quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Fazer a diferença

Estamos, mais do que nunca, na cultura de massa. Vemos o mais famoso programa de TV, votamos no candidato da mídia, queremos vestir a roupa da moda ou adoramos o mais novo cantor e sua mais recente música... Estamos levando aquela velha “vida de gado: povo marcado, povo feliz”.

O problema desse tipo de postura é que vamos, aos poucos, perdendo nossa individualidade. Esquecemos que dentro de cada pessoa há uma singularidade e uma riqueza que ninguém pode encobrir. Nesse ritmo de ser e viver, não sabemos até quando podemos nos considerar como seres distintos, não no número do RG ou cartão de crédito, mas diferentes na história pessoal, nas habilidades e visões de mundo.

Ao levar uma vida de gado, marcado segundo os mesmos costumes e influenciado pelos mesmos interesses, perdemos a luz divina que recebemos no sopro da vida. Um sopro que nos faz diferentes das pedras, animais e plantas, por que nos torna únicos no mundo. Uma diversidade marcada pelo nosso DNA e comprovada pela história.

Cristo, em seu sermão da montanha, ainda nos aponta um caminho: é preciso ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt 5, 13.14). É preciso fazer a diferença em uma cultura marcada pelos iguais, pela moda que dita o bonito e o feio, pelo conhecimento que diz o certo e o errado, pelo homem que julga o bom e o mal. Definições essas que não tomadas como verdades absolutas e inquestionáveis.

Para ser sal, é preciso aprender a marcar o espaço em que vivemos com a nossa presença, deixar para os que estão ao nosso redor o que temos de bom, o nosso respeito, o nosso serviço e o nosso desejo de ser irmão.

Fazemos a diferença quando demonstramos um modo de ser que é único, uma história de vida marcada por habilidades e falhas, vitórias e fracassos, alegrias e tristezas, valores e danos... Ser luz é demonstrar aos outros que podemos iluminar o lugar onde estamos por que temos algo a acrescentar àquele espaço.

Entretanto, não precisamos ser grandes astros ou o próprio Big-Bang [a grande luz] primeiro por que a velinha que está ao nosso lado pode desaparecer e, segundo, por que tais fenômenos luminosos tiveram e têm seus dias contados. Precisamos da constância da chama que, mesmo fraca, quando alimentada cotidianamente, pode durar uma vida longa.

O modo como acender essa fogueira nos é ensinado pelo profeta Isaias: “repartir a comida com quem tem fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu e não se fechar à sua própria gente” (Is 58, 7). Não são discursos, frases ou palavras que tornam a nossa luz um meio de testemunhar as razões de nossa fé. Porém, são nas pequenas obras concretas da vida que manifestamos a presença do Espírito de Deus agindo em nós.

Deste modo, devemos saber que, mesmo com tudo isso, não brilhamos por nós mesmos. Nossa luz é fagulha de um brilho que não pode ser descrito, mas que nos induz a fazer a diferença no espaço em que estamos. Assim, nos confirma o Senhor: “que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem e louvem o Pai de vocês que está nos céus” (Mt 5, 16).

Saibamos olhar para Maria e ver nela o exemplo daquela que soube gerar e portar a verdadeira luz do mundo: Jesus Cristo. Ela nos ensina que o serviço, a entrega e o sacrifício gratuito da própria vida são meios necessários para que a luz seja acesa e conservada no meio das pessoas. É essa a luz que nos salva e nos torna homens que sabem fazer a diferença, que aprendem a ser, verdadeiramente, sal da terra e luz do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário