quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Santos Inocentes

Quarta, 28 de dezembro de 2011

“Herodes vai procurar o menino para matá-lo” (Mt 2, 13)

Por que Herodes procura o menino para matá-lo? A supressão de sua vida implica segurança para o seu Reino, a novidade que a criança traz consigo deve ser aniquilada. Porém, do Egito, Deus chama o seu Filho para preservá-lo da morte e, mais do que isso, para afastá-lo dessa cultura de morte, que extermina tudo aquilo que porta a esperança de um novo mundo.
Vivemos uma cultura da manutenção. Todo sinal de esperança deve ser logo conformado a esse mesmo processo ou, caso contrário, ser logo negado. A criança que nasce é possibilidade de um novo modo de ser, talvez contrário ao modo de vida que estamos acostumados. O mundo tenta sempre matar essa vida nova, porém, somos sempre chamados a fugir dessas realidades e se afastar dessa “com-formação” ou assassinato do novo.
O ano novo que esta para nascer, não deve ser visto como “mais um” ano que devo enfrentar. Dentro dele há uma criança que traz consigo a possibilidade de uma vida nova. Não deixemos que essa criança seja assassinada pelas armas do conformismo, pelo espírito de continuidade ou pela espada que defende a “segurança”. O ano novo vem e ele porta consigo a novidade de um tempo que se abre ao mistério da vida que cresce em direção ao Alto.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

São João, Apóstolo e Evangelista

Terça, 27 de dezembro de 2011

“O outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo,
entrou também, viu e acreditou” (Jo 20, 8)

A experiência de João com o Ressuscitado deve ser um reflexo de nossa vida tomada a sério. João corre, mas inicialmente não entra. Sua fé completa-se, porém, quando ele entra no túmulo, vê os sinais que ali estão e acredita: Jesus não está morto, ele Vive. Não há morte para aquele que confia no Senhor e conforma a própria vida à sua Palavra.
Nossa experiência deve ser a mesma. Precisamos entrar nos túmulos de nossas misérias e experimentar o processo de ressurreição que ocorre com todo aquele que sabe compreender o sofrimento humano como realidade formativa. Não há morte eterna para aquele que sabe reconhecer, compreender e trabalhar com suas dores, angústias e dificuldades.
Desçamos com João nesse nosso túmulo e verifiquemos: a vida não permanece aqui. A promessa feita pelo Pai no Filho não cai por terra. A vida humana sempre é glorificada, apesar de suas aparentes derrotas. Não há fracasso para aquele que abre os braços para a realidade da cruz, não há morte para o homem que compreende a sua vida como um constante doar-se.

Festa de Santo Estevão

Segunda, 26 de dezembro de 2011

“Quem perseverar até o fim será salvo” (Mt 10, 22)

Celebrar a festa de um santo Mártir é atualizar a grande mensagem da Cruz. O sofrimento humano faz sentido se colocado da dinâmica de uma vida que se entrega na caridade. Não há discursos, justificativas ou lucros nessa ação, a vida é sempre caminho de doação, à imagem daquele que vem até nós e toca com sua divindade, a humanidade marcada pelo pecado.
Diante de um mundo que apresenta-nos muitos caminhos, aparentemente mais prazerosos, fáceis e atraentes, a ação dos mártires nos impulsiona a olhar firme para a opção de uma vida plena. Essa não se faz de qualquer forma, mas dentro e um percurso dinâmico, com uma pedagogia que nos forma, gradativamente, à semelhança de Cristo, Palavra de Deus.
Fixemos o nosso olhar em Jesus, Verbo eterno do Pai, pronunciado no tempo. Ele mostrou para nós, não uma vida de sofrimento, mas um caminho que se plenifica à medida que se entrega em um amor que reflete o projeto redentor do Pai. Saibamos permanecer em pé, caminhando nesse percurso de vida nem sempre reto ou prazeroso, mas com os olhos fixos na glória que é dada a todo aquele que busca o Senhor.

Palavra que se faz Luz


“E a Palavra se fez carne” (Jo 1, 14)

A figura central do Natal é essa: O Verbo se faz carne. A Palavra que era pronunciada no tempo desde o início do mundo é plenificada em Jesus Cristo. O Verbo de Deus se faz Homem e refaz uma humanidade que se encanta com outras e múltiplas palavras.
As luzes do Natal tendem a esconder essa outra grande Luz que é acesa para nós. “Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina” (Jo 1, 9). Jesus é luz que dá sentido a nossa realidade, nos faz enxergar o mundo segundo à sua força. A iluminação que dele provém, nos ajuda a compreender a realidade que nos envolve. Tudo ganha um novo sentido a partir dessa nova Luz.
João aponta essa luz, “não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz” (Jo 1, 8). Em uma cultura de muitas palavras, João é voz que grita, fala do deserto. De lá ele fala por que é sinal de um encontro com Deus que se dá de forma diferente daquela que estamos acostumados. Um encontro pessoal, do nada de nossas qualidades, da multiplicidade de nossas deficiências. Um encontro que nos torna instrumentos da Palavra e da Luz.
“Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram” (Jo 1, 11). Essa luz não foi reconhecida por que ainda queremos luzes e palavras que sejam criadas e pronunciadas por nós. Não queremos ver a realidade que se abre para os nossos olhos. Que realidade é essa? A Palavra se faz homem. Ela assume o seu efeito desejado.
Aquela que deveria formar e levar a humanidade a um processo de salvação faz-se humana. Ou seja, mostra, em si mesma e de forma objetiva a vontade de Deus Pai. Por isso dizemos que é a sua Palavra pronunciada no tempo. De fato, não podemos “ver” Deus, isso porque ele sempre foge aos nossos sentidos e possibilidades de raciocínio. Podemos, porém, compreender o seu infinito amor refletido no seu Verbo.
Olhemos para Maria, ela nos ensina a acolher essa Palavra definitiva do Pai. Essa, não precisa ser argumentada, justificada ou esclarecida. Por ser Palavra Viva e Eterna pronunciado no tempo, basta-se a si mesma. A sua compreensão não é fácil, mas aquele “faça-se” é uma abertura a o mistério que sempre ultrapassa as nossas categorias.
Assumamos em nossa vida essa dinâmica do Natal do Senhor. Sim, o Verbo se faz carne, se faz homem, refaz o homem. Entra na história e apresenta para ela a Palavra de Vida Eterna, palavra que ilumina a humanidade, esclarece o caminho e aponta a o fim último de nossa existência: a comunhão eterna com Deus Pai.

Noite do Natal do Senhor

 24 de dezembro de 2011

“E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2, 12)

A imagem mais eloqüente de todos os tempos e que marca a história é essa: um menino que nasce e é colocado em uma manjedoura. O projeto de Deus se manifesta, é realizada a salvação do homem e quem a porta é um criança. A promessa de Deus feita em Davi é cumprida: nasceu para nós o nosso salvador.
A palavra de Deus, gerada no tempo, na história humana é cumprida e fala aos homens. Ela foi envolta em faixas e colocada numa manjedoura, não havia espaço para ela na cidade. Diante dos discursos intelectuais, das festividades, da grandeza humana, Deus se faz presente em nosso meio, mas distante de tudo aquilo que distorce a sua realidade.
Corramos ao encontro desse menino que nasce. Fujamos dessa cidade que nos sufoca e apresenta-nos, a todos os momentos, luzes, palavras, vozes, discursos, imagens, pessoas que nos desviam da compreensão de Cristo, Verbo Eterno do Pai, pronunciado no tempo para a salvação humana. Esse sinal é real e nos ensina uma salvação que acontece hoje para todos aqueles que tocam essa realidade: Deus está no meio de nós.

Sexta, 23 de Dezembro

Sexta, 23 de dezembro de 2011

“Quem será esse menino?” (Lc 1, 66)

O menino que nasce é motivo de alegria, mas também motivo de questionamento. Estar diante de um recém-nascido é ver um mistério que se encarna diante de nós. É mistério de esperança por que não sabemos quem ele será nem o que fará em sua história. Ver a vida surgir em nosso meio é também mistério de alegria por saber que Deus não nos abandona e continua a gerar vida em nosso meio, apesar de nossas fraquezas.
O nascimento de João, que prepara e anuncia a vinda do Senhor, é sinal de um grande projeto que está por vir. É proposta de uma vida nova que nasce no misterioso nascimento da criança. É sinal de uma nova possibilidade de mundo, de história, de vida... A criança que nasce é ser que nos dá um novo sentido, um novo olhar sobre o mundo, um novo caminho.
Olhemos para o mistério do Natal como uma fonte de esperança. Apensar de vivermos em um mundo que tenta nos conformar a uma estrutura de continuidade, saibamos experimentar e desfrutar desse projeto de um Deus que nos tira do nada e nos aponta o caminho de uma vida plena. Essa criança é sinal de um Deus que sempre nos surpreende, que vai além dos nossos projetos e revela o seu plano de amor.

Quinta, 22 de Dezembro


Segunda, 26 de dezembro de 2011

“O poderoso fez em mim coisas grandiosas” (Lc 1, 47)

A grandeza que celebramos em Nossa Senhora não está em suas obras ou em sua sabedoria, mas no projeto que nela se cumpriu. Sua grandeza é celebrada na história porque ela soube abraçar o plano que Deus tinha para a sua vida. A santidade nela realizada não foi o cumprimento de um projeto pessoal, mas o abraçar a Palavra de Deus pronunciada na história humana.
Reconhecer a grandeza de Deus que se faz presente no tempo é o primeiro passo para torná-lo vivo em nosso meio. Diante de um mundo que prega ações, habilidades e grandes qualidades, olhar para o serviço como um entrega gratuita de si mesmo em benefício do outro é compreender o projeto de um homem criado para o outro, não para se fechar em si mesmo.
Acompanhemos a figura de Maria nesse trajeto, ela nos ensina essa abertura ao projeto de Deus em nossa vida. Não somos nós quem geramos grandes coisas, mas Deus, através de nossa abertura ao seu plano de amor pela humanidade, toca-nos e torna concreto o seu plano de salvação do homem.

Quarta, 21 de Dezembro

26 de dezembro de 2011

“Feliz aquela que acreditou” (Lc 1, 45)

Celebrar o advento do Senhor é entrar na dinâmica da esperança que gera vida. Maria é o ícone dessa que esperou na promessa do Senhor, confiou, mesmo sem compreender como aconteceria tudo aquilo. Ela é testemunha fiel de um amor que vem até nós e que não precisa de justificativas porque é gratuito.
Dentro de uma realidade que quantifica e qualifica todas as coisas, a pedagogia de Maria nos ajuda a viver essa confiança gratuita em Deus por meio de sua Palavra. É saber que não estamos mais diante de qualquer discurso ou argumentação humana, estamos diante de um projeto que ultrapassa as nossas categorias e nos lança na proposta da vida Eterna.
Nesse nosso caminho, saibamos assumir aquele “sim” de Maria, não busquemos justificativas, aprendamos a aceitar o caminho que nos é proposto e ser capaz de gerar essa realidade que vem até nós. O menino que nasce é ícone e presença real de uma esperança que é concreta, que é viva.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Terça, 20 de Dezembro

Terça, 20 de dezembro de 2011

“O Espírito Santo descerá sobre ti”(Lc 1, 35)

A imagem da Virgem que gera um filho apresenta-nos a Palavra de Deus que realiza aquilo que significa: Emanuel, Deus está no meio de nós. A encarnação do Verbo de Deus não manifesta apenas uma ação extraordinária do Divino. Ela vai além quando apresenta ao homem uma Palavra que gera Vida. Essa vida, entretanto, não é criada segundo os critérios humanos, é realidade querida por Deus.
Por meio de Cristo, Deus toca a nossa humanidade corrompida pelo pecado. Por sua Palavra, nossa realidade é transformada em possibilidade de vida. Não seremos salvos pelas nossas habilidades, inteligências ou forças, é Deus quem plenifica a nossa existência por meio do seu Verbo eterno pronunciado na história. Só somos alguma coisa por que temos em nós esse Espírito que vem sobre nós e nos regenera segundo a vontade de Deus Pai.
Saibamos nos curvar diante dessa realidade. Deus nos tira do nada de nossa existência e nos dá um nome, um espírito e um caminho. Afastemo-nos de uma racionalidade que define o mundo, as coisas e as pessoas, e nos calemos diante de todo mistério da vida. Olhemos para Maria e aprendamos com ela a pronunciar sempre aquele “faça-se”, entrega humilde e amorosa que aponta-nos para o Deus absoluto e redentor.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Segunda, 19 de Dezembro

Segunda, 19 de dezembro de 2011

Isabel, tua esposa, vai te dar um filho (Lc 1, 13)

A promessa feita a Zacarias quanto ao nascimento de João é, antes de tudo, um anúncio do nascimento do Senhor. Primeiro, porque ele é gerado diante na incompreensão de uma realidade que ultrapassa a explicação humana, Deus entra na história e a transforma. Segundo, pelo fato de que essa intervenção acontece diante de um homem que está em silêncio, Deus age quando o homem se curva diante do Seu mistério. Por último, Deus toca o nada humano e o converte. Deus toca a estéril e a virgem e delas, faz brotar vida.
A pedagogia de Deus na história continua a nos ensinar mesmo hoje. O anúncio da gravidez de Isabel nos anima. De fato, Deus sempre gera vida dentro das realidades mais confusas, em momentos que menos esperamos, por meio de pessoas que achamos improváveis. Acreditar nisso é abrir-se a um mistério que sempre ultrapassará as nossas explicações.
Saibamos entrar nessa dinâmica do silêncio que gera. Tornemos atual o mistério desses homens e mulheres que, diante da Palavra de Deus, curvaram-se e obedeceram a essa realidade. Não somos portadores da verdade, só em Deus está a Palavra que dá a nossa humanidade uma Vida Plena. Saibamos silenciar e deixar que Deus possa pronunciar esse Verbo em nossa história,Verbo que, pronunciado no tempo, lança-nos à eternidade.

