terça-feira, 17 de agosto de 2010

O novo pão


Diante de alguns problemas em nossas comunidades, quase sempre somos tentados a apontar a responsabilidade dos fatos ou para os indivíduos que sofrem ou para o contexto em que vivem. Mais do que uma “análise” sobre o problema, essa concepção reflete a nossa própria tentativa de isenção dos acontecimentos.

O homem tem fome de um sentido para a sua vida. Esse vai sendo buscado de várias formas, algumas que trazem verdadeira felicidade e outras que o desvia de um plano humanizador de sua personalidade dando a ele uma alegria passageira.

Os discípulos, ao verem a fome do povo tiveram a mesma postura que temos, queriam que aqueles homens saíssem e buscassem fora o alimento de que precisavam. O que eles tinham parecia não dar para alimentar tanta gente.

Cristo mostra uma solução que está além das respostas humanas e dos métodos racionais que geralmente queremos dar para nossos conflitos. A solução estava bem diante dos olhos deles, tinham em suas mãos a possibilidade de alimentar aquele povo, pois havia alimento, só faltava organização e uma divisão justa desses (cf. Lc 9, 14).

Sob a palavra de Cristo, aquele pão multiplica-se, torna-se acessível para todos os que ali estavam e para todos os que seguem essa mesma ordem: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Lc 9, 13). Somos nós, os seguidores de Jesus, os primeiros responsáveis em tornar possível essa realidade, em dar alimento e vida aos outros por meio da Palavra de Deus que, em Cristo, se torna caminho a ser seguido.

Com esse novo pão, não precisamos mais buscar fora o que está diante de nós, o que está dentro de nós. É dada uma nova responsabilidade, a de ser alimento para outras pessoas, de tornar-se pão, doando-se para a construção do Reino de Deus sob a luz daquele que foi o sacrifício pleno, o pão enviado do céu e que alimenta verdadeiramente o homem.

O “novo pão” faz com que a pessoa saia da postura de uma crítica distante de seu contexto para a de agente de transformação e santificação humana. Por meio de suas capacidades técnicas e racionais, ele passa a ser o principal responsável pelos conflitos que surgem, mas também o primeiro capaz de solucioná-los.

Que Deus também possa fazer crescer em nós o espírito de responsabilidade que nos torna aptos a sermos alimento e força em nossas comunidades. Que não mais projetemos a responsabilidade dos fatos para os outros nem somente para o contexto em que vivemos, mas nos sintamos capazes de saber retirar de nós mesmos o alimento que dá sentido às nossas vidas sendo também luz para os que estão ao nosso redor. Para isso, a Palavra de Deus, em Cristo, se torna esse novo alimento que fortalece o homem em sua caminhada para a plenitude da vida que se encontra em sua plena humanização.

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