segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Outro caminho

Outro caminho



“Voltaram à sua terra por outro caminho” (Mt 2,12)

Que alegria foi aquela experimentada pelos reis? O que eles sentiram ao se prostrar diante daquela criança? O que eles viram de novo que o fizeram percorrer outro caminho, diverso do que se esperava?
Esse menino não é filho do Rei, não nasce no palácio real, nem mesmo em Jerusalém. Ele mostra ao mundo que o poder humano não se limita a ações ou projetos, mas na esperança que se porta. O homem é definido por aquilo que espera. É isso que dá dinâmica à sua vida, ânimo à sua história. Essa é a luz, a potência e a grandeza daquela nova vida.
Perdemos a capacidade de esperar porque tememos o mistério. Preferimos o domínio, o cálculo, a execução de projetos já realizados. Tememos ir além de nós mesmos, fazer diferente, ir contrário a um mundo já acomodado a fazer sempre o mesmo. Acabamos por matar a criança presente em nosso coração.
Cuidemos dessa criança, saibamos cuidar dela, protegê-la de toda ameaça externa. Saibamos formar todas as suas potencialidades, motivar todos os seus projetos, realizar todos os seus sonhos. Não deixemos que ela perca a vitalidade e a força que lhe é natural. Não permitamos que ela se torne velha e morra antes do tempo.
Aprendamos a reconhecer a criança presente no outro e a nos maravilhar com o seu mistério. Saibamos nos curvar diante da esperança que todo homem porta consigo. Evitemos limitá-lo em nossas categorias de juízos ou normas. Ele é sempre mais do que podemos esperar. Não nos sintamos ameaçados com esse mistério.
Tenhamos a coragem de assumir outro caminho. Uma via diversa da ordinária. Enfrentemos o risco de encarar o poder de um mundo que tenta oprimir toda possibilidade de ir além. Não temamos a novidade, aprendamos a amá-la, buscá-la e maravilhar-se com o seu poder de transformação.
Foi essa a alegria dos reis. Eles reconheceram naquela criança o poder da humanidade. Todo o esforço do caminho não foi inútil. A mesma esperança que foi a força para o caminho continua viva. É potência que está sempre em movimento e espera ser abraçada.

Ela é dinâmica que nos ajuda a percorrer outras vias. Caminhos desconhecidos, talvez menos seguros, que revelam o grande e infinito poder humano de superar-se, de ir além de si mesmo, revelando uma humanidade modelada à imagem e semelhança do seu Criador.

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