Palavra de Deus na História


“Como acontecerá isso se eu não conheço homem?” (Lc 1, 34)

A pergunta de Maria se faz a nossa. Olhamos para um mundo marcado pela limitação humana, ferido pela falta de perspectiva em homens que possam trazer a paz à uma cultura marcada pela dor. Diante de um homem cheio de feridas, defeitos e limitações podemos nos questionar: Pode ainda haver salvação em uma humanidade habitada por homens que preenchem a história de atos dolorosos?
Ao receber a visita do Mensageiro de Deus, Maria se questiona. Diante da promessa de um Rei que daria prosseguimento e plenitude ao reino de Davi, ela volta os olhos para uma história e se fica confusa. Questiona-se diante de uma humanidade marcada pelo pecado, pelas deficiências de tantos homens que, apesar de sua fé em Deus e em sua promessa, quebram essa aliança.
De fato a promessa feita em Davi está para ser cumprida naquela jovem que está prometida a José. Mas é exatamente aqui onde todo esse projeto humano se transforma. A genealogia que deveria passar por José para e abre-se ao mistério: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” (Lc 1, 35). Sim, a promessa se cumpre, mas não por obra humana: O Rei esperado é Filho de Deus.
Surge aqui mais um ícone desse mistério de uma Virgem que gera e de um Pai que, mesmo legítimo, não conhece a sua esposa. É daqui que surge o “Filho do Altíssimo”. Deus é gerado no silêncio de uma família que atente a um projeto que ultrapassa a realidade humana e se abre ao inexplicável. De fato, é Deus que se faz homem, não o homem que faz Deus.
Maria obedece, ou seja, ouve e se curva diante da promessa, não porque a entende, mas por que sabe que essa é Palavra de Deus. Ela olha para uma história marcada por altos e baixos e consegue ver que a mão de Deus sempre acompanha os homens, mesmo nos momentos mais confusos. Por isso, a sua prova de fé: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).
Sim, Maria não conhece nenhum homem que poderia dar à história essa plenitude, pois só Deus dá ao mundo essa Palavra de Vida Eterna. Para que o Verbo se fizesse Carne, era preciso que o homem se calasse. De fato, na plenitude da história Deus fala, mostra-nos o projeto que ele tinha para nós: Jesus Cristo. Em sua face, vemos o amor redentor de uma humanidade que, apesar de suas feridas, olha para luz e continua sempre a buscá-la.

Sábado, 17 de Dezembro

Sábado, 17 de dezembro de 2011

Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão (Mt 1, 11)

Jesus Cristo, participando da descendência de Davi, cumpre a promessa feita ao povo de Israel, Ele era o Rei esperado. Ele, com o seu poder, governa o mundo, não mais por um poder humano, mas tornando real o Reino de Deus. Jesus é filho de Abraão, não apenas por participar de sua genealogia, mas por cumprir a promessa de um novo povo fundado sob a fé de Abraão. Jesus cumpre definitivamente a prova pedida a Abraão e completa, assim, a sua fé.
Compreender a genealogia de Jesus, mais do que dados históricos, é entrar em uma dinâmica da Palavra de Deus que é pronunciada na história da humanidade. Deus fala a homens concretos, em tempos determinados, a situações reais. Ele toca a nossa humanidade e fala a indivíduos que caminham em uma estrada nem sempre reta. O diálogo de Deus com os homens chega a sua plenitude em Cristo, não como um fato extraordinário a-histórico, mas por meio de uma amorosa conversa que nos porta a salvação.
Ouvir a Palavra de Deus não pode ser mais uma opção para um “bem viver”, Deus não lança uma Palavra no ar, tampouco fala Palavras extra-humanas. Seu Verbo, de fato, na plenitude dos tempos, se fez Carne, Homem, entrou na história e nos ensinou o caminho da Vida. Tudo isso sintetiza um ponto central de nossa fé: A Palavra de Deus é Viva, fala à nossa existência, ao nosso tempo e é presente em nossa história.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sexta feira da III Semana do Advento

Sexta, 16 de dezembro de 2011

“Estas mesmas obras que eu faço dão testemunho que o Pai me enviou” (Jo 5,36)

A autoridade de Jesus é definida não por palavras humanas, mas pelas suas obras. Essas são valorizadas apenas pelo benefício que causam, mas pelo cumprimento de um projeto que ultrapassa as nossas expectativas. A autoridade do Cristo está fundamentada no fato de que ele realiza a vontade do Pai, Ele é ação viva da Palavra de Deus. É a palavra que ultrapassa a teoria e se toma o seu devido efeito.
É aqui que podemos ver Jesus como Palavra de Deus. Cumprindo a Vontade do Pai caracteriza-se como o próprio Verbo porque realiza aquilo que é. Daqui podemos concluir que seguir Jesus como Palavra de Deus não é uma opção entre outras ou um caminho mais viável. Porque cumpre a vontade daquele que é o Absoluto, Ele sintetiza e plenifica único caminho de Vida Plena.
Em uma cultura que embaraça a nossa mente mostrando-nos diversas possibilidades e múltilas opções de escolha para um “bem viver”, Jesus Cristo se mostra como ponto de partida e chegada de todo projeto de Vida. Como única Palavra de Vida, tudo que está fora dele são palavras de morte.
Olhemos para Cristo como Luz, tenhamos a coragem de refletir essa luz no meio dos homens. Em um mundo que cria, a todos os momentos, novas lâmpadas, vejamos em Jesus a única fonte inesgotável de uma clareza que, mais do que uma compreensão de vida, nos dá a própria Vida em Plenitude.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quinta feira da III Semana do Advento

Quinta, 15 de dezembro de 2011 

“O que fostes ver no deserto?” (Lc 7, 24)

