segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

“Ele era a luz verdadeira que ilumina todo homem”

31 de dezembro de 2012


“Ele era a luz verdadeira que ilumina todo homem” (Jo 1, 9)

Cristo, Verbo de Deus, vem ao mundo como luz. Ele mostra ao mundo que é o princípio e o fim de todas as coisas. Somente iluminados por esse princípio de vida é que podemos olhar para o mundo de uma forma nova.
Não podemos ver as coisas por si mesmas, mas somente a luz que chega até ela, o reflexo daquilo que ela nos transmite. Olhar para o mundo permeado de Cristo é deixar que ele seja essa fonte de verdade e vida que ilumina todas as coisas e as mostra verdadeiramente.
Que nesse ano que está para iniciar possamos olhar para o mundo por meio da Luz Verdadeira. Somente ela nos dá a capacidade para ver a realidade com um princípio divino e nos dá a possibilidade de caminhar no tempo irradiando essa fonte de Verdade e Vida plena.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

“Luz para iluminar as nações e glória para o teu povo, Israel”

29 de dezembro de 2012
 

“Luz para iluminar as nações e glória para o teu povo, Israel” (Lc 2, 32)

O que o velho Simeão viu de especial naquele menino? Por que toda a esperança de sua vida foi colocada naquela visão e a promessa de um salvador, em uma pequena criança? Como essa criança é capaz de irradiar para muitos povos esses raios de uma certeza?
Toda criança porta consigo uma dinâmica de mistério e esperança. Ela possui um potencial de vida que não sabemos, e que só o tempo revelará. Simeão compreende que a salvação do seu povo não vem pela grandeza ou força humana. Ela é projeto de Deus.
É preciso saber esperar. Deus porta a cumprimento todos os seus projetos, em seu tempo determinado, de um modo que só ele conhece. É essa luz de esperança que viram aqueles olhos cansados e ainda hoje sustentam nossa humanidade a caminho.

“Herodes vai procurar o menino para matá-lo”

Santos Inocentes
28 de dezembro de 2012


“Herodes vai procurar o menino para matá-lo” (Mt 2, 13)

A ordem de morte das crianças de Belém por parte de Herodes revela o seu medo diante da promessa do Messias. Ele tenta sufocar qualquer possibilidade de esperança para Israel, pois teme que o seu projeto seja frustrado.
O mundo tenta criar uma estrutura de manutenção, uma constância de seu sistema. Qualquer projeto humano que ameace essa ordem vem logo perseguido, sufocado e morto. Mas nós, somos “salvos pela esperança”.
É ela que nos faz permanecer de olhos firmes, mesmo com todas as adversidades da vida. É ela quem nos faz olhar com fé para uma simples criança e ver nela a presença de Deus em nosso meio. É na criança que vemos o mistério e o potencial de uma vida nova.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

“Feliz aquela que acreditou”

Sexta, 21 de dezembro de 2012


“Feliz aquela que acreditou” (Lc 1, 45)

A grandeza de Maria não está na realização de uma grande obra de sua parte. Ela é feliz porque soube acreditar na promessa de Deus e soube dar o espaço necessário para o seu cumprimento. Esvaziando-se de si mesma ela preenche-se de Deus.
Deixar que Deus habite em nós não é um privilégio, mas uma necessidade de nossa humanidade que deseja plenitude. Todavia, é necessário que deixemos espaço a essa realidade retirando tudo aquilo que nos ensoberbece, que nos “incha” de si.
Aprendamos a silenciar as nossas verdades e deixar que a Palavra de Deus habite realmente em nosso meio. Esse silêncio é um ato de fé que purifica o nosso orgulho e abre espaço para o único Verbo que gera vida e porta felicidade.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

“Nada é impossível para Deus”

Quinta, 20 de dezembro de 2012

 
“Nada é impossível para Deus” (Lc 1, 37)

O anúncio do Anjo à Maria é imediatamente posterior ao anúncio do nascimento de João Batista. Uma virgem sem esposo e uma senhora estéril: dois opostos e uma mesma condição. É daí que Deus faz brotar a vida.
Maria, mesmo não compreendendo aquele projeto abre-se à sua realização. O seu “faça-se” é um “sim” de abertura, de esvaziamento de seus próprios projetos em conformação à Palavra de Deus em sua vida. O seu silêncio é preenchido pelo Verbo.
Abrir-se ao projeto de Deus é reconhecer-se que não somos agentes únicos de nossa vida. O contrário, Deus só age quando damos espaço, um lugar que ele merece e deve ocupar em nossa vida, um lugar onde verdadeiramente ele possa habitar.

