segunda-feira, 29 de junho de 2009

Fidelidade a Cristo


No último dia 19, sexta-feira, o Papa Bento XVI abriu o Ano Sacerdotal, que será comemorado até o dia 19 de junho de 2009 e seu início coincidirá com os 150 anos da morte de São João Maria Vianney, o santo Cura d’Ars. O Ano terá como tema: “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote” e como finalidade: “Levar a perceber cada vez mais o papel e a missão do padre na Igreja e na sociedade contemporânea”.


O padre, de modo ministerial e sacramental, é aproximado ao Cristo, configura-se a Ele e, a partir daí tem o dever de atualizá-lo em toda a sua vida, em todas as suas ações. O sacerdote é aquele que deve aproximar-se da pessoa de Jesus de forma mais excelente e concreta. É nesse sentido que se apresenta a dimensão e exigência da fidelidade do padre, em conformação com a fidelidade do Cristo.


Ele é convidado a tornar presente e atual o próprio Cristo e todas as suas características: na simplicidade de espírito e vida, no anúncio de um novo reino possível, no sacrifício cotidiano de entrega para a construção desse novo mundo, da morte de uma vida para si e doação no serviço ao outro, tendo, como todos que fizerem essa opção, o prêmio de tudo multiplicado por cem (cf. Mt 19, 29), do que ele tenha deixado, obtendo a Vida Eterna. Se o presbítero fugir de uma sequer dessas dimensões ele está se afastando do próprio Cristo não sendo fiel a Ele.


A conformar-se ao Senhor, Palavra de Deus encarnada na humanidade, o sacerdote também é convocado a encarnar-se. Sendo aquele que faz o elo de ligação entre o homem e Deus, compreendendo-se – e isso é importante! – dentro dessa relação, ele, portanto, não é neutro socialmente. Como afirma o Apóstolo: “[...] todo Sumo Sacerdote, tirado do meio dos homens é constituído em favor dos homens em suas relações com Deus [...]. É capaz de ter compreensão pelos que ignoram e erram, porque ele mesmo está cercado de fraqueza” (Heb 5, 1s).


Deste modo, é que a formação e a compreensão do sacerdote contemporâneo deve ser vista com um novo olhar. A sociedade está cada vez mais globalizada, os avanços científicos, tecnológicos e do conhecimento estão rapidamente se especializando e sendo difundidos pelo mundo. O sacerdote não deve ser mais um a receber uma cultura de massa, que cega as pessoas diante dos interesses políticos, econômicos e sociais.


O padre, como presença viva do Cristo, sabedoria divina e perfeita, deve conhecer, antes de tudo, essa realidade, mesmo de forma limitada, em que está vivendo e saber apontar saídas ou outros caminhos para uma sociedade sem rumos como a nossa, com um “Deus”, que nas palavras de Nietzsche, “está morto”.


Todavia não são somente os sacerdotes que estão configurados ao Cristo. Todos os que são batizados, tornam-se participantes do sacerdócio comum dos fiéis e, por isso, são chamados a terem as mesmas atitudes de Jesus: simplicidade, anúncio e morte para conseguirem a Vida Plena. Mesmo diante de conflitos em nossas vidas devemos sempre ser fiéis ao Cristo, modelo e fim de todas as nossas ações, pois ele é quem põe ordem ao caos, isto é, a desordem de nossa vida (cf. Mc 4, 39). É somente Ele quem tem o poder de dizer às nossas limitações e conflitos: “Até aqui chegarás e não passarás: aqui se quebrará a soberba de tuas vagas [ondas]” (Jó 38, 11).

Como afirma São Paulo: “[...] um só morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram” (2 Cor 5, 14) e é por essa morte que nos aproximamos dele, como continua o Apóstolo: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura” (2 Cor 5, 17). Que não tenhamos medo (cf. Mc 4, 40) de nos aproximar do Homem-Deus, pois só Ele, como realidade perfeita, não falha.

[Artigo Publicado no Jornal "A Folha", da Diocese de Caicó, ANO XXI, Nº 161, 20/06/2009]

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