses não são instrumentos que nos portam integralmente a Cristo, mais cedo ou mais tarde, são caminhos que nos levarão para a perdição. Saibamos, sem medo, segui-lo e permanecer com Ele.

Terça, 03 de Janeiro

Quinta, 05 de janeiro de 2012

“Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29)

Cristo é o Cordeiro de Deus porque nele a justiça de Deus se cumpre. O pecado que tínhamos deveria ser pago com a morte. Em Cristo essa sentença de morte é cumprida e nós, por Ele, somos salvos. Jesus é Cordeiro porque ele se entrega e sacrifica-se por nós. E ensina-nos o mesmo caminho a seguir: Ser cordeiros.
Entrar na dinâmica do Cristo que se entrega para a salvação dos homens não implica uma passividade de vida, mas assumir todas as nossas concepções e ir até o fim com elas, às ultimas conseqüências. Isso nos faz mais homens, mais humanos, porque nos coloca em uma vida integra e sincera consigo mesmo e com os outros.
Nós que assumirmos a Palavra de Deus, devemos ser cordeiros e deixar-se imolar quando ela nos custa. O caminho trilhado por Cristo não é privado de dores, mas implica cruz, entrega, sacrifício. Porém, o diferencial nessa imolação é que ela aponta-nos para uma glória, para a grandeza daquele que sabe assumir, até o fim, a sua identidade.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Segunda, 02 de Janeiro

Segunda, 02 de janeiro de 2012
“Eu sou voz de um que grita no deserto” (Jo 1, 23)

O que significa isso? Voz que grita no deserto. Que é o deserto senão local de provação? Espaço onde o homem encontra-se com sua humanidade que tende à decadência, uma humanidade falha, não perfeita, que tem necessidades básicas fundamentais. Essa voz, portanto é de um homem, é voz que grita de uma e para uma humanidade. Não é qualquer voz, mas alguma que aponta o caminho do Senhor, daquele que traz em si a plenitude da humanidade. É no deserto e do deserto que a humanidade encontra o seu a sua essência e o seu sentido.
Diante de tantas vozes é do deserto que encontramos aquela que aponta o verdadeiro sentido de nossa humanidade. Somos homens falhos, temos a necessidade de algo que nos ultrapassa, não temos a capacidade de definir o bem o mal, o bom ou o ruim, precisamos de uma Palavra de Verdade, algo que aponte-nos para a nossa verdadeira e plena felicidade.
Sim, é Cristo que traz em si a Palavra de Deus e o seu efeito desejado, é Palavra de Salvação. É nele que encontramos a plenitude de uma humanidade que, mesmo falha, traz em si o sopro divino. Essa Palavra não traz apenas uma ideia, mas um caminho. É essa via que devemos buscar. É essa voz que devemos ouvir. É essa Palavra que devemos proclamar em um mundo que aos poucos ensurdece com tantas vozes que falam de todos os lados.

Silêncio que gera



“Maria, de sua parte, guardava todas essas coisas
e as meditava em seu coração” (Lc 2, 19)

O que viram os pastores naquela experiência de encontro com a família de Nazaré? Supostamente um pai que protegia, uma mãe que cuidava e uma criança que manifestava a paz de um ser que se sentia acolhido pelo amor de seus genitores. Os pastores glorificaram a grandeza dessa imagem, coisa que eles não encontraram nos palácios. Havia ali algo que o mundo não dá.
Celebrar Maria, Mãe de Deus é contemplar e viver a experiência daquela que, através do seu silêncio, torna presente em sua realidade a Palavra de Deus. Maria gera o menino Deus não por discursos, habilidades, por meio de sua grandeza de vida ou pela sua quantidade de boas obras, ela gera por meio do silêncio. E essa é a grande pedagogia de Deus. Ele age em nosso nada e desse, torna possível a nossa redenção.
Em um mundo marcado pelo orgulho intelectual, pelo relativismo religioso ou pela materialidade nas relações, o silêncio surge como uma antítese a toda essa cultura. O homem está sempre buscando preencher seu tempo com palavras ou vozes, explicações ou conjecturas sobre o mundo e a vida. Esquece de calar-se diante do mistério de sua existência, que sempre ultrapassa qualquer raciocínio.
Maria é mãe de Deus por que é mulher do silêncio. Sabe calar-se diante da realidade da vida e contemplar a Revelação Divina que ocorre na história humana. Ela compreende que o projeto de salvação vai além dos homens. Maria guarda a Palavra em seu coração, medita-a não busca esquadrinhá-la, apenas a acolhe. E, mesmo sem entender como ocorre esse processo, gera em si o Verbo que se faz homem, a Palavra que refaz o homem.
O mistério do Natal no ensina a nos curvar diante desse fato: Deus salva. Ele vem até a nossa humanidade, toca-a e manifesta a plenitude do seu amor em Jesus Cristo. Porém, para que isso ocorra é preciso silenciar, deixar que Ele manifeste-se plenamente, abrir-se a um mistério que sempre está sobre as nossas compreensões.
Maria é ícone desse movimento, ela gera essa Palavra em seu coração e materializa-a no seu ventre. É uma Palavra que não permanece em um mundo ideal, mas faz-se carne, mistério vivo que manifesta e dá ao homem a sua salvação. Maria silencia, deixa que Deus cumpra em sua humanidade seu projeto universal de redenção. Ela nos ensina que o caminho de Vida Plena se faz no ajoelhar-se diante desse Verbo que aponta e leva-nos para o alto.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Sábado, 31 de Dezembro