“Eis que ficarás mudo e sem poder falar até o dia em que isto acontecer”

Quarta, 19 de dezembro de 2012

“Eis que ficarás mudo e sem poder falar até o dia em que isto acontecer” (Lc 1, 20)

O silêncio de Zacarias diante do Anjo é o silêncio de toda a humanidade que se vê sem palavras diante da realização da Palavra do Senhor. Deus realiza o seu projeto acima de nossas forças, ele gera vida no nada de nossa existência.
Diante do poder de Deus, só podemos nos calar e entrar nesse projeto que foge às nossas explicações e habilidades. Devemos apenas contribuir com a concretização de seu projeto salvífico mesmo quando não o compreendemos.
Que o nosso silêncio seja o de Maria, que soube colaborar com o projeto de Deus sem rejeitar ou colocar obstáculo à sua dinâmica. Saibamos confiar no infinito poder de Deus que age por meio de nossas fraquezas e delas gera vida nova.

“Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus”

Terça, 18 de dezembro de 2012

“Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus” (Mt 1, 21)

O protagonismo de José, típico da tradição mateana, revela a sua responsabilidade no projeto salvífico. A virgindade de Maria unida à não participação direta de José na geração de Jesus apresentam o grande toque de Deus em nossa humanidade.
Como “Filho de Davi”, é por meio de José que se cumpre a promessa do Messias esperado. Com isso, ele é chamado a assumir essa realidade, a “dar um nome” a esse mistério. A reconhecer a iniciativa divina de nos salvar a partir de nosso nada.
Viver uma “instrumentalidade” no projeto de Deus não é permanecer em uma estrutura passiva de mundo. Não podemos fugir do seu senhorio, devemos aprender constantemente a nos levantar e a dar um “sim” cotidiano à sua grande proposta.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

“Jesus Cristo, filho de Davi, Filho de Abraão”

Segunda, 17 de dezembro de 2012

“Jesus Cristo, filho de Davi, Filho de Abraão” (Mt 1, 1)

A narração de Mateus, marcadamente judaica, apresenta a genealogia de Jesus. Ele é filho da promessa. Nele, se cumpre definitivamente a aliança entre Deus e os homens. A salvação perpassa a história humana e chega ao seu ápice no grande intervento divino.
Reconhecer essa genealogia é ver a ação de Deus em nossa história, é ver que ele realiza seu plano de salvação mesmo por meio de homens e mulheres frágeis. Não somos nós quem cumprimos esse gesto, somos instrumentos de um poder superior.
Saibamos silenciar diante de esse grande mistério. Não somos os responsáveis últimos da salvação humana. Deus age por meio de nossa humanidade. Saber reconhecer essa intervenção é colocar-se como ponte de uma graça que é muito superior à nossa natureza.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

“Qualquer um de vós que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo”

Memória de São João da Cruz
14 de dezembro de 2012


“Qualquer um de vós que não renunciar a tudo o que possui
não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 33)

A nossa vida é uma só. Há um início, um desenvolvimento e um fim, um limite. A renúncia de todas as coisas em função de um único projeto de vida apresentada por Jesus é a afirmação de que devemos assumi-la de forma integral e intensa.
Apegar-se a coisas, pessoas e projetos é limitar o nosso percurso. Paramos no meio do caminho e esquecemos o fim que planejamos. Renunciar não significa negar, mas saber relativizar algumas coisas em função de uma única que tomamos por absoluto.
Não podemos abraçar o mundo com as mãos. Saibamos fazer a escolha certa e precisa em nossa vida. Uma escolha que nos faça entregar tudo o que somos e temos, algo ou alguém que possamos verdadeiramente investir, e ver, ao fim, que valeu a pena viver.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

“O Reino dos Céus sofre violência...”

Quinta feira da II Semana do Advento
13 de dezembro de 2012

“O Reino dos Céus sofre violência...” (Mt 11, 12)

A instauração do Reino dos Céus não é uma dinâmica passiva. Pelo contrário, requer a luta daqueles que o desejam. Ele necessita e implica transformação daqueles que estão envolvidos. É constante batalha entre perdas e ganhos.
Viver essa construção é colocar a própria vida em jogo, é arriscar-se completamente em função de um ideal de Vida Nova. Ideal que é projeto, projeto que implica luta, luta que nos faz crescer, fazendo-nos grandes nesse Reino.
Os sofrimentos e as possíveis perdas dessa batalha fazem parte do projeto de Deus que deseja nos modelar à imagem do seu Filho. Como o diamante, só chegamos ao fim depois que perdemos tudo o que não é necessário. Saibamos correr esse risco.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

“O meu jugo é suave e o meu fardo é leve”

Quarta feira da II Semana do Advento
12 de dezembro de 2012

“O meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11, 30)

O mistério da encarnação apresenta para nós o movimento de Deus até a nossa humanidade, ele se curva, abaixa-se e abraça-nos. Ele não retira os nossos pesos, mas nos ensina a encará-los da forma mais humana possível.
O nosso corpo tende a afastar tudo o que porta sacrifício ou dor. Mas esquecemos que viver já aporta consigo uma dinâmica de perdas e ganhos, de transformação constante. A própria vida é uma luta interna e externa do nosso “eu”.
Saibamos retornar ao verdadeiro conceito de sacrifício. Ele nos ajuda a fazer sagrada toda a realidade com a qual temos contato, porque é projeto de Deus. Em Jesus, vemos a verdadeira face de nossa humanidade, a verdadeira possibilidade de ser humano.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

