sexta-feira, 1 de abril de 2011

Qual alimento buscamos?

Qual a diferença entre uma porção de batatas fritas ou uma pizza e um prato com arroz, feijão, bife e salada? Ambos não saciam a fome? Por que, muitas vezes, gostamos mais do primeiro e o buscamos em vez do segundo alimento?

Duas explicações podem surgir dessa procura. A primeira é que podemos não saber que, mesmo ambos saciando a fome, o segundo é mais nutritivo do que o primeiro e fortalece o organismo para passar mais tempo sem exigir outra alimentação. A segunda é que, mesmo sabendo, somos teimosos em ir para o mais saboroso e fácil de adquirir. Não queremos o esforço de preparar o primeiro e degustar o seu sabor menos “atraente”.

A nossa sociedade está em um caminho semelhante. Estamos buscando satisfações aparentemente mais “saborosas” e equivocadamente mais “nutritivas”. Porém, com essas, as necessidades humanas retornam de forma mais constante e intensa.

A droga, prostituição, corrupção ou qualquer outra prática má é reflexo de uma fome humana, de uma necessidade vital. O homem, qualquer que seja, não busca a bebida ou qualquer outra droga, sexo ou qualquer desrespeito ao outro, ou mesmo a busca desenfreada por bens materiais por ser essencialmente mal. Ele apenas tem fome.

Entretanto, que fome é essa? É, por acaso, uma necessidade meramente biológica ou material? A única necessidade que há no homem é a de sentido. Qualquer indivíduo, por mais rico ou sábio que seja, se não encontra sentido em sua vida, mais cedo ou mais tarde, se sentirá o pior de todos os viventes.

O “vício”, “pecado”, “crime” ou mesmo o menor dos erros é sempre uma troca injusta por algo que satisfaz, aparentemente e temporariamente, o homem. E ele busca-os como os alimentos considerados “não saudáveis”: ou porque desconhece o valor de algo mais nutritivo ou pelo fato de buscar o que é mais fácil e que não exige sacrifícios.

Cristo apresenta um alimento essencial para o homem. E ele o indica em si mesmo: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34). Fazer a vontade do Pai é realizar o sentido para o qual fomos criados. Obedecer à vontade daquele que nos criou é tornar real o objetivo de nossa existência.

Se queremos um exemplo de vida, um caminho ou sentido para a nossa existência, ele mesmo se apresenta a nós: “Sou eu, que estou falando contigo” (Jo 4, 26). Está em Jesus a realização da vontade do Pai, ele é a real e material Palavra de Deus. Seguir esse Verbo é garantia de sentido da vida.

Em Cristo está o alimento que o homem tanto procura e luta por obter. Ele é a água que não causa mais sede, porque sacia de forma plena. Já que em Cristo encontramos a humanidade de forma plena, ao nos aproximarmos dele também encontraremos a nossa humanidade.

Olhemos o exemplo daquela que sobe se fartar com esse alimento de vida. A jovem de Nazaré ficou “cheia de graça” quando disse “faça-se a Sua vontade”. Maria não procurou mais outra coisa no mundo a não ser fazer a vontade de Deus e é por isso que ela pode e deve ser chamada de ser humano que encontrou a plenitude da vida, ou mesmo santa.

“Quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede” (Jo 4, 14). É Cristo, Palavra de Deus, quem promete um sentido pleno para a nossa vida, um alimento que nos sacia de forma eterna. Com ele e nele nós não precisamos buscar mais a satisfação de outra necessidade, por grande que seja, porque encontramos a Palavra que, na afirmação de nossa humanidade, aponta para a ressurreição.

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