Sábado, 31 de dezembro de 2011

“Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito” (Jo 1, 3)

Cristo é Palavra de Deus pronunciada no tempo. Essa Palavra, porém, mesmo sendo realizada na história humana sempre ultrapassa as nossas categorias. Ultrapassando as categorias de tempo espaço ela é eterna, isto é, vale eternamente para todos os homens de todos os tempos. Ela é, portanto, aquela que dá sentido ao nosso tempo, a nossa vida e a nossa história.
Viver a experiência do tempo é entrar em uma categoria que não pertence a Deus mas pela qual podemos experimentá-lo. De fato, se a Palavra de Deus fez-se homem, essa plenitude foi cumprida dentro da história humana. A vida, com isso, ganha um novo sentido. Não podemos olhar para Deus com uma distância eterna, pois em Cristo ele se faz próximo de nós.
O ano que está para iniciar não é “mais um” em nossas vidas. Ele é a possibilidade de um recomeço que se faz perene em nossas vidas. Há sempre a esperança de uma vida plena, basta olhar para Cristo, Palavra Viva de Deus proclamada em nosso mundo. Tudo aponta para ele e nós, seguindo esse percurso, devemos exercitar os nossos passos nessa direção.

FAÇAMOS QUE ESSE ANO SEJA REALMENTE NOVO

FELIZ E ABENÇOADO 2012

Sagrada Família

Sábado, 31 de dezembro de 2011

“O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria.
A graça de Deus estava com ele” (Lc 2, 40)

Celebrar a festa da Sagrada família é viver a riqueza dessa que é o berço de todo homem de bem. É dentro da família que o indivíduo recebe uma educação fundada no amor recíproco e íntegro. Esse discurso é confirmado pelo próprio Deus quando se submeteu a essa estrutura. Sua divindade passou por essa instituição, sua grandeza pessoal foi alicerçada sob a pedra da família humana.
Não há mistério na construção da santidade. Ela nasce no colo do pai e da mãe, sob o olhar daqueles que entregam, no amor, a sua vida um ao outro e buscam crescer e gerar nessa experiência. É nessa doação que a vida surge, é por essa entrega que a vida se manifesta, é por meio dessa comunhão que o divino se manifesta verdadeira e efetivamente em nossa humanidade.
Saibamos nós também entrar nessa dinâmica do amor que gera. A imagem de Maria e José cuidando do menino Deus deve ser um testemunho vivo da santidade que nasce da doação integral de nossas vidas para que a própria Vida se manifeste. Assumamos em nosso íntimo essa opção pela Vida livre, entregue à favor do outro, gerando e manifestando o próprio amor e, com isso, tornando-o Vivo e presente em nosso mundo.

Quinta, 29 de Dezembro

Quinta feira, 29 de dezembro de 2011
“Luz para iluminar as nações” (Lc 2, 32)

A esperança de Simeão é cumprida. Ele vê a salvação que chega à humanidade. Uma redenção que não vem por força humana, por suas habilidades ou capacidade de raciocínio. A força provém de uma criança, de uma vida inocente que é gerada na escuta à Palavra de Deus. Essa criança é luz, pois aponta a presença de um Deus que se manifesta em nosso meio, que nos ama e aponta um caminho de vida plena.
Cristo é luz para as nações. Ele aponta para uma nova realidade que se constrói sobre a sua vinda. Essa nos traz esperança, alegria, sinal de que Deus vem ao nosso encontro e quer nos dar uma vida nova. Essa nova realidade não se constrói apenas por nossas forças, mas é constituída na abertura ao mistério do homem que espera novos céus e nova terra, e caminha em sua direção, mesmo não compreendendo.
É preciso caminhar. Continuar a esperar a manifestação plena desse Reino que é inaugurando com Cristo em sua encarnação, firmado no mistério da cruz e confirmado na alegria da ressurreição. Precisamos seguir essa estrada que é iluminada com o sinal da criança que nasce. Seguir, mesmo sem compreender alguns momentos a direção que essa luz aponta. Confiar, sabendo que essa luz esclarece a via e as pedras que nela existem. Esperar e experimentar o grande fim desse percurso: uma vida feliz.