“O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos”

Terça feira da II Semana do Advento
11 de dezembro de 2012

“O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos” (Mt 18, 14)

O projeto originário de Deus na criação sempre foi a elevação da humanidade a um estado de graça perfeita, a sua plenitude. O pecado não quebra esse projeto, muito menos o destrói. Ele apenas abre um desvio nesse percurso.
A imagem do Pastor que cuida das ovelhas e procura a que se perde é reflexo direto do Deus que vem até a nossa humanidade para nos reconduzir a Si. As nossas opções sempre serão as mesmas: podemos nos deixar ser portados por ele ou escapar.
Deixemo-nos ser portados pelas mãos desse bom pastor. Como Pai, ele sabe o percurso certo e seguro em direção à nossa única morada. Como Deus, ele conhece a nossa verdadeira identidade e o sentido último de nosso ser.

domingo, 9 de dezembro de 2012

“Levanta-te, pega a tua maca e vai para casa”

Segunda feira da II Semana do Advento
10 de dezembro de 2012

“Levanta-te, pega a tua maca e vai para casa” (Lc 5, 24)

Ao ordenar que aquele homem portasse a maca mesmo depois de sua cura significa muito. Implica recordar sempre de onde saímos, daquilo que nos fazia, ou ainda faz, limitados. Voltamos para casa sempre com esse “peso” nas costas.
A superação de um limite não deve ser motivo de orgulho para a nós. Provoca um compromisso: a missão não acabou. Temos que prosseguir um percurso sempre portando essa limitação, mesmo que em nossas mãos, sob o nosso controle.
A cura não significa fim, há muito ainda o que percorrer. Mas para realizar esse percurso temos que saber confiar na Palavra de Deus que deseja um homem em pé, senhor de si, que não esquece a sua humanidade e faz o percurso de retorno à casa do Pai.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

“Faça-se conforme a vossa fé”

Sexta feira da I Semana do Advento
7 de dezembro de 2012

“Faça-se conforme a vossa fé” (Mt 9, 29)

A pergunta de Jesus não é retórica, ele não perguntava já sabendo a resposta precisa. Consciente de seu poder ele precisava de um sim para entrar e transformar aquela vida. É na liberdade do homem que vemos o limite da onipotência divina.
Deus não pode agir sobre a humanidade sem a nossa abertura, sem a entrega ao seu projeto de vida nova. É no ato de fé que realizamos esse sim de adesão e abertura. Um sim muitas vezes fraco, obscuro, inseguro, incerto...
Essa entrada de Deus em nossa vida não se fundamental em um ato sentimental. Se realiza em pequenas adesões concretas, em um “sim” quotidiano ao projeto de Deus. Ele, não duvidando de Si, mas esperando a nossa resposta, sempre nos questiona:

“Acreditais que eu possa fazer isso?”

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

“Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sensato”

Quinta feira da I Semana do Advento
6 de dezembro de 2012

“Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática
é como um homem sensato” (Mt 7, 24)

A Palavra que criou tudo o que existe e colocou o homem como centro dessa ação é a mesma que continua a dar ordem a essa realidade dando-lhe um fundamento, um sentido último. Agir conforme essa lógica é entrar na dinâmica da vontade de Deus.
Corremos o risco de aplicar ao mundo a nossa própria lógica, nossas definições e valores esquecendo que ele não nos pertence de forma absoluta. Olhando a realidade somente segundo nossas categorias, acabamos por distorcê-la, fragmentando e negando vida.
Precisamos olhar para o mundo e agir sobre ele com o princípio da Palavra de Deus. Ela nos ensina a ver a realidade divina que permeia e fundamenta toda a realidade. Com ela, podemos agir com prudência em um mundo marcado pela instabilidade humana.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

“Sinto compaixão...”

Quarta feira da I Semana do Advento
5 de dezembro de 2012

“Sinto compaixão...” (Mt 15, 32)

Jesus é o ponto de convergência para o qual converge a nossa humanidade. Ele cura, liberta e alimenta, nos sacia de elementos fundamentais para a nossa vida. Esse cuidado só se realiza porque ele se faz humano como nós, conhece toda a nossa condição.
Em Jesus vemos a presença de um Deus que cuida por ama e ama porque conhece verdadeiramente, ele mesmo está imerso na humanidade e sabe de suas fraquezas e anseios. É nesse sentido que o senhorio é diverso desse mundo: somos seus amigos.
Essa aproximação quebra com aquela antiga barreira entre Deus e os homens: Deus se faz homem e refaz a humanidade decaída. Corramos ao encontro do Senhor, como homem ele conhece os nossos vazios, como Deus, ele é capaz de preenchê-los.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

“Felizes os olhos que veem o que estais vendo”

Terça feira da I Semana do Advento
4 de dezembro de 2012

“Felizes os olhos que veem o que estais vendo” (Lc 10, 23)

