segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Evangelizar: Deus está no meio de nós

.

Neste domingo, 18 de outubro, a Igreja celebra o Dia Mundial das Missões. Por essa ocasião, o Papa Bento XVI escreve uma mensagem para este momento, tendo como título as palavras do livro do Apocalipse de São João: “As nações caminharão à sua luz” (21, 24).

A atender a ordem dada por Cristo e realizando a sua dimensão universal, a Igreja Católica se sente chamada à missão. Essa ação, porém, não se restringe somente aos pastores ou aos que são consagrados à Deus, mas a todos os que querem seguir os passos de Jesus.

O mandato missionário de Cristo para a Igreja de anunciar o evangelho a todos, tornando-os Seus discípulos (cf. Mt 28, 19) não é, como lembra o Santo Padre, retomando os seus predecessores, “para ampliar o seu poder ou reforçar o seu domínio, mas para levar a todos Cristo, salvação do mundo”. A ação missionária de evangelização não é, portanto, uma catequese ou uma transmissão do pensamento da Igreja, mas o anúncio de uma Pessoa e do Seu modo de ser e agir.

O termo evangelho, que provém do grego, significa boa notícia, revela de forma simples e objetiva qual deve ser a atitude missionária. A evangelização nada mais é do que a revelação para todas as pessoas do fato mais importante para a nossa vida presente no Evangelho. Os textos dos evangelistas resumem-se em uma mensagem: Emanuel! Deus está conosco, Ele está presente em nossa humanidade.

A ação, portanto, missionária da Igreja no anúncio da pessoa de Cristo não necessita de muitos movimentos, grandes espetáculos e muitos aplausos, mas no gesto de mostrar como Deus se faz, em Cristo, próximos de nossa humanidade.

Essa presença de Deus em nossa existência dá aos homens um novo sentido para as suas vidas. Diante de um mundo que parece estar próximo do caos, de uma política que só quer os interesses particulares, de homens que promovem o sofrimento humano, o Senhor vem nos mostrar uma saída: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 16).

A glória de uma vida feliz só pode ser construída na nossa aproximação com o Cristo, na participação com o seu cálice (cf. Mc 10, 38), isto é, participando de seu sofrimento quando sabemos sofrer com o outro, no momento em que aprendemos a sentir compaixão do outro. Nesse sentido, com a aproximação de nossos sofrimentos e os de nossos irmãos aos de Cristo, damos um sentido a eles, sabemos que eles não são inúteis.

Assim, o anúncio da Pessoa do Cristo, da presença de Deus em nossa vida, deve ser motivado por um sentimento de compaixão, um amor pelo outro ao ponto de querer sofrer com eles, ou até mesmo, por eles. Assim foi Deus quando carregou os nossos crimes e foi, por nós, condenado (cf. Is 53, 10-11).

Contrário a isso está a postura de muitos de nós, quando pensamos a evangelização como um grande movimento humano, digno de honra, glória e aplausos. Esquecemos, por outro lado, a atitude evangelizadora que devemos assumir nas pequenas ações de nossa vida. Uma palavra de conforto, um gesto de carinho, uma ação caritativa ou até mesmo um silêncio são também missões, evangelizações, um grito da presença de Deus nas nossas ações cotidianas.

Que nós possamos pedir ao Cristo essa compreensão, Ele que compreende as nossas fraquezas, pois foi homem como nós (cf. Hb 4, 15), de saber santificar a si e aos outros, por meio de sacrifícios cotidianos, palavras e pequenos gestos, mostrando, assim, a Presença Divina que há em nossa humanidade.

Sejamos constantes missionários, tenhamos a força de anunciar a Pessoa de Jesus, sendo para os outros novos Cristos, anunciando a verdadeira possibilidade da felicidade que se encontra somente em Deus. Ele que, em Seu Filho, é luz para os povos.

[Artigo Publicado no Jornal "A Folha", da Diocese de Caicó, ANO XXI, Nº 177, 17/10/2009]

Nenhum comentário:

Postar um comentário