sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Quarta feira da XXVI Semana do Tempo Comum

Quarta, 28 de setembro de 2011

“Manda-me a Judá, onde estão os sepulcros de meus pais,
para que eu possa reconstruí-la” (Ne 2, 5)

Não basta estar apenas diante do Rei, é preciso também que o nosso eu esteja realizado quando estamos em qualquer função. Uma vida sem dificuldade é uma existência inconsistente, mas uma vida sem sentido é uma história morta. Morta porque não há mais futuro para se realizar, morta porque o presente impede-nos de ser.
O profeta pede, portanto, ao Rei esse “tempo” para reconstruir a sua cidade, local onde ele foi constituído, gerado para ser homem. A sua cidade estava em ruínas e ele, vivendo em uma existência irreal, distante de sua essência. Era preciso reconstruir esse espaço por que ele, mesmo representando um tempo passado, o constitui e fala quem é.
Sim, é precisamos servir ao Rei, mas não como um objeto, como escravo, sou verdadeiro homem, sou livre. É preciso que, diante do Rei, não esteja uma peça manipulável, mas um sujeito histórico, que sofre, mas que cresce com a dinâmica da vida.
“Quanto tempo durará a viagem?” (Ne 2, 6). Até ao tempo de chegar naquela cidade e montar um posto para mim mesmo.
É preciso refazer as suas portas que foram queimadas pelo fogo. Sim, não há mais portas na minha cidade de origem. Foram destruídas pelo fogo. Mas, de onde vem esse fogo? De onde ele veio? Foram queimadas pelo desgaste do sol? Algum inimigo a incendiou para invadi-la? O motivo que iniciou a sua destruição eu ainda não sei. A única coisa que seu é que eu estava muito distante para impedir tudo aquilo.
Depois da destruição muita coisa aconteceu. Muitos entraram naquela cidade, cidade que é minha. Alguns saquearam seus bens mais valiosos, riquezas que conquistamos com luta, sacrifício, com o suor do nosso trabalho, esforço de nossos pais. O templo foi supostamente profanado, aquilo que tínhamos como sagrado foi transformado em objeto de interesse nas mãos daqueles que são indiferentes à minha fé.
E o mais doloroso de tudo: os túmulos de nossos pais está se tornando abrigo de animais. Eles, mesmo sem saber, desrespeitam a nossa história, fonte de toda a nossa educação. Aqueles que nos instruíram e deram dignidade à nossa vida estão entregues à ação de uns que não sabem o que fazem, pior que não tem consciência de quem são, vivem segundo instintos.
Sim, é preciso voltar. É preciso reconstruir primeiramente as suas portas. É preciso tempo, esforço para retirar tudo aquilo que não nos pertence, que nos nega. É preciso revitalizar os fundamentos de nossa existência.
Essa cidade é o meu coração... é a minha própria vida...

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