domingo, 23 de agosto de 2009

O verdadeiro alimento - I



Estamos inseridos em uma estrutura de pensamento onde tudo está fundamentado pelo cálculo. O próprio homem é transformado em meio, isto é, instrumento para fins determinados. Dentro de uma realidade capitalista, por exemplo, ele é quantificado e convertido em produto.


Nem mesmo Deus escapa dessa categoria. Busca-se uma realidade superior, por meio da religião ou mesmo na adesão a uma filosofia de vida, pelo que ela pode nos trazer, pelos benefícios concretos que vai nos proporcionar.


Após ter alimentado milhares de pessoas com pães, muitos procuraram Jesus, recebendo dele uma repreensão santa: “vocês estão me procurando, não porque viram os sinais, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos” (Jo 6, 26).


Procuramos, muitas vezes, Deus, não pelo que Ele é em Si, ou seja, uma realidade Perfeita, mas na busca de graças e bens materiais. Do mesmo modo, aproximamo-nos dos santos, que estão em comunhão com Deus, não para seguir seus exemplos e, com isso, nos aproximar da mesma realidade santificadora, mas pelos “milagres” que eles nos trazem.


Nesse sentido, transformamos a realidade Divina, Cristo, e seus santos em mercados de dons e benefícios. Pedimos algo através de uma oração ou promessa na esperança de consegui-lo, muitas vezes nem necessitando dele, sem saber se isso vai ser bom para nós. Chegamos ao cúmulo, muitas vezes de querer fazer trocas entre a graça a ser recebida e um “compromisso” a ser cumprido. Nisso, a providência divina é posta de lado.


Nosso movimento em busca de Deus deve ser pelo que Ele é em Si. Uma realidade perfeita, a plena Felicidade que quer todos próximos e em comunhão Consigo. Possamos tomar os santos como exemplos daqueles que se entregaram à providência de Deus, consigamos graças e bênçãos na imitação de cada um deles. A conquista da felicidade que buscamos nessa vida é consequência lógica da aproximação da Felicidade Plena, que é Deus.


A única graça que devemos buscar é a imitação do Cristo, o maior dos santos, o Deus-homem. É por ele que Deus nos dá o verdadeiro pão do céu, pois a única realidade que pode satisfazer os nossos desejos e nos fazer conquistar o que precisamos é a aproximação da vida de Jesus para as nossas existências.


O Apóstolo nos adverte: “É preciso que vocês se renovem pela transformação espiritual da inteligência, e se revistam do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade que vem da verdade” (Ef 4, 23-24). O maior benefício que devemos buscar é uma transformação interior tendo o Cristo como modelo perfeito. É somente a partir na ação espiritual da inteligência, sopro Divino que nos motiva a buscar a felicidade da vida, que se pode realizar uma mudança efetiva de nós e de nosso contexto, repletos das graças e benefícios divinos.


Os pães que nessa vida recebemos de Deus, ou seja, as graças e os bens, são sinais que apontam para o Pão do Céu, dado por Deus em Cristo. Deus, na pessoa do Senhor Jesus, por meio dos santos está sempre com as mãos abertas para nos dar o que nós verdadeiramente precisamos. Basta-nos olhar e abraçar o Senhor, verdadeiro alimento para as nossas vidas, para podermos nos aproximar das felicidades que buscamos nesta terra, aproximando-se a cada dia da Felicidade maior.

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