O testemunho de Jesus sobre João Batista é fundamental para compreender a nossa postura no mundo de hoje. Isso por que muitas vezes nos confundimos entre meios e fins, invertemos a lógica de nossa vida e nos desviamos dos nossos verdadeiros objetivos, nos fixamos naquilo que deveria ser instrumento.
A figura de João como profeta e, mais do que isso, um profeta autorizado e confirmado pelo Senhor, fixa o seu valor como ponte entre Deus e os homens. Anunciar a vinda do Senhor, preparar o seu caminho, apontar para Luz, mais do que “habilidades” pessoais é sinal daquele que saber colocar-se em seu verdadeiro lugar.
Muitos procuravam João, não para ver as suas qualidades ou suas palavras “simpáticas”, mas porque sabiam que por meio dele encontrariam a luz, e assim o era. João não era a Palavra, a Luz nem o Messias, mas a voz que anunciava essa Palavra, a mão que apontava a Luz, o homem que foi um dos primeiros testemunhos do Messias.
Em um mundo marcado pela “idolatria” de coisas, pessoas e idéias, somos chamados a olhar a realidade que nos envolve como uma ponte, como um sinal da manifestação amorosa e redentora de Deus para conosco. Nesse caminhar, não podemos parar no meio da estrada, é preciso andar, ir mais além, nesse caminho de encontro com a Palavra, feito homem, posto aos nossos olhos como luz.

Quarta feira da III Semana do Advento

Quarta,14 de dezembro de 2011

“Andai e dizei a João isto que vistes e ouvistes” (Lc 7, 22)

A experiência com Cristo, antes de tudo, é um encontro interpessoal. Não estamos mais falando de filosofias, de ideologias ou de doutrinas, mas de uma pessoa viva e atuante na história. A diferença desse encontro está no fato de que ele muda a vida de todo aquele que o realiza, converte todo aquele que se aproxima dessa experiência de vida.
Porém, se falamos de um encontro interpessoal, onde podemos encontrar essa pessoa? Se acreditamos que esse encontro acontece na história, onde nós podemos realizá-lo? E se professamos que essa aproximação muda a nossa vida, como podemos entrar em comunhão com ele?
O mistério do Natal que esperamos e para ele nos preparamos apresenta em síntese esse projeto. Deus vem até os homens, mas esse encontro ultrapassa as nossas projeções, vai além de nossos projetos, é maior que nossas esperanças. O nascimento de Jesus é o maior sinal de que Deus se faz presente no nosso meio, em um modo que não compreendemos, em um tempo que não esperamos e de uma forma que, muitas vezes, desconfiamos.
Aproximemos do Natal com essa expectativa de encontro: Deus quer entrar em nossa vida, Ele quer desenvolver um encontro pessoal conosco, mas nós devemos aceitá-lo. E para que isso ocorra é necessário ver e ouvir a proclamação do Deus que nasce em uma noite fria, em um espaço simples, mas no calor amoroso de seus pais.

Terça feira da III Semana do Advento

Quarta, 14 de dezembro de 2011

“Os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino dos Céus” (Mt 21, 31)

O mistério que estamos para celebrar é projeto de redenção humana: Deus vem salvar os homens. Porém, só pode ser curado aquele que precisa de cura. Só pode voltar para o caminho certo aquele que se encontra desviado. E, acima de tudo, só pode converter-se aquele que sabe que está em errado, mas deseja voltar.
Deus não se revela para que nós nos tornemos mais inteligentes no seu conhecimento, mas para manifestar o seu projeto de amor aos homens. Esse amor, por ser pleno, deseja e realiza a salvação daquele que é amado. Mas nós, estamos dispostos a abraçar esse amor? Estamos dispostos a realizar esse encontro que exige e plenifica a nossa liberdade?
Tenhamos a coragem de caminhar ao encontro do Deus menino que vem ao nosso encontro, não por que merecemos, mas para manifestar um desígnio de amor. Voltemos o nosso olhar para a manjedoura, e vejamos nela a realização de um projeto: Deus se faz homem para que os homens, afirmando essa realidade, façam-se divinos.

Segunda feira da III Semana do Advento

Quarta, 14 de dezembro de 2011

“Eu também não vos digo com que autoridade faço essas coisas” (Mt 21, 23)

Jesus Cristo está acima de toda lógica humana. Ao ser questionado sob a sua autoridade, Ele aponta a resposta para os fariseus sem reponde-la. Independentemente da interpretação que retirassem da obra de João Batista, um fato era certo: em sua atividade, ele estava sempre apontado para a vinda do Cristo.
Tudo isso aponta para uma verdade definitiva de nossa fé: toda mudança de vida é obra de Deus. Ou quando Ele intervém diretamente na história ou quando o homem busca, com todas as suas forças a sua vitória, com os olhos fixos em Deus, sempre estaremos diante de um mesmo projeto: Deus nos ama e quer a nossa salvação. E não há necessidade de argumentação ou provas para isso, basta olhar a história humana.
Olhemos Cristo, ícone do encontro entre Deus e os homens. É nesse “assumir” a nossa humanidade que Deus nos salva. É nesse “tocar” as nossas feridas que Deus mostra a sua autoridade, porque confirma a obra que Ele realizou com as suas próprias mãos. Esse toque, implica arriscar-se, arriscar-se que significa amor, amor que exige entrega, entrega que apresenta uma Palavra de Vida, Vida que é Plena e Eterna.

Dinâmica da Luz


Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz (Jo 1, 8)

Vivemos em um mundo de muitas luzes. Luzes que chamam à nossa atenção, são as luzes da tecnologia, das riquezas, da moda, do prazer, das filosofias, das imagens e das pessoas. Essas luzes precisam sempre de energias que motivem a sua iluminação, precisam de força para continuar acesas. Do contrário, se apagam...
Onde encontrar, então, alguma que possua luz própria? Com certeza será algo que não tenha necessidade de nada nem ninguém. Que não precise de justificativas nem argumentações, forças ou energia para sobreviver. Essa luz é, sem dúvida, a Palavra de Deus. Ela é guia, em uma caminhada tão confusa e tão cheia de altos e baixos como é a nossa vida.
João Batista soube compreender e entrar bem nessa dinâmica da Luz. De fato, “ele não era a luz”. Em um mundo que idolatra pessoas, coisas e idéias ele afirmou bem o seu lugar: “veio para dar testemunho da luz”. A sua grandeza não estava na riqueza de sua função, mas por apontar aquele que era a Palavra de Deus, Luz para os homens.
E qual a função da luz? Mais do que nos fazer enxergar as coisas, ela projeta-se a si mesma em direção aquilo que está perto de si. Ou seja, não vemos as coisas por si mesmas, mas o reflexo da luz que toca a matéria. Por isso, só podemos ver as coisas quando há luz e quando elas estão próximas a luz.
Cristo é luz por que nos faz enxergar verdadeiramente as coisas. Por meio dele e do Espírito que dele procede, podemos ver a realidade ao nosso redor, não segundo os nossos quereres, mas segundo o projeto de Deus Pai. O mundo que nos envolve torna-se mais claro, mais definido quando olhamos para ele sob o impulso de Jesus, Palavra Viva do Pai.
Olhemos para Maria. No Plano Divino da encarnação ela soube colocar-se como lâmpada, instrumento pelo qual o Espírito do Senhor vem, toca e transforma a realidade desejada. Ela, fazendo-se serva, deu à luz em seu próprio ventre àquele que foi a Plenitude da Verdade. Verdade que era gerada na história por meio da Sagrada Revelação.
Que nesse tempo do Natal que se aproxima, possamos entrar nessa dinâmica da Luz, do Cristo-Palavra que dá um sentido novo e pelo à nossa humanidade. Por meio dele aprendemos sempre a colocar as coisas em seu devido lugar, dar a cada um o seu devido valor e a colocar Deus no centro de todas as coisas, para que tudo, Nele, tenha Luz.

Sábado da II Semana do Advento


Quarta, 14 de dezembro de 2011

Elias já veio e não o reconheceram (Mt 17, 12)

Olhar para o mistério do Natal do Senhor que se aproxima, antes de tudo, é viver em uma experiência de humilde expectativa. Isso porque o projeto de encarnação do Filho de Deus sempre ultrapassa a nossa lógica, vai sempre além de nossas explicações, foge aos nossos raciocínios.
Não reconhecemos João Batista e Aquele que ele aponta porque queremos sempre um Deus que se enquadre às nossas esperanças. Queremos um Deus que atenda às nossas expectativas e os nossos quereres. E quando isso não acontece, o negamos, rejeitamos o seu projeto e colocamos de lado as suas propostas.
Saibamos entrar na dinâmica do Natal. Esse tempo nos ensina a pedagogia de um Deus que entra na história e nos ensina que o caminho rumo à sua Palavra de Vida é o da humildade. Essa simplicidade de uma vida verdadeira nos aproxima de uma existência mais humana, afirma aquilo que realmente somos e para o qual somos: terra, modelada pelas mãos de Deus, à sua imagem.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sexta feira da II Semana do Advento

Sexta, 9 de dezembro de 2011

A sabedoria é reconhecida justamente pelas obras que ela cumpre (Mt 11, 19)

Vivemos em um mundo de muitas imagens. Figuras, pessoas, palavras que nos chamam à atenção e nos confundem na nossa busca pela verdade. Somos chamados, entretanto, sempre a retomar esse caminho e acertar o nosso passo, firmes na sabedoria de Deus. Essa sabedoria foi resumida em Seu Verbo, pronunciado na história.
Não estamos mais falando não mais de uma adesão teórica de uma idéia, mas de um projeto de vida fundado em uma Pessoa. Esse “modus essendi” é luz que nosso mundo tanto tem necessitado. Não somos a religião do livro, dos dogmas ou dos ritos, mas de uma Pessoa. Não de uma pessoa qualquer, mas de uma Palavra de Vida que, pronunciada no tempo, se fez homem.
Somos chamados a seguir essa Palavra Humana, a sermos reflexos da luz que dela emana. Devemos mostrar aos homens essa sabedoria que provém de Deus, mas que o mundo custa a entender. Somos convocados a divulgar essa Palavra em nosso mundo com nossa própria vida.
Caminhemos, seguindo essa mesma luz que era referência para os reis magos. Certos de que aquele sinal era divino, eles confiaram e conseguiram compreender e abraçar a sabedoria divina que se materializou no mistério do Natal do Senhor. Sigamos essa luz, olhos fixos nesse Verbo que deseja tomar forma em nossa realidade.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Solenidade da Imaculada Conceição de Maria

Quinta, 08 de dezembro de 2011
“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 38)

Celebrar a Solenidade da Imaculada Concepção de Maria é saber se colocar diante do mistério do Deus Vivo que se revela aos homens de forma amorosa. Deus vem até nós e, para isso, prepara uma digna habitação para Si. Como Deus, Ele não vem de qualquer forma, mas precisa de um espaço que o acolha.
Maria foi esse local privilegiando onde Deus se fez homem. O seu “faça-se” aponta-nos a sua grande humildade, mais, o seu total esvaziamento para que Deus pudesse habitar plenamente em sua vida. Ela fez-se “serva”, soube colocar-se aos pés de Deus e se abrir ao cumprimento de todo o projeto de Deus.
Maria corrige o erro de Eva. Ela não se corrompe com o mal, ela não dialoga com as “inteligências” do mundo, seus olhos e sua vida estão sempre direcionados para Deus e o seu mistério de amor. Maria é sim, a nova Eva, ela assumiu aquela maternidade que foi corrompida pelo pecado, ela refez esse projeto quando foi criada “cheia de graça”.
O que Deus faz em Maria, por antecipação, quer fazer também conosco. Como afirma São Paulo: “fomos escolhidos antes da criação do mundo para ser santos e imaculados diante dele. (Ef 1, 4). A graça que foi dada de forma plena em Maria nos é sinal e esperança de uma humanidade de abraçar o projeto de Deus.
Como? “No amor”, afirma São Paulo. Maria é para nós ícone desse amor que se fez pleno e, assim sendo, fez-se carne, projeto vivo de uma proposta de redenção de um homem que se mancha com o mal.
Celebrar Maria, Cheia de Graça, nesse tempo de Advento é, antes de tudo, acenar para essa grande espera, esperança ativa daquele que aguarda e prepara tudo o necessário para que Deus possa habitar em nosso maior. Façamos de nossa vida esse “lar” que acolhe a Palavra de Deus que buscar fazer morada no meio de nós. Olhemos, ouçamos e falemos como Maria:
“Eis a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1, 38).

Quarta feira da II Semana do Advento

Quinta, 08 de dezembro de 2011

“O meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11, 30)

Jesus não vem para retirar as dores do mundo, mas para dar-lhes um verdadeiro sentido. Estar em comunhão com Cristo não significa estar isento de problemas ou sacrifícios, mas com ele aprendemos a vê-los como possibilidade de afirmação da vida, caminho de glorificação.
Em um mundo de tantas dores, dificuldades, injustiças somos muitas vezes levados a buscar uma cultura do prazer. Prazeres que nem sempre satisfazem de forma plena, que dão uma falsa sensação de segurança. Essa fuga, entretanto, transforma-se em negação de nossa própria realidade, em negação de nossa própria vida.
Jesus não se apresenta como fuga da realidade, mas como pronto de chegada, esperança para a qual deve convergir todos as nossas ações. Ele possui um “peso” e um “fardo” que é diverso desse mundo, por que é o peso de nossa própria vida levada à sério, na humildade e na verdade.
Olhemos para Cristo como esse repouso para o qual devemos caminhar. Ele não tira os nossos pesos, mas nos ajuda a compreendê-los, ele não retira as nossas feridas, mas faz com que suas cicatrizes nos sirvam de ensinamento. A cruz que ele nos apresenta é possibilidade de afirmação de uma vida entregue em sacrifício, por amor.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Terça feira da II Semana do Advento

Terça, 06 de dezembro de 2011

“Essa é a vontade do vosso Pai que está nos céus,
que nenhum desses pequeninos se percam” (Mt 18, 14)

O Evangelho apresenta a imagem do Pastor que vai em busca da ovelha que está perdida. Todo o seu esforço se direciona para aquela que precisa dos seus cuidados, para aquela que está afastada de seu zelo.
Da mesma forma o pecado, como um afastamento da vontade divina, é um distanciamento do amor de Deus Pai. Esse distanciamento é, porém, curado por esse mesmo Deus que é amor. A imagem do Pastor que busca a ovelha perdida responde e completa a imagem do Pai que usa de misericórdia para com os filhos que se dispersam.
O Amor que protege, a Justiça que busca e corrige o caminho e a Misericórdia que acolhe quem está em situação de desvio é sintetizado na pessoa de Jesus Cristo, Bom Pastor e Imagem visível de Deus Pai. Em Cristo, Amor, Justiça e Perdão são conciliados.
Olhemos para o Natal de Nosso Senhor que se aproxima e vejamos nele o amor de um Pai que se revela aos filhos. Esse é amor de misericórdia por que quebra todas as barreiras lógicas, teológicas e materiais. É uma misericórdia que cumpre a justiça necessária ao pecado, por que toca uma humanidade ferida, e a refaz.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Segunda feira da I Semana do Advento

Segunda, 05 de dezembro de 2011 

Desceram o paralítico, com a maca, no meio, diante de Jesus (Lc 5, 19)

Nosso pecado é, de diversas formas, uma negação da centralidade de Deus em nossa vida. Não queremos que Ele diga-nos o que fazer, como fazer ou aonde ir. Entretanto, nessa busca por uma liberdade sem limites nos tornamos paralíticos, estagnarmos em nossas próprias vontades, desejos e pensamentos. Tornamos-nos escravos de nosso próprio ideal de vida.
A imagem do homem paralítico que desce do alto e vem até Jesus apresenta-nos uma humanidade que, para se tornar perfeita, não precisa assumir uma realidade que não é a sua, mas que deve abraçar aquilo que lhe faz plena. O homem não desce em qualquer direção, mas até Jesus, até aquele que soube assumir a nossa humanidade.
É nesse momento que ocorre a cura, a conversão e a libertação daquele que se encontrava no afastamento de Deus. Ele não foi libertado apenas de um estado de orgulho, mas também de uma paralisia que o deixava escravo dentro de si mesmo.
Façamos esse percurso dentro de nossa vida. Busquemos, nesse período de advento, esse trajeto e desçamos do estado de uma humanidade que busca endeusar-se. Tracemos esse projeto de encontro com um Deus que se faz homem e mostra-nos o caminho de uma vida livre, plena e feliz.

Um sim à Palavra

Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele (Mc 1, 3)
Vivemos em um mundo de muitas vozes. Aquelas que são pronunciadas pela política, pela economia, pela mídia, por discursos relativistas, por interesses individuais. Somos não só “perturbados”, por essas vozes, mas muitas vezes, confundidos e iludidos. Essas, não são vozes apenas que nos perturbam, mas que também nos deixam, a cada dia, mais surdos.
Somos salvos por uma voz. Essa, porém, não uma qualquer, mas é uma “voz que clama no deserto”. E o que diz essa voz? “Preparai o caminho do Senhor” e não só isso, mas também “preparai as veredas para ele”. Que caminho é esse? Que veredas são essas que devemos preparar? Que Senhor é este que estamos para acolher?
O valor dessa voz não está em si mesma, mas por que é pronunciada do deserto. Deserto que é local de silêncio, de provação, mas também da manifestação de um Deus providente. Um local onde somos colocados diante de uma humanidade latente, sem desculpas, discursos ou poderes. É, portanto, uma voz purificada no valor de uma vida provada e confirmada, um silêncio que permite à Palavra de Deus.
Que caminho é esse? Muito mais do que um caminho horizontal em relação aos outros ou vertical, em direção ao alto, esse trajeto é interior. “Preparai o caminho do Senhor”, diz a Voz. O caminho não é nosso, o projeto não somos nós quem definimos, mas o Senhor mediante a Sua Palavra. Esse é um caminho de uma humanidade a ser purificada de muitos discursos que querem endeusá-la.
Que veredas são essas? São caminhos que estão tortos, com muitos ramos que impedem a passagem, pedras que dificultam o caminhar, animais peçonhentos que querem tirar a “vida” de quem passa por aí, por pequenos que sejam. Precisamos limpar essas veredas, retirar tudo aquilo que impede essa passagem, purificar esse espaço para que esse encontro se realize de forma plena.
Que Senhor é esse que quer atravessar essas veredas? Arriscar-se a se sujar nesse trajeto ou a sofrer nesse caminho de descida e humilhação? Que Senhor é esse que espera que essa limpeza seja feita e não sai de nossa entrada até que nos abramos para a sua passagem?
Esse é um Senhor que espera o nosso “Sim”, humilha-se e rebaixa-se a esse projeto de nos mostrar o caminho que nos leva para a Vida Plena. Esse caminho é aquela voz que, apontou a Palavra, Verbo que, pronunciado na história, aguarda a nossa abertura. Essa Voz, feita Palavra, pronunciada como Verbo nos faz uma pergunta. O que espera? “Faça-se”.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Sábado da I Semana do Advento

Domingo, 04 de dezembro de 2011 

Vendo a multidão, sentiu compaixão dela (Mt 9, 36)

Celebrar o advento, não é apenas desenvolver um movimento de preparação e espera, mas principalmente viver essa experiência do Deus que vem até nós. Nosso “movimento” deve ser de agradecimento ao Deus que se compadece de nossa humanidade e vem até ela. Sua Palavra, pronunciada na história é uma prova disso: Deus não vem para condenar, mas para salvar os homens.
A encarnação do Verbo de Deus nos coloca diante do mistério de uma justiça que se faz amor. E, para não contradizer-se a si mesma, busca a salvação dos homens fazendo-se humana. A ordem dada aos discípulos reflete essa preocupação: “Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 10, 6). Deus vem para salvar os homens, sua Palavra é Vida.
Esperemos esse mistério que é construído dentro de nossos corações. Ele ultrapassa a compreensão humana quando apresenta um Deus que se faz carne e não se coloca acima dos seus, mas ama-os ao ponto de fazer-se igual em natureza. Jesus compadece-se da multidão, mais do que isso, Ele ama-a, e por isso assume uma humanidade para que vivendo-a, plenifique-a.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Sexta feira da I Semana do Advento

