domingo, 9 de maio de 2010

Aprender a crescer


As recentes polêmicas sobre casos de pedofilia envolvendo alguns padres da Igreja Católica, não só do Brasil, mas em muitas regiões do mundo devem ser motivo de alegria para os que acreditam no Cristo que esteve morto e agora vive. Talvez esse seja o momento para que nós possamos aprender com os nossos erros e crescer por eles e com eles.

O filósofo alemão Friedrich Hegel (1770-1831) afirma que a história é dinâmica. Ela precisa de momentos de conflitos para que possa desenvolver-se, crescer e aperfeiçoar os seus membros. O que seria hoje da Igreja se não fossem as valiosas críticas de Martinho Lutero, as teses de Giordano Bruno ou de Galileu Galilei, entre tantos outros? Talvez menos humilde, menos aberta a possibilidade de crescimento e menos humana.

Foi essa a postura de Pedro ao querer pescar por conta própria (cf. Jo 21, 3), parecendo que tinha esquecido toda a proposta que o Cristo tinha feito, de ser “pescador de homens”. Somente ao ouvir e seguir a voz do Senhor indicando o modo de ser e agir diante de um problema, ele conseguiu êxito em seu conflito.

Entretanto, a sociedade parece insistir em querer dar a solução para essas questões da forma mais simplista possível, sempre retirando o problema de sua frente. A resposta para aqueles conflitos são continuamente reduzidas aos discursos sobre a exclusão total dos que cometem tais delitos, na eliminação do celibato sacerdotal ou uma “seleção” entre pessoas com distúrbios humano-afetivos e outras ditas “normais” para sacerdócio.

Tais posturas seriam somente paliativas para um problema que é estrutural. Estamos diante de uma sociedade pansexualista: podemos fazer tudo que desejamos, como quiser, a hora que queremos e quantas vezes tivermos vontade. Tais absurdos é fruto de uma cultura como essa, e se ficarmos somente “podando” esses galhos podres, muitos outros aparecerão.

Mais do que excluir tudo o que possa nos prejudicar, talvez esteja na hora de sentarmos para compreender essa realidade que está mais arraigada em nossa cultura do que pensamos. Não é o caso de fazer vista grossa, colocar a mão na cabeça de que erra ou passar por cima de dilemas que estão a séculos permeando as nossas relações, mas agir com racionalidade e certo grau de abertura ao que esses “gritos” sociais têm a nos dizer.

A atitude de Cristo ao ver que seu discípulo não estava assumindo a missão proposta por Ele foi pedagógica. Jesus chamou Pedro para Si e perguntou se ele o amava realmente. Todavia, esse amor não era somente ideal, imaginário ou emotivo, exigia um compromisso real com a Palavra de Deus, proposta concretamente em Nosso Senhor.

Que nós, portanto, possamos adquirir uma verdadeira preocupação por nossas comunidades, não se fechando em críticas inválidas e não construtivas perante escândalos sociais. Que todos os conflitos trazidos pelo homem em sua história pessoal não sejam reduzidos a pequenos empecilhos a serem afastados de nossa visão, mas que sejam efetivamente compreendidos e solucionados por meio da inteligência humana que tem a grandiosa capacidade de compreender um problema, criticá-lo e propor soluções racionais para ele.

Rezemos para que nossos sacerdotes adquiram uma verdadeira “tensão” pela construção do Reino de Deus por meio de um zelo pastoral pelas ovelhas que lhes são confiadas e que, mesmo humanos, possam se configurar sempre mais ao Cristo Bom Pastor.

Um comentário:

  1. Monge, parabéns pelo texto de muita clareza e precisão. Aponta para uma fé madura e consciênte de quem consegue amar apesar dos erros.
    Com a sua lisença irei divulgá-lo na ítengra em meu blog. Abraço! Que Deus continue abençoando-o com o dom da sabedoria e humildade.

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