terça-feira, 19 de junho de 2012

Um reino plantado


“O Reino de Deus é como quando alguém lança uma semente na terra” (Mc 4, 26)

O anuncio do Reino de Deus é o conteúdo central da mensagem de Jesus Cristo. Ele, entretanto, fala em parábolas, porque sabe que esse Reino é um mistério que não pode ser abraçado completamente pela razão humana. Nesse sentido, falando deste modo, ele apresenta a simplicidade do Reino de Deus, e ao mesmo tempo, a grandeza de seu mistério.
Jesus fala a homens de seu tempo, fala com categorias de sua época, com imagens de sua cultura, por isso a figura semente. A Palavra de Deus ou o anúncio do Reino, não é uma realidade distante da nossa, mas, pelo contrário, é viva e presente, toca a nossa terra e gera frutos para aqueles que a acolhem.
A dinâmica da semente que é lançada na terra, germina, cresce e dá frutos nos mostra que a presença de Deus em nossa história é realidade que exige, muitas vezes, a nossa colaboração, mas que não se condiciona absolutamente à nossa vontade.
A imagem da semente que cai na terra é imagem visível da Palavra de Deus que é lançada na nossa humanidade, Verbo que se faz carne, que toca o nosso chão. Esse toque faz com que ele se suje, não perdendo, entretanto, a sua essência de vida, vida divina.
Porém, a semente só germina porque morre, ela só gera vida por que doa-se totalmente. Ela “rasga” o seu corpo para que uma nova vida tenha início. Cristo, pelo mistério da cruz leva à cabo esse “rasgar-se” plenamente da humanidade em função da nova vida que lhe é dada. Pela sua entrega, nós somos os únicos beneficiados.
A semente cresce, mesmo que não façamos nada, sem sabermos como isso ocorre. É um mistério que pertence a Deus e a seu projeto salvífico. Esse crescimento, entretanto, mesmo sem haver necessidade, pede a nossa cooperação, exige que nós podemos alguns galhos secos, que fertilizemos o solo que o cerca, que irriguemos essa planta... Mas com que adubo podemos fertiliza-la? Com que água vamos irrigá-la?
Essa semente plantada, cresce e germina, dá frutos ao seu tempo. Ela não é uma máquina que age segundo as nossas expectativas na lei da ação-reação. Ela é fruto de uma liberdade misteriosa e divina que nos dá a vida segundo o seu projeto. É preciso, portanto, colaborar e saber esperar. Os frutos do Reino sempre vêm, é preciso que nós colaboremos com a sua instauração, para estarmos aptos a prendê-los com nossas mãos.

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