Sexta, 02 de dezembro de 2011
E se abriram os seus olhos (Mt 9, 30)

Aqueles homens, privados da visão buscavam um caminho. “Filho de Davi, tem piedade de nós” (Mt, 9, 27). Afirmando Jesus como “Filho de Davi”, eles reconheciam a autoridade de Jesus, a sua superioridade e a plenitude da promessa feita por Deus a seus pais. Jesus não é um “homem de milagres”, um “pop-star” ou um grande “guru”, ele é a Plenitude da Palavra de Deus.
A partir do momento que conhecemos Jesus como ele é de fato, isto é, Verbo do Deus Pai, nossos olhos se abrem a uma nova realidade. O milagre não ocorre apenas em uma ação unidirecional, mas é sempre movimento de encontro, nós buscamos Deus e ele vem, “desce”, ao nosso encontro. “Seja feito conforme a vossa fé” (Mt 9, 29). É Jesus quem pronuncia a Palavra de Salvação, mas mediante a nossa fé, nossa abertura a essa ação que sempre se dá como mistério.
Diante de um mundo de tantas imagens que se fazem luzes e, muitas vezes, nos cegam, busquemos Cristo, Imagem de Deus Pai, e busquemos nele a via correta e direta para a nossa vida plena. Caminhemos nessa via em busca de Jesus e, mesmo incertos ou inseguros em alguns momentos, vejamos nele a possibilidade de uma nova compreensão do mundo e da vida, um novo e perfeito olhar.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Quinta feira da I Semana do Advento

Quinta, 01 de dezembro de 2011
“Não é aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’,
mas aquele que faz a vontade do Pai que está no céu” (Mt 7, 21.24-27)

Nesse tempo de espera somos colocados diante do Deus que se revela à humanidade por meio de Jesus. Não estamos mais diante de Palavras, mas de fatos: O verbo que se faz carne. Não caminhamos firmados em uma filosofia, uma proposição espiritual ou uma postura psicológica, caminhamos com alguém rumo à Alguém.
É esse alguém, que transforma a minha fé em um caminhar até um Deus que deseja dar-me a vida Plena. Caminhar nessa direção é saber ver em Cristo o objeto material de minha fé. De fato, Deus está no meio de nós e partir desse encontro somos chamados a uma nova postura: viver sob essa rocha (Cf. Mt 7, 24). Em Jesus, vemos que a Palavra de Deus não está além de nossas possibilidades, é uma Palavra que se faz humanidade – e a refaz.
Tenhamos a coragem de assumir esse caminho firmado sob a rocha. Por meio dele, sabemos que não andamos na obscuridade de verdades incertas, mas na via justa traçada pelo Pai. Entremos na dinâmica da obediência do Filho que assumiu a nossa humanidade e nos dá a herança de uma vida Santa quando nos aponta que a estrada que nos porta a Deus é mais humana que imaginamos.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quarta feira da I Semana do Advento

Quarta, 30 de novembro de 2011

“Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus” (Mt 4, 20)

A chamada de Jesus apresenta duas dimensões complementares. A primeira exige uma entrega integral da própria vida. A segunda propõe o fato de que seguir os passos de Jesus não implica sair de nossa própria história, pelo contrário, nossa existência é iluminada à luz desse chamado. Tudo isso é fundamentado em um princípio definitivo: essa chamada não exige argumentação.
Seguir Jesus não implica, portanto, mais um modo de agir ou pensar, mas ver o mesmo mundo e as nossas ações sob uma nova perspectiva. De fato, a Palavra que se faz carne nos ensina que Deus continua a falar aos homens, nos dá uma Palavra de Vida e essa Palavra é viva e presente em nossa história. Deus não fala em uma esfera alheia à nossa, ele é presença viva e quer que nós também gozemos dessa alegria.
Saibamos olhar para o chamado de Cristo não como um sacrifício ou negação de nossa história, mas com uma confirmação fundamental de nossa existência. Sob à luz da Palavra de Deus, o homem é chamado a uma nova perspectiva de sua história. À luz do verbo que se fez carne somos chamados a olhar a plenitude de uma vida que nasce a cada momento em nosso tempo e espera ser encontrada.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Terça feira da I Semana do Advento

Terça, 29 de novembro de 2011

“Beatos são os olhos que vêem isto que vocês vêem” (Lc 10, 23)

O grande mistério do Advento é sintetizado na esperança da encarnação do Verbo de Deus. A grande esperança no Messias se torna plena nesse fato: Deus, de fato, se faz presente no meio de nós, não mais com palavras, mas em forma humana. Admiramos esse fato, mas até que ponto o aceitamos?
Muitas vezes buscamos uma palavra que dê força e sentido à nossa vida, pedimos a graça de ouvir, entender e aceitar essa via de felicidade. Porém, o que acontece é que quando essa Palavra nos é dada, não estamos prontos para ouvi-la, entendê-la ou aceitá-la. Isso porque ela vem de uma forma que não estamos esperando ou que não queremos abraçar.
A encarnação de Jesus sintetiza esse movimento de uma Palavra que foi dada no tempo e na história, mas que não foi aceita por muitos. Ela, não foi aceita não pelo fato de ser Palavra de Deus, mas porque veio de uma forma que os homens não esperavam. O Filho de Deus, que nasce em uma manjedoura, gerado por uma jovem desconhecida é motivo de confusão para aqueles que esperavam um reino humano.
Olhemos para o mistério do Advento que culmina no nascimento de Jesus como tempo de preparação. De fato, precisamos preparar bem o nosso coração para receber a Palavra de Vida que tanto buscamos, mas que vem de uma forma que não esperamos, de um modo que não entendemos e em uma hora que não planejamos, porque é mistério divino.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Segunda feira da I Semana do Advento

Segunda, 28 de novembro de 2011

“Muitos virão do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa com Abraão, Isaac e Jacó no Reino dos Céus” (Mt 8, 11)

A grandeza de fé daquele soldado estava na esperança que ele tinha na Palavra de Jesus. Ele não esperava que Jesus realizasse um fenômeno extraordinário de cura, apenas a sua Palavra bastaria. Essa Palavra vai além de uma expressão que sai “da boca para fora”, é Palavra pronunciada pelo próprio Verbo de Deus e, portanto, possui toda a autoridade.
Em um mundo de tantas palavras, ficamos confusos, quase surdos, sem saber o que ouvir definitivamente. As palavras são múltiplas, variadas, com diversos objetivos, diversos sentidos de ser, múltiplas formas, muitas intenções. É difícil, nesse emaranhado de vozes, ouvir uma Palavra de Vida Plena. Porém, foi esse o movimento realizado por aquele homem: “diga somente uma palavra e o meu servo será curado” (Mt 8, 8).
Peçamos ao Senhor a graça de ouvir essa Palavra de Vida Eterna. Sabemos que é difícil em um mundo de muitos sons. Porém, peçamos a graça não só para ouvir, mas para saber distinguir das outras vozes e entender o que ela ensina. Somente ouvindo e entendendo, seremos capazes de confiar em sua autoridade e segui-la, sem muitas justificativas ou argumentações.