A Revelação feita por Deus em Jesus Cristo não é objeto de uma inteligência dominante, mas é realidade compreensível àquele que se faz pequeno. Não pode reconhecer o Senhor aquele não sabe se faz servo, não pode olhar para o alto aquele que não está no chão.
Deus não é mais um ser transcendente fechado em seu mundo. Em Jesus, ele entra a nossa humanidade e realiza uma relação interpessoal conosco. Em resposta, devemos reconhecer a grandeza desse gesto e usufruir dessa aproximação.
Viver a experiência do toque entre Deus e o homem é confiar na possibilidade uma felicidade no hoje de nossas vidas. Essa relação não é de domínio subjugante, mas de entrega livre e integral Daquele que se faz homem e, com isso, diviniza a nossa humanidade.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

“Dize uma só palavra e meu servo ficará curado”

Segunda feira da I Semana do Advento
3 de dezembro de 2012

“Dize uma só palavra e meu servo ficará curado” (Mt 8, 8)

A grandeza de fé daquele centurião estava centrada na Palavra de Jesus como centro da salvação. Ele reconhece em Jesus um senhorio que está acima de qualquer poder humano, porque esse se fundamenta em uma palavra de vida plena.
Nós que constantemente ouvimos e lemos a Sagrada Escritura corremos o grande risco de esquecer a grandeza e eficácia dessa Palavra. De tanto ouvi-la, caímos no orgulho de já conhecê-la totalmente, esquecendo que ela é, na verdade, fonte de vida.
Tenhamos a constância de estar sempre ao lado dessa Palavra, abraçando a contínua novidade que ela porta consigo. Como Palavra de Deus ela é fonte de vida que jorra a dá forças a todo aquele que toca, bebamos dessa fonte.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

“Ficar em pé diante do Filho do Homem”

Sábado da XXXIV Semana do Tempo Comum
1º de dezembro de 2012

“Ficar em pé diante do Filho do Homem” (Lc 21, 36)

O julgamento de Deus não se fundamenta em quem pecou mais ou menos, pecados grandes ou pequenos, mas quem procurou levantar após cada queda. Isso requer uma força muito grande, já que é uma luta contra a nossa própria inércia.
As dificuldades da vida criam em nós determinados conformismos que nos “curvam” diante da realidade. Essa distorção ocorre quase sempre porque nos esquecemos de nos corrigir ou nos deixar ser corrigidos no tempo certo.
Essa correção, entretanto, deve ocorrer de forma contínua, em uma constante “tensão de vida”, que nos deixa sempre atentos ao constante perigo da queda. Essa tensão não nos evita de cair, mas nos dá ânimo para levantarmos sempre.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

“Eu farei de vós pescadores de homens”

Festa de Santo André, apóstolo
30 de novembro de 2012

“Eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4, 19)

O chamado que recebemos de Deus não parte do nada. Ele é realizado em uma situação histórica determinada. Ele nos chama com todas as realidades que nos definem, não retira nem elimina nada. Ao contrário, utiliza-nos integralmente no seu projeto de salvação.
Deus nunca retira a nossa liberdade. Essa é um elemento essencial no chamado que ele realiza. Precisamos dar um sim completo, com toda a nossa vida, história, com todo o nosso ser. Deixar todas as coisas significa saber olhar um único fim último.
Saibamos permitir que Deus trabalhe por meio nossa liberdade. Que o nosso sim seja uma verdadeira conformação ao seu gesto pleno de amor aos homens. Tenhamos a confiança que ele não nos corta ou fragmenta, mas lapida e modela o que temos e somos.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

“[...] Erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”

Quinta feira da XXXIV Semana do Tempo Comum
29 de novembro de 2012

“[...] Erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima” (Lc 21, 28)

As imagens escatológicas do sofrimento dos homens e do mundo trazem, na verdade, como centro, a vinda de Jesus Cristo. Ele, que é princípio da criação, é também fim para o qual tudo converge. Ele é Juiz e Senhor do mundo.
Essa centralidade de Jesus não é apenas uma imagem alegórica de seu reinado. Constantemente, corremos o risco de desviar as nossas ações para outros fins, fixar a nossas vidas em falsas seguranças, seguir outras palavras.
Como Juiz e Senhor, Jesus é a única Palavra, a verdadeira fonte de segurança e o fim último de nossas vidas. Seguir esse trajeto é fonte de verdadeira liberdade, por que nos aproxima e nos conforma àquele que é paradigma de uma humanidade santificada.

