quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Onda à Esquerda




Nos últimos meses estamos vendo crescer na América Latina, liderado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, um movimento de esquerda denominado por ele mesmo de “Socialismo do Século XXI”.

O Socialismo como defendia Karl Marx nunca esteve tão em alta para justificar políticas ditatoriais e governos populistas na América e em outros continentes. A ideologia de igualdade entre as pessoas, a eliminação das elites e o fim das classes sociais de um país são objetivos teóricos do socialismo. O regime era idealizado por Marx como meio para se chegar à “sociedade ideal”, que era a comunista.

Para o pensador, a verdadeira nação seria construída a partir de uma revolução da classe oprimida contra as elites. Aquelas tomariam o poder e com um “temporário regime ditatorial” confiscariam os bens privados – advindos do capitalismo - e promoveriam a divisão desses entre a população. Para isso seria necessário que o estado dominasse toda a economia, mas temporariamente.

Quando houvesse terminado a distribuição dos bens, o Estado teria cumprido seu papel de fomentador da igualdade e sairia de cena, deixando que a própria população seguisse seu curso e ela mesma dirigisse a nação. Não havendo poder político. Seria o comunismo.

A questão do fracasso histórico do Socialismo está no fato de que ele não completou seu ciclo – revolução; socialismo; comunismo – ele sempre parou no regime ditatorial socialista regido por um poder central que faria o papel de salvador da nação para a divisão dos bens. Vide Rússia, China e Cuba.

Infelizmente, o homem em si ainda é um ser passível de corrupção. Toda uma ideologia é colocada abaixo pela ambição de um só. Um líder que usa da ideologia socialista e se diz promovedor da democracia quando, na verdade, quer empurrar um regime centralizado e opressor.

O que está acontecendo na Venezuela é uma repetição histórica, onde o povo liderado por um sábio político é levado a formação de um estado socialista, que usa da força para promover uma ideologia. Só que, como na Rússia, o homem que estava dominando tal país também usou da força, chegando a reprimir os próprios companheiros ideológicos por terem questionado o regime.

Por fim, a nação que seria do povo, acaba nas mãos de um só que não aceita ser criticado nem questionado, não tendo interesse em deixar a população dominar sua nação. O fato é que ele mesmo teme que a população domine o país, resolvendo parar na ditadura de falsa igualdade populista.

A questão de Hugo Chávez não ter renovado a concessão à RCTV, foi mais uma tentativa de calar os que questionam àquele regime. Era um direito? Sim. Chávez usou de meios legais não renovando o contrato com a emissora, mas qual seria o verdadeiro motivo de acabar com um meio de comunicação de massa? Por pior que fosse um canal ele não teria o “direito” de reprimi-lo. Ninguém pode chegar na casa de outro o trocar de canal. Isso é qualquer coisa, menos democracia. Quem decide é o povo.

O capitalismo e sua política imperialista liderado pelos Estados Unidos não é a salvação para a sociedade. A democracia, mesmo com suas falhas, ainda é uma saída. Sua completa liberdade de pensamento e expressão é um meio para se chegar à igualdade. “Democracia: dos males o menor”.

A questão é: até que ponto Chávez pode chegar para construir seu “neo-socialismo” com a desculpa de promover a igualdade e democracia para o povo? Calando? Reprimindo? Se ele não pensou duas vezes para calar uma emissora de TV que questionava sua política, o que ele fará com o povo futuramente quando este necessitar de liberdade para criticar o governo?

[Artigo Publicado no Jornal "A Folha", da Diocese de Caicó, ANO XXI, Nº 76, 16/06/2007]

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