Esperança no Senhor



“Isso que eu digo a vós digo a todos: ‘Vigiai’” (Mt 13, 37)

O Tempo do Advento é eminentemente tempo de Espera. Aguardamos ansiosamente a vinda do Filho do Homem, Verbo que se faz Carne, entra na humanidade e apresenta definitivamente a Palavra de Deus. É tempo de preparação, esperança de que Jesus se faça presente em nossa humanidade, alegria com a plenitude da comunhão entre Deus e homem.
O Evangelho nos aponta para a realidade da vigilância. Esperamos a plenitude da comunhão entre Deus e os homens, não por um contato recíproco, mas por uma livre e amorosa manifestação de Deus por meio de seu Verbo Eterno, Jesus Cristo. É Deus que vem até nós. E é exatamente essa vigilância que faz com que essa Palavra não passe por nós e não gere uma conversão de vida, ou seja, preencha a nossa existência.
A imagem do Dono da Casa é capital para que nós compreendamos a nossa verdadeira relação com Deus e, conseqüentemente, nossa verdadeira identidade. Não somos donos de nós mesmos, não temos o direito absoluto sobre a nossa vida, nossos conhecimentos, ou nossas vontades, somos administradores de uma existência que pertence a uma realidade absoluta, que vai além de nós mesmos, ou seja, Deus. Ele é o verdadeiro dono de nossa casa.
A vigilância apresentada por Cristo nos ajuda a compreender que não podemos viver de modo alheio, como se fossemos donos de tudo, definidores do bem e do mal. Precisamos de princípio, nortes, paradigmas, enfim, uma Palavra de Vida. E é essa Palavra que dá ordem ao nosso cuidado com a vida, faz com que nossa administração siga um norte, siga os projetos daquele verdadeiro dono, aquele que verdadeiramente conhece todos os espaços dessa nossa habitação.
Ser vigilante é fugir de qualquer falsidade, é não agir conforme agrada o patrão, só para não ser castigado. Não só trabalhamos em função desse “senhor”, mas também usufruímos dos frutos dessa administração, participamos das riquezas dessa experiência de vida que torna-se agradável quando é natural. Tornamos a nossa vida muito mais feliz quando essa atividade se desenvolve de forma natural, sem artificialismos ou legalismos, mas na contínua obediência à Palavra do Senhor.
Abramos os nossos ouvidos para essa Palavra, saibamos esperar por esse Senhor, que vem ao nosso encontro e pede contas de nossas ações, não em forma de cobrança, mas na esperança de entrarmos em sua plena alegria. Alegria que torna-se comunhão plena com as riquezas daquele que, de Patrão, se faz Pai e ama-nos como verdadeiros Filhos.

sábado, 26 de novembro de 2011

Sábado da XXXIV Semana do Tempo Comum

Sábado, 26 de novembro de 2011
“Portanto, ficai atentos e orai a todo o momento” (Lc 21, 36)

O texto nos apresenta uma necessidade tão esquecida em nossos dias: a perseverança. Viver na expectativa da chegada do filho do homem nada mais é do que estar em constante prontidão, sempre dispostos a esse julgamento. A vida de graça, tão esquecida nos dias de hoje, nada mais é do que uma existência que esquece a constância da fé que se abraça, do seu sentido e das conseqüências que ela implica.
E um mundo que prega uma vida frenética, o “aproveitamento” do dia como se fosse o último, esquecemos de que não somos objetos, não fomos criados para ser “gastados”, mas modelados, aperfeiçoados. Temos muito mais do que matéria e é esse “além” que nos torna homens capazes de perfeição. Isso, porém, implica busca, luta, sacrifício, constância no viver uma experiência diversa da que somos acostumados, uma vida com os olhos no Fim.
A pergunta que podemos fazer é: e se o dia do nosso juízo fosse hoje, se fossemos chamados a “prestar contas” de nossa existência ao Justo Juiz, que portaríamos? Apenas uma vida cheia de sentimentos, múltiplas experiências? Muitos caminhos, mas nenhum fim?
Viver a vida como se fosse o último é viver como se o nosso julgamento fosse hoje. O tempo, construído do passado que me constitui e do futuro que me motiva, se relativiza, ele desaparece diante de Deus. Viver, portanto, nessa esperança, é estar na história, apreender os seus mecanismos, mas também saber ir além dela e olhar para aquela Palavra que foi pronunciada no tempo, mas rasgou-se com o mistério da morte e ressurreição.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sexta feira da XXXIV Semana do Tempo Comum

Sexta, 25 de novembro de 2011
“[...] essa geração não passará até que tudo isso aconteça” (Lc 21, 32)

O evangelho apresenta a realidade o Reino de Deus como um processo natural na humanidade. Ele vem, quer o homem queira ou não. Não é apenas uma realidade escatológica, em um tempo futuro, embora que sua plenificação se dê no “fim dos tempos”. Todos verão esse projeto acontecer.
Esse Reino é manifestação de um Deus vivo, presente na história. Essa presença se realiza mediante a sua Palavra, encarnada em Cristo. Manifesta a presença de um Reino atual, com um só Senhor, um só povo e uma única verdade: Deus salva.
Toda essa mensagem nos faz compreender que não somos deuses, não somos definidores do bem e do mal, não temos a capacidade, em nós mesmos, de dizer o que é bom ou ruim para as nossas vidas. Só Deus Pai tem essa Palavra de Vida Plena, nele está a árvore da vida que perdemos pela desobediência.
Nesse sentido, viver a Realidade do Reino que todos os dias pedimos é reconhecer Deus como Senhor de nossa história, é conformar a nossa existência à Palavra que nos porta à salvação. Jesus é esse grande arauto do Reino que já é presente, e necessita apenas de nossa adesão ao seu único e absoluto Senhor.
Abramo-nos a esse Reino, tornemos nossa a Palavra que todos os dias professamos: “Seja feita a Sua vontade”. Saibamos colocar a nossa vontade sempre nos planos de Deus, que a minha vontade seja a de Deus, que o meu movimento esteja sempre em direção a Ele. Conformemos a nossa vida a Jesus, Verbo Eterno, Palavra constante. Ele que, pela obediência ao Projeto do Pai, glorificou a sua vida e trouxe-nos a salvação.