“É pela perseverança que salvareis a vossa vida”

Quarta feira da XXXIV Semana do Tempo Comum
28 de novembro de 2012

“É pela perseverança que salvareis a vossa vida” (Lc 21, 19)

A consequência da postura daquele que tem Deus como único Senhor de sua vida é a perseguição dos “senhores” deste mundo. A sua negação é uma reação de defesa de uma estrutura que se vê ameaçada por nossa opção.
Essa perseguição é um sinal positivo, não pelo valor do sofrimento em si, mas pelo fato que essa é sinal que fizemos uma escolha contrária às propostas desse mundo. A dor que às vezes sentimos pode ser sequela da opressão desses “senhores” decadentes.
Quando isso acontece, devemos apenas agradecer a Deus e pedir forças para perseverar nesse caminho. Outras vias mais atraentes sempre aparecerão nesse percurso, mas essas sempre nos portam a reinos que escravizam e estragam a nossa vida.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

“Não será deixada pedra sobre pedra”

Terça feira da XXXIV Semana do Tempo Comum
27 de novembro de 2012
 
“Não será deixada pedra sobre pedra” (Lc 21, 6)
 
As imagens apocalípticas de uma destruição do mundo material revelam a grandeza e a eternidade de Deus, Senhor da história. Diante dele, o mundo é relativo, perde o seu aparente poderio, todas as suas forças são passageiras.
Se entramos nessa dinâmica do Senhorio de Deus sobre o mundo, aprendemos a ver os males como parte integrante da história. Por meio deles, vemos a fragilidade de toda força humana, a pobreza de nossas habilidades e a transitoriedade das riquezas da terra.
Na destruição dos bens materiais, Deus não se revela como agente de destruição ou de morte, mas Senhor de toda a realidade criada. Tudo converge para Ele, porque dele provem, ele é o único Absoluto da história.

domingo, 25 de novembro de 2012

“Ela, porém, na sua miséria, depositou tudo o que tinha para viver”

Segunda feira da XXXIV Semana do Tempo Comum
26 de novembro de 2012

“Ela, porém, na sua miséria, depositou tudo o que tinha para viver” (Lc 21, 4)

Cristo é Rei, mas como ele pode exercer essa senhoria? Aquela pobre viúva nos responde objetivamente essa questão: É na entrega de nossa vida a ele, depositando toda a nossa esperança e confiança em seu projeto de salvação da humanidade.
Deus não é uma válvula de escape. Algo que utilizamos apenas em momentos de sufoco. Alguém que damos apenas o tempo que nos sobra, e quando sobra. Como Senhor de nossa vida, ele passa a ser ponto de convergência, princípio e fim de nossas ações.
Tenhamos a coragem de fazer esse salto de fé, de confiar todos os nossos sonhos, entregando a nossa vida e nossos projetos nas mãos de Deus. Como verdadeiro e único Senhor, ele portará a cumprimento o que nossas forças não serão capazes de realizar.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

“Minha casa será uma casa de oração”

Sexta feira da XXXIII Semana do Tempo Comum
23 de novembro de 2012

“Minha casa será uma casa de oração” (Lc 19 46)

Na Purificação do Templo, Jesus apresenta o verdadeiro valor desse como Casa de Deus, Lugar do Encontro, do diálogo entre Deus e os homens. Ao mesmo tempo, ele se revela o novo Templo, o caminho privilegiado para o Pai, a sua perfeita revelação.
Em nossa vida espiritual, corremos o risco de distorcer a nossa relação com Deus. Queremos aproximar-se dele somente para obter algo, o transformamos verdadeiramente em “mercado”. Invertemos o meio pelo fim.
Se nosso contato com Deus for apenas em função de um bem estar pessoal, estaremos realizando, mais cedo ou mais tarde, uma relação frustrante. Como Bem Absoluto, ele é fim em si mesmo. Dessa forma, todo movimento de nossa humanidade só pode tender para ele.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

“Hoje a salvação chegou nesta casa”

Terça feira da XXXIII Semana do Tempo Comum
20 de novembro de 2012

“Hoje a salvação chegou nesta casa” (Lc 19, 9)

A novidade do mistério cristão está no fato de que Deus vem ao nosso encontro. Não somos nós que por meio de nossas forças, habilidades e inteligência “subimos” em sua direção. No seu amor integral ele revela aos homens o seu projeto de salvação.
Entretanto, nesse contato, ele não anula a nossa liberdade, sempre resta a nossa iniciativa de recebê-lo em nossa vida... ou não. É a partir desse encontro pessoal que a nossa vida muda realmente, nos convertemos de fato.
Que nós possamos nos abrir a essa iniciativa Divina de entrar em nossa humanidade. Por potente que seja, ela sempre precisa da abertura de nossa liberdade. Ela tem a necessidade de ouvir o nosso sim para que possa vir até nós e habitar em nossas moradas.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

“Senhor, que eu veja de novo”

Segunda feira da XXXIII Semana do Tempo Comum
19 de novembro de 2012

“Senhor, que eu veja de novo” (Lc 18, 41)

Há um cego mendigando no caminho. Ele está parado porque não pode andar, não consegue ver o caminho. Jesus passa, ele é luz nesse caminho, e aquele homem reconhece essa verdade. Ele é luz porque é “filho de Davi”, é cumprimento da promessa de Deus.
Quantas vezes permanecemos nas estradas da vida mendigando, recolhendo as sobras daqueles que apenas passam por nós? Quantas vezes esquecemos que somos os protagonistas de um caminho e permanecemos vivendo sobre o que os outros dizem do mundo?
É hora de levantar, de saber ver o mundo à luz de Cristo, de saber rever a nossa vocação fundamental e reconhecer-se agente desse percurso. Entretanto, o primeiro passo a ser dado é com a fé, um salto que parte do escuro na esperança de que não estamos sós.

