sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sábado da XXV Semana do Tempo Comum

24 de setembro de 2011

“Eu venho habitar no meio de ti” (Ez 2, 14)

É equivocado pensarmos que Deus pode tudo. É errado por que ele não pode negar-se a si mesmo já que é realidade perfeita. E, como ele é Amor ele não pode deixar de realizar sua própria natureza.
Nesse sentido, o “mal” que surge no mundo é uma realidade de opção. Somos nós que escolhemos não amar a Deus, somos nós que optamos por não seguir a sua Palavra e o caminho que ela aponta. Aqui está a impotência do Amor, ele não pode contradizer-se a si mesmo.
Nós optamos por não amar a Deus quando invertemos – conscientes ou não – a realidade que optamos, optando pela criatura no lugar do criador, trocamos o meio pelo fim. O movimento contrário ao de olhar para a Suprema Perfeição é, evidentemente, o de olhar para a imperfeição. E não há nada que conhecemos de mais imperfeitos do que nós mesmos, já que somos os que mais conhecem essa realidade interior.
Porém, muitas vezes parecemos esquecer esse olhar interior e nos colocar como eixo para o qual tudo deve estar voltado. Queremos, muitas vezes, manter o domínio das situações, manipular pessoas, tiranizar reações e definir relações. Eu me torno um soberano de um mundo criado à minha própria projeção.
O profeta Zacarias apresenta um homem de domínio: ele quer conhecer a sua realidade e limitá-la por sua própria compreensão de mundo. Esse movimento reflete o próprio “ego-ismo”, o “eu” torna-se doente por que não consegue mais ver um mundo exterior ou a sua interação com ele.
Os discípulos, quando Jesus apresentou a realidade de sua paixão (cf. Lc 9, 44), não entenderam e tinham medo de perguntar. Não entendiam por que estavam confusos como domínio de seu próprio “eu”. Tinham medo de perguntar porque a resposta poderia descaracterizá-los, desfazer todo o “mundo” que eles tinham criado tendo a si mesmo como eixo definidor.
A realidade da Paixão de Cristo apresenta uma grande resposta ao nosso egoísmo. Deus se fez amor e quebra com um “eu” centrado em si mesmo e com um desejo de domínio.
A cidade sem muros (cf. Zc 2, 8) apresenta a imagem desse mesmo Deus que ama e, portanto, acolhe. Esse amor não pode ser quantificado ou qualificado. Ele é sempre capaz de acolher todo aquele que busca essa realidade que se faz presente, unifica e cria a possibilidade de comunhão.

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