domingo, 6 de dezembro de 2009

Cristo Rei: Modelo e Guia

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Nossas relações sociais quase sempre são mantidas por um vínculo de poder autoritário. O homem, para demonstrar a sua força social, deseja continuamente um domínio sobre o seu próximo, fazendo com que o outro diminua e, somente aí, ele possa ascender. O crescimento pessoal, profissional, econômico e até “espiritual” é, em alguns, fundado na filosofia do “passar por cima”, utilizando o outro como degrau para a própria elevação.

O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), explica bem essa “vontade de poder” nas relações sociais. Toda a ação política centra-se, para ele, numa atitude contínua de dominação. Muitas pessoas têm a tendência a manifestar sua habilidade específica se pondo acima dos outros. Até mesmo as relações sociais quase sempre são mantidas sob um vínculo hierárquico que dificulta a interação entre as partes.

Entretanto, o filósofo Friedrich Hegel (1770-1831), critica essa relação quando pensa na “dialética do senhor e escravo”. Para o pensador alemão, o senhor só se sente senhor na presença de um escravo. Na verdade, é o escravo quem legitima, isto é , dá o poder ao seu senhor, já que se não existe servidão, não existe o senhor, em outras palavras, o patrão só existe por que há o trabalhador.

Numa estrutura de pensamento autoritária, todos perdem porque não há uma participação eqüitativa das pessoas no poder político, isto é, elas não participam de maneira a que cada uma possa interagir com uma habilidade e competência específica em função do bem comum. Quando há, porém, uma relação de poder arrogante, as partes perdem valor e ficam subordinadas a um poder central que manipula o caminhar político da comunidade em função de um bem particular.

Pensamos, muitas vezes, nas nossas autoridades como fontes inquestionáveis de poder e tendemos a obedecê-las cegamente ou rejeitá-las, questionando todas as suas atitudes. Com isso, esquecemos que o papel da autoridade é norteador, é para nos dar caminhos a serem seguidos. Esse “poder”, entretanto, possui uma carga de responsabilidade devido ao fato de que ela tem que responder por todas as suas atitudes, desde suas próprias ações até a dos que a ela obedecem.

Que nós saibamos ver no Cristo, rei dos céus e da terra, o verdadeiro modelo de autoridade. Ele mesmo afirma: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18, 37). Jesus quebra o paradigma, isto é, a concepção de valor já enraizada na sociedade, do líder como superior, para a idéia do guia, o modelo a ser seguido. A verdadeira autoridade de Nosso Senhor foi constituída a partir de seu próprio testemunho de vida, a ordem que ele dava era uma só: “Segue-me”.

Que Cristo possa fazer nascer em nós uma admiração profunda de sua pessoa. Que essa, porém, seja prática a partir do momento que olharmos para ele e virmos o resultado positivo de Suas ações. É nesse mesmo sentido que Jesus é “o alfa e o ômega” (Ap 1, 18), o princípio e o fim de toda a realidade existente. Seu modo de ser e agir devem ser uma força para as nossas ações e um modelo a ser seguido, e a divindade alcançada por Ele seja o fim último de nossas vidas.

Vejamos, portanto, em Jesus o verdadeiro guia de nossa existência. Ele soube construir um reino que “não é deste mundo” (Jo 18, 37) e ser uma grande autoridade por saber dar testemunho de sua mensagem e ser o único caminho correto para os que buscam um reino de alegria sem fim.
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[Artigo Publicado no Jornal "A Folha", da Diocese de Caicó, ANO XXI, Nº 183, 21/11/2009]

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