domingo, 8 de março de 2009

À Sua imagem e semelhança


Quando Deus criou o mundo do caos e deu uma ordem, Ele pôs homem no ápice da criação. Mesmo saindo do pó da terra recebemos algo diferente: o sopro de Divino. A Providência não se contentou com a criação de seres de imensa beleza que por si só já seriam capazes de manifestar sua sabedoria, e criou o homem à sua imagem e semelhança.

Com aquele sopro, fomos configurados à sabedoria divina – mesmo de modo incompleto -, recebemos a racionalidade. Com o intelecto, agimos pelo livre-arbítrio. Deus quis que nós nos aproximássemos dele de modo livre. Podendo negá-lo, afastando-se Dele nos afirmando como conhecedores do “bem e do mal”.

Com o pecado, Deus não pune o homem, mas mostra a consequência do seu próprio erro. Porém, a Divindade suprema, nunca nos tira aquele sopro primeiro. Somos, portanto, convidados a buscar novamente a proximidade com Deus, utilizando o que nos torna semelhantes a Ele, e únicos na criação: a sabedoria.


É por meio da razão que podemos manifestar a própria essência Divina: a caridade, o amor ao próximo de forma incondicional. Esse amor pelo irmão é concretizado na missão, que não é nada além do simples anúncio da pessoa de Jesus Cristo.


Como foi afirmado na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, n. 22: “o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente”. Somente olhando para Cristo poderemos ver o exemplo da perfeita comunhão entre o homem e Deus. Não foi a negação da humanidade ou o afastamento dela que O fez Divino, mas o ato de assumi-la perfeitamente.


Deus chama os homens, como diz o Apóstolo, a “serem conformes à imagem do Seu Filho” (Rm 8, 29). Ele nos chama novamente a tornar-nos semelhantes a Si, convidando-nos a olhar Cristo, que tornou-se modelo quando compadeceu-se, profetizou, corrigiu e sofreu. A recompensa a ser dada a nós é a mesma atingida por Jesus: a ressurreição, o estado de plena comunhão com o Deus de suprema Sabedoria, Amor e Compaixão.


Somos também convidados a olhar nosso irmão como um outro Cristo, ver uma divindade que se faz presente na nossa humanidade. A negação da pessoa humana, pela violência à sua dignidade ou na omissão de sua defesa, constitui uma nova crucificação e um novo esconder-se e afastar-se de Deus.
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[Artigo Publicado no Jornal "A Folha", da Diocese de Caicó, ANO XXI, Nº 147, 07/03/2009]

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