“Quem procurar salvar a sua vida vai perdê-la, mas quem a perder vai salvá-la”

Sexta feira da XXII Semana do Tempo Comum
16 de novembro de 2012

“Quem procurar salvar a sua vida vai perdê-la,
mas quem a perder vai salvá-la” (Lc 17, 33)

O discurso sobre a vinda do Reino prossegue. Do mesmo modo em que ele não vem de modo ostensivo, mas é um processo que se realiza na história, a sua chegada é decisiva para o homem, exige dele uma entrega plena.
Em uma cultura em que estamos mais preocupados em salvar a nossa “pele”, os nossos sonhos e os nossos bens, entregar-se a um projeto que exija toda a nossa vida é, no mínimo, loucura. Entretanto, para Deus é sinal de salvação.
Saber “gastar” a nossa vida em um caminho que tenham um fim definido é o caminho preciso para dar-lhe sentido pleno. Essa é um bem único, porém, finito. Precisamos aprender a colocá-la dentro de um projeto que a preencha, definitivamente, em corpo e alma.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

“O Reino de Deus está no meio vós”

Quinta feira da XXXII Semana do Tempo Comum
15 de novembro de 2012

“O Reino de Deus está no meio vós” (Lc 17, 21)

Jesus anuncia o Reino de Deus, ele é o Reino instaurado. Contrário à compreensão dos discípulos, a realização desse evento não é uma revolução política, uma nova ordem social, uma reviravolta histórica. O Reino de Deus é o próprio Senhor que habita no meio de nós.
Reconhecer esse Senhorio nos implica nesse processo. Nos ajuda a rejeitar outros reinos, outros senhores, outros caminhos e outras leis. No Senhor podemos encontrar tudo isso, e de forma plena.
Entretanto, isso não se concretiza de forma imediata. É um caminho histórico que acompanha sempre a nossa humanidade. Para que esse Reino se defina em nosso meio é preciso o nosso “sim” definitivo e integral.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

“E quando estavam andando, foram purificados”

Quarta feira da XXXII Semana do Tempo Comum
14 de novembro de 2012

“E quando estavam andando, foram purificados” (Lc 17, 14)

A cura física daqueles homens não se deu por um ato extraordinário de Jesus, mas pela escuta de sua palavra e no gesto de colocar-se a caminho. Também Jesus está a caminho, o seu fim não é mais uma cura individual, mas uma salvação que é universal.
A grandeza de uma humanidade não está no fato de evoluir em seu caminhar histórico, mas na sensibilidade de reconhecer-se, a cada dia, curada, restaurada em um trajeto cotidiano de purificação. É no percurso da vida que aprendemos a amadurecer.
Aprendamos a ser gratos, ou seja, a reconhecer os benefícios que recebemos ao longo de nossa vida. É na gratidão que somos curados não só em nossa humanidade, mas também espiritualmente. Entretanto, só podemos sê-lo se soubermos refazer nossas estradas.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

“Somos simples servos”

Terça feira da XXXII Semana do Tempo Comum
13 de novembro de 2012

“Somos simples servos” (Lc 17, 10)

Colocar-se como servos parece uma contradição. Esse conceito não significa um desprezo ou inutilidade de nossa humanidade, mas um estado de ânimo. O serviço, mais do que um ato, é uma disposição do homem que se faz humilde diante do perigo da soberba.
Constantemente arriscamos em nos pensar completos, realizados, agentes últimos de nossos próprios projetos. Compreender-se servo é viver a dinâmica de uma “instrumentalidade” de vida, como mediadores de um projeto que é superior.
Descubramos a grandeza que está no ato de servir. Esse, quebra o nosso orgulho de fazer-se senhor do mundo e nos coloca diante do único Senhor da história. Esse serviço nos revela nossa verdadeira identidade de criaturas e nos distancia de nossas idolatrias.

domingo, 11 de novembro de 2012

“Estejais atentos”

Segunda feira da XXXII Semana do Tempo Comum
12 de novembro de 2012
 
“Estejais atentos” (Lc 17, 3)
 
Gerar um escândalo, mais do que uma falta de testemunho, é se tornar, literalmente, uma “pedra de tropeço” para o outro, um instrumento que o faz fraquejar na fé e cair. É fazer com que alguém deixe de ver em você a face do Cristo, Filho de Deus.
A atenção que nos exige o evangelho nos aponta para a proposta de sermos luz no meio dos homens, instrumento de um Deus justo e amoroso. E isso implica fé, um sair de si mesmo e entregar-se a uma realidade que foge à lógica humana, porque é divina.
Que nós aprendamos a viver aquela tensão necessária de filhos de Deus. Como Jesus, somos chamados a mostrar ao mundo face do Pai. E só podemos fazê-lo se deixarmos correr em nossas veias os traços de sua divindade.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

