domingo, 9 de maio de 2010

O novo Pastor


Neste Domingo do Bom Pastor somos convidados a refletir sobre nosso sacerdócio batismal que nos configura ao Cristo, Pastor de Nossa Igreja. Quase sempre que pensamos na imagem do Pastor queremos remetê-la à figura do sacerdote que cuida do povo. Esquecemos, com isso, que pelo batismo também nos tornamos sacerdotes e com uma função muito sublime: entregar a Deus o maior dos holocaustos que é a nossa vida em sacrifício.

O ato de pastorear não se resume à prática administrativa daquele que “possui” as ovelhas, mas também exige entrega, doação, sacrifício daquele que tem a pretensão de ver suas ovelhas com vida. Uma relação que seja somente objetivista torna as ovelhas também objetos de um interesse individual.

Jesus Cristo nos apresenta um novo modelo de pastor. Ele não é apenas o que governa, indiferente aos governados, mas é o Bom Pastor, aquele que ama as ovelhas. E por que ama, interage com elas dando-lhes um exemplo a seguir. Jesus, invertendo a prática dos fariseus e mestres da lei, não mais dita regras de vida, mas vive-as. E, vivendo-as, lança um sinal muito mais forte do que qualquer norma moral, porque confirma o seu valor e a felicidade de quem a pratica.

Jesus não fica atrás, empurrando as ovelhas e batendo com o cajado naquelas que, por instinto, saem de junto do rebanho. Mas segue a frente delas, guiando e fazendo com que elas sigam livremente os seus passos e façam com ele o caminho proposto por Deus.

É essa a mesma postura que Nosso Senhor propõe para aqueles que querem ser guias e sinal de salvação para a humanidade: “Eu te coloquei como luz para as nações, para que leves a salvação até os confins da terra” (At 13, 47). Ser luz, entretanto, significa indicar um caminho por si próprio, ou seja, dar um testemunho de vida que seja digno de imitação.

Essa luz, entretanto, doe aos olhos dos que estão acostumados somente a apontar a luz e pedir que os outros sigam. Tornar-se luz implica conversão àquele que é a verdadeira luz: Jesus Crist. Esse processo de aproximação exige aquela doação sacrifical do Cordeiro de Deus, exige entrega à mensagem e proposta de Jesus e ação daqueles que se convertem a essa Palavra.

Essa foi a indicação do Apocalipse de São João para aqueles que estavam em comunhão com Deus: “Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14). Se olhar para a luz já doe aos nossos olhos quanto mais ser luz. Mas outro caminho não há para os que querem uma salvação definitiva para as suas vidas. Se nossas concepções, posturas e ações se não estão “lavadas” no espírito de sacrifício, nada têm de redentoras e só vão ser fontes de bem-estar individual.

Que nos aprendamos o caminho dos apóstolos Paulo e Barnabé, que souberam conhecer, aproximar-se e configurar-se ao Cristo, Bom Pastor. Eles não foram pastores que protegiam os próprios interesses, mas sabiam guardar o rebanho que tinha sido a eles confiado, sendo guias eficazes de um caminho que certamente os levaria à perfeição comunitária.

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