terça-feira, 2 de agosto de 2011

Cristo: Palavra de Vida


“Vida de gado, povo marcado, povo feliz”
Zé Ramalho


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Estamos vivendo na sociedade de massas. O valor dos seus ídolos, seus produtos e até mesmo suas crenças são medidos pela quantidade de pessoas que os utilizam. Por conseguinte, se a mensagem ou o produto “agradam” ou falam o que queremos ouvir, esse passa a ser considerado “bom”.


Tal realidade deve nos fazer questionar: será que nossa fé não corre esse mesmo risco de ficar reduzida a uma crença de massas. As músicas que são mais ouvidas não as que possuem mais conteúdo ou as que mais agradam os nossos sentimentos? As palavras mais ouvidas são as que aperfeiçoam e nos apontam caminhos ou as que apenas “tocam” o nosso interior.


Por trás de tudo isso está uma mídia que fabrica novos ídolos que atendam as demandas e necessidades de muitos e, atendendo tais necessidades, lucrem com essa satisfação intimista. E o cristianismo não está isento dessa industrialização da fé. Um exemplo disso é a multiplicação de pastores católicos e evangélicos que surgem para dizer uma palavra pré-moldada que soa bem aos nossos ouvidos.


Jesus Cristo quer saber entre os seus apóstolos como sua Palavra estava chegando para as pessoas (cf. Mt 16, 13). Ou melhor, como as pessoas viam o seu modo de ser e agir. Muitas são as respostas por que múltiplas são as experiências que temos com Cristo, Palavra de Deus.



Podemos vê-Lo somente como alguém que apenas disse palavras que saram as nossas dores mais evidentes. Ou compreendê-Lo como um crítico da sociedade de seu tempo que veio estruturar um novo modo de ver as relações humanas. Ainda podemos vê-Lo apenas como um instrumento de salvação: “morreu por mim e já estamos salvos”.


Jesus, como Palavra de Deus, sempre vai fugir de nossas discussões, mas a resposta de Pedro é a que mais se aproxima da espera de Cristo: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16).
É Messias porque é enviado de Deus, e como enviado representa toda a esperança que Deus tem para o homem. É nesse mesmo sentido que o afirmamos como a Plenitude da criação. É filho de um Deus vivo porque sua Palavra é sempre atual e dinâmica, portanto, é vida para que outros tenham a vida.


Jesus Cristo não apontou uma bonita filosofia, palavras que agradassem às pessoas ou tocassem em necessidades pessoais. Ele, como Verdade que apontava para a Vida, corrigia, desfazia e condenava quando necessário. Palavras que apenas agradam o nosso íntimo já as temos ao monte, o mercado já as fabricam constantemente.


Maria é exemplo daquela que soube ir além de sua cultura e sua história, não as negando, mas confirmando-as. Ela soube ver na Palavra do Anjo uma confirmação da Lei e dos Profetas e ver em Jesus a Plenitude da Obra do Pai.


Que nós também possamos ver em Jesus essa plenitude de uma Palavra em um mundo de muitos discursos. Uma Palavra que, em si, traz a Verdade de uma vida plena. Verdade essa que é caminho em uma cultura de múltiplas vias. Caminho esse que nos aponta para o único Pai, para a plenitude de nossa Vida.

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