“Mas ele falava do templo do seu corpo”

Festa da Dedicação da Basílica do Latrão
9 de novembro de 2012

“Mas ele falava do templo do seu corpo” (Jo 2, 21)

A expulsão dos vendedores do templo por parte de Jesus mostra-nos o seu zelo pelo Templo, espaço privilegiado do diálogo com Deus. Ele, ao mesmo tempo, amplia esse conceito. O culto vai além de um ato exterior, é movimento de nossa humanidade.
Somos templos de Deus. Em nossa humanidade encontramos o lugar privilegiado para elevar-se. É nesse mesmo sentido que devemos zelar por ele, não deixando que seja um ambiente de trocas, de comércio, de perdas e ganhos sem sentido.
Sendo templos de Deus, devemos deixar que ele habite em nossa humanidade, devemos ser pontes entre o céu e a terra. É em nossa humanidade que podemos prestar o grande culto agradável a Deus, o de uma vida que se esforça por elevar-se.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

“Alegrai-vos comigo”


Quinta feira da XXXI Semana do Tempo Comum
8 de novembro de 2012

“Alegrai-vos comigo” (Lc 15, 6.9)

A verdadeira alegria apresentada por Lucas está na reconquista humana de sua ordem ideal. Não caminhamos para uma salvação isolada, individual. É um percurso que nos envolve por inteiro e abrange todo aquele e tudo aquilo que nos cerca.
Ninguém é feliz sozinho, só poderemos ser verdadeiramente realizados se estivermos em comunhão com o ambiente ao nosso redor, com o outro e com nós mesmos. Isso implica renúncia, esforço, sacrifício, entrega... um movimento de retorno à nossa identidade.
Precisamos saber deixar muita coisa para trás para perseguir essa ordem, devemos entrar nas áreas mais obscuras do nosso eu para levá-la ao claro. Entretanto, é um esforço que sempre vale a pena já que é uma reconquista fundamental de nossa humanidade.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

“Renunciar a tudo o que tem”

Quarta feira da XXXI Semana do Tempo Comum
7 de novembro de 2012
 
“Renunciar a tudo o que tem” (Lc 14, 33)

O seguimento de Cristo implica renúncia, entrega de nossa própria vida a um projeto que nos implica de forma integral. Essa entrega mostra-nos que nada nem ninguém é fim em si mesmo. Tudo é caminho que nos porta ao crescimento.
Um dos nos nossos grandes erros é trocar os fins pelos meios. É como se parássemos em um caminho e ficássemos admirando a beleza, o valor e a importância da estrada em nossas vidas, mas sem percorrê-la.
Essa renúncia, pelo contrário, não significa negação da realidade que nos envolve. Mas é a liberdade que sabemos desenvolver diante das pessoas, bens e capacidades que nos são dadas. É ver tudo como relativo, como caminho em direção ao único Absoluto.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

“Venham, tudo está pronto”

Terça feira da XXXI Semana do Tempo Comum
6 de novembro de 2012

“Venham, tudo está pronto” (Lc 14, 18)

A imagem do banquete que se repete mais uma vez no Evangelho de Lucas e a postura dos seus diversos personagens não é colocada sem razão. A relação do homem com Deus e com os outros é fundamental para compreender a sua essência: somos seres de relação.
Entretanto, essa relação se fundamenta no princípio de prioridade. As minhas ações e a ocupação do meu tempo corresponde à importância que dou a cada atividade. Só dedicamos atenção àquilo que realmente importa para nós ou que colocamos algum valor.
Viver em comunhão com Deus e participar dessa alegria constante é um ideal de muitos, mas é uma postura de poucos. Isso porque exige uma entrega livre e integral de alguém que escolhe um caminho como prioridade de vida: um caminho de plenitude.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

“... E serás beato”

Segunda feira da XXXI Semana do Tempo Comum
5 de novembro de 2012

“... E serás beato” (Lc 14, 14)

A beleza das relações humanas não está no princípio da reciprocidade, mas na liberdade e gratuidade de uma entrega. Realizar algo esperando uma retribuição é um ato humano, mas superar essa dependência é princípio de santidade.
Em um mundo que quantifica e qualifica todas as experiências, corremos o risco de inserir nossas relações nessa materialização do mundo e da vida. Como seres livres e racionais, somos chamados a ir além dessa compressão.
Viver esperando uma retribuição dos nossos atos nos deixa escravo de coisas e pessoas. Precisamos ser livres, sabendo experimentar a grandeza de uma entrega verdadeiramente humana, isenta de qualquer troca ou preço...

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

“Quem vem a mim eu não lançarei fora”

Celebração dos Fiéis defuntos
2 de novembro de 2012

“Quem vem a mim eu não lançarei fora” (Jo 6, 37)

A festa dos fieis defuntos não é uma celebração dos mortos, mas relembrar aqueles que realizaram um trajeto histórico e hoje vivem as consequências desse percurso. Não é apenas um olhar para trás, mas saber projetar-se nesse caminho.
Em um mundo meramente material, a morte parece ser um fim sem sentido. O declínio de uma humanidade que parece fracassar, apesar de todas as suas riquezas. O homem é muito mais do que matéria, é capacidade de superar-se, de ir além, elevando-se...
Pensar na morte não é algo negativo, é experimentar nossa condição limitada, uma riqueza que se perde com o tempo. Mas acima de tudo, é projetar-se em um futuro que ultrapassa o tempo e o espaço e nos faz transcendentes, vivos e presentes na história humana.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

“Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus”

Solenidade de todos os Santos
1º de novembro de 2012

“Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 12)

Jesus instaura uma nova e definitiva lei, um caminho único, uma nova e definitiva aliança entre Deus e os homens. Ele é a nova lei, o novo caminho, a nova aliança. A antiga Lei ganha o seu pleno sentido nele. Nele, o homem encontra a sua plenitude.
A santidade cristã não consiste em um status de um indivíduo religioso, mas um modo de ser e agir de alguém que assume seguir Jesus e as consequências dessa opção. Trajeto que não é isento de quedas, feridas, falhas e pecados.
Buscar a santidade não é elevar-se ao ponto de negar a nossa humanidade, mas abraçá-la integralmente, assumindo todo o plano querido por Deus desde a criação. É olhar para alguém e ver nele o rosto de uma natureza que foi elevada porque soube ser humana.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita”

Quarta feira da XXX Semana do Tempo Comum
31 de outubro de 2012

“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13, 24)

Em seu caminho para Jerusalém, Jesus começa a explicar a pedagogia salvífica humana, mistério que se torna claro no alto da cruz. A salvação do homem é conquistada na luta, no sacrifício da própria vida, na entrega de si à um projeto que nos é superior.
Entretanto, para passar por essa porta, é preciso curvar-se, rebaixar-se, diminuir a si mesmo em virtude do fim desejado. Por ela não se passa de qualquer forma, com nossos próprios métodos, é preciso saber conformar-se a ela, entrar em sua dinâmica.
Esse esforço não significa negação de si, mas aproximação daquele que soube assumir todas as nossas limitações, mostrando-nos o caminho do Reino. Tal caminho implica um constante exercício de nosso espírito em ser, cada dia, mais humano.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

“É como um grão de mostarda... É como o fermento”

Terça feira da XXX Semana do Tempo Comum
30 de outubro de 2012

“É como um grão de mostarda... É como o fermento” (Lc 13, 19.21)

A metáfora da semente de mostarda e do fermento apresenta-nos o Reino dos Céus como um processo gradativo, tanto no espaço quanto no tempo. Nós somos chamados a interagir e contribuir com esse, mas o seu sucesso não depende de nossas capacidades.
Quantas vezes queremos respostas imediatas para determinados problemas? Quantas vezes procuramos resolver conflitos que não nos competem? Quantas vezes deixamos de silenciar e não esperamos que as coisas tomassem o seu verdadeiro rumo?
Que o nosso orgulho seja sempre quebrado diante do projeto de Deus que se realiza em nossa história, independentemente de nossas capacidades. Como divino, esse projeto é mistério, que se revela paulatinamente em nosso meio.

“...estás livre...”

Segunda feira da XXX Semana do Tempo Comum
29 de outubro de 2012

“...estás livre...” (Lc 13, 12)

A identidade humana se fundamenta na liberdade. Ninguém foi criado para estar preso ou ser escravo. Jesus, por meio de sua Palavra de Vida, chama o homem para essa libertação. Isso não é mais uma de suas “habilidades”, mas a essência de sua missão.
Quantas correntes nos prendem hoje? Quantos pesos nos puxam para o chão, desviando a possibilidade de olhar para o alto? Quantas prisões nos impedem de andar livremente pelos nossos próprios caminhos?
Jesus nos faz redescobrir a nossa centralidade na criação e o grande amor que tem Deus Pai pelo homem. Em Cristo, somos libertados de tudo aquilo que nos curva e rebaixa. Por ele somos ressaltados e podemos voltar o nosso olhar para os céus.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

“Como é que não sabeis avaliar o tempo presente?”

Sexta da XXIX Semana do Tempo Comum
26 de outubro de 2012
“Como é que não sabeis avaliar o tempo presente?”(Lc 12, 56b)

O homem é chamado a ser administrador e juiz de sua própria histórica. Entretanto, esse juízo não pode ser realizado sem Deus como princípio e fim de nossa realidade. Ele é o ponto de convergência de toda Verdade.
Chegamos a um alto grau de conhecimento de tudo aquilo que nos envolve, mas pouco avançamos no que está no mais íntimo de nossa humanidade. Sabemos dominar muitos conhecimentos externos, mas até que ponto podemos dizer que nos conhecemos?
Saber olhar para Jesus como centro de nossa humanidade é reconhecer a centralidade do próprio homem na criação. Só assim podemos superar esse distanciamento que realizamos de nós mesmos, sabendo julgar verdadeiramente aquilo que a nós